O empresário Renato Feder será o secretário da Educação de SP, anunciou o governador eleito Tarcísio Freitas (Republicanos). Feder, titular da pasta no Paraná nos últimos 4 anos, foi uma indicação do apresentador Ratinho, do SBT, pai do governador paranaense Ratinho Junior (PSD).
Renato Feder, empresário do ramo da tecnologia e de vendas online, sucateou a educação do Paraná em termos de recursos humanos e substituiu professores por televisores nas salas de aula, o que gerou protestos da comunidade escolar, sobretudo nas áreas técnicas.
A contratação de mão de obra intermediada por empresas e a compra de serviços de universidades privadas escandalizou o magistério, no entanto, isso não despertou o interesse do Ministério Público para investigar possíveis esquemas denunciados por parlamentares e educadores no estado do Paraná.
Após a reeleição de Ratinho Junior, o futuro secretário de SP, iniciou a privatização de 27 escolas em um projeto piloto que visa se expandir para todos os 2,1 mil estabelecimentos de ensino da educação básica do Paraná – até 2026.
Nesse primeiro lote de “privatização” – que também pode ser chamada de “terceirização”, “quarteirição”, “maracutaia”, “pircaretagem”, dentre outras denominações – o governador Ratinho Junior vai pagar R$ 200 milhões dos cofres públicos para empresas gerirem essas 27 escolas.
Bolsonarista fervoroso, Renato Feder foi quem implantou no Paraná as escolas cívico-militar – que serviram de cobaia para o frustrado projeto de poder do presidente cessante Jair Bolsonaro. Além da insuficiência pedagógica dos militares, no curto espaço de sua existência, houve uma explosão de casos de assédio nesses estabelecimentos de ensino, denúncias de desvios e fraudes. De acordo com os institutos de pesquisas, 70% confiam mais em civis na educação.
Nas imediações da sede da APP-Sindicato, no bairro Água Verde, na noite de sexta-feira (18/11), ouviu-se foguetório após vazar que Feder irá embora para São Paulo.
Embora a batata quente esteja sendo jogada nas mãos de educadores paulistas, que terão de lutar contra a privatização do sistema educacional, o maior do país, a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) poderá contar com a memória técnica da APP e da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) nessa empreitada.
O radicalismo contra o ensino público e sua devoção pelos negócios privados, pró-empresas, custou a Renato Feder, em 2020, o cargo de ministro da Educação. Ele chegou a ser cogitado para o cargo com a queda de Abraham Weintraub, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) se assustou com o currículo do moço indicado pelo apresentador Ratinho.
A título de curiosidade, Renato Feder, dono da Multilaser, foi quem contratou bandeirinhas contra a então presidente Dilma Rousseff (PT) nas manifestações do impeachment, em 2016.
Moral da história: o empresário Renato Feder é um “Weintraub” mais letrado, segundo educadores paranaenses ouvidos pelo Blog do Esmael.
Substituto de Feder no Paraná
O governador do Paraná, Ratinho Junior, pode escolher um ex-petista convertido ao bolsonarismo para ocupar a Secretaria de Estado da Educação (SEED), o ainda deputado federal Luizão Goulart (Solidariedade). Ele não foi reeleito em 2022.
Quando prefeito do município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, o então petista Luizão Goulart mereceu cuidados especiais dos governos Lula e Dilma.
Luizão chegou a ser considerado o prefeito mais popular do País, graças aos investimentos pesados do PT no município.
No entanto, essa não é uma história de lealdade mas sobre como a política realmente é.
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