YouTube e Facebook podem adotar alerta sonoro “piii” para palavras proibidas nas transmissões online

Ao invés de remover conteúdos e perfis em suas plataformas, o YouTube e o Facebook poderiam adotar o sinal de “piii” para sufocar palavras que essas empresas de aplicação de internet consideram proibidas. A medida seria uma censura prévia, mas sem a necessidade de excluir posts e perfis das redes sociais.

A proposta acima é tão estapafúrdia quanto o poder público delegar a essas empresas privadas o poder de ditar o que pode e o que não pode ser publicado nas redes sociais. Nesse sentido, o barulho sonoro “piii” seria “menos” violento que a remoção compulsória sem aviso prévio.

O jornalista americano Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil e responsável pela Vaza Jato, que implodiu os crimes de Sergio Moro, disse que o Google excluiu um dos melhores e maiores veículos de mídia de esquerda no Reino Unido. Nenhum aviso ou explicação foi fornecido. Apenas apagou-o da existência. “Parabéns aos defensores da censura online: este é o sistema de repressão e silenciamento arbitrário que vocês criaram!”, criticou aos que defendem a remoção de conteúdo.

“Algumas pessoas da esquerda brasileira se convenceram de que, se você der o poder de censura aos monopólios corporativos ou ao estado, esse poder só será usado contra seus inimigos, mas nunca contra eles. Eu gostaria de saber onde esse mundo existe”, disse Glenn.

O Youtuber Monark [Bruno Aiub] disse que já estão chamando-o de perigoso e que, daqui a pouco, vão falar que suas opiniões matam, depois virá a censura. “É assim que vai funcionar.”

“Essa semana eu descobri que os brasileiros confiam nos bilionários americanos donos das redes sociais para adestrá-los em como se comunicar, e para controlar a praça pública digital a bel prazer. Depois eu que sou o lambe bola dos americanos”, asseverou Monark, que tem o canal Flow Podcast.

Economia

Monark disse que a censura prévia das redes sociais “vai dar merda” se a sociedade der “poder absurdo” aos donos das mídias sociais ditarem completamente o discurso público. “Não se esqueçam que esse filtro vai ser feito com algoritmos em uma eficiência estrondosa”, alertou.

Vários blogueiros e youtubers já realizam suas lives medindo palavras-chaves, se policiando, autocensurando frases, com medo da punição das empresas de aplicação na internet. São essas plataformas nas redes sociais que ditam o texto das publicações impondo uma ditadura prévia aos conteúdos.

A remoção do conteúdo do presidente Jair Bolsonaro pelo Facebook e Instragram –e mais tarde pelo YouTube, que, mais grave, baniu o perfil do mandatário– tem um efeito individual. No entanto, imagine a interferência dessas companhias estrangeiras durante as eleições de 2022.

Principalmente o Facebook e o WhatsApp, empresas do CEO Mark Zuckerberg, que têm um histórico de desserviço às democracias ao redor do mundo –inclusive no Brasil, quando foi eleito Bolsonaro em 2018 com ajuda de disparos de fake news em massa.

No Reino Unido, por exemplo, o Facebook esteve envolvido na fraude do plebiscito do Brexit –a saída da União Europeia, em 2016—por meio da Cambridge Analytica; também se envolveu na época no vazamento de dados a favor da eleição de Donald Trump.

Piii.

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