PT acusa direita de usar mortos no Rio para atacar Lula

A direção nacional do PT acusa governadores de direita de montar palanque sobre corpos, na esteira da megaoperação no Rio que deixou mais de 120 mortos, para atacar o governo Lula e tentar recuperar narrativa após desgaste com anistia bolsonarista.

Para dirigentes petistas, lideranças conservadoras transformaram a tragédia em ativo político, instrumentalizando o luto das famílias e a dor nas comunidades.

A nota mais contundente veio do presidente do PT, Edinho Silva, ao afirmar que governadores “fazem comício sobre as lágrimas de centenas de mães que ainda não enterraram seus filhos”.

A crítica expõe a disputa pela pauta da segurança pública.

Após semanas defendendo anistia para golpistas de 8 de janeiro, governadores como Romeu Zema, do Novo em Minas, Jorginho Mello, PL em Santa Catarina, Tarcísio de Freitas, Republicanos em São Paulo, Ronaldo Caiado, União Brasil em Goiás, e Mauro Mendes, União Brasil em Mato Grosso, viram na megaoperação a chance de retomar protagonismo.

Em reuniões coordenadas por Zema e Jorginho, o grupo celebrou a ação no Rio sob comando de Cláudio Castro, PL, e criticou o governo federal.

O movimento, segundo auxiliares, tenta apresentar “linha dura” enquanto se afasta da sombra de Jair Bolsonaro, preso e condenado por trama golpista, segundo decisões judiciais.

A jogada, porém, exibiu contradições.

Enquanto Castro reclamava de apoio, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que o governador não solicitou ajuda institucional ao Palácio do Planalto.

A Polícia Federal também alegou que a operação não era razoável e optou por não participar.

Zema buscou vincular Lula ao crime organizado ao citar fala distorcida sobre usuários e traficantes.

Caiado acusou o PT de “complacência com o crime”, tentando colar no governo federal responsabilidade por décadas de abandono estatal no Rio, violência policial e avanço das facções, fenômenos acentuados em administrações conservadoras.

No entorno de Tarcísio, aliado do ex-presidente Bolsonaro, a ordem foi silêncio calculado.

O governador paulista tenta manter viabilidade nacional sem assumir o desgaste explícito da operação fluminense, anunciando ação policial no ABC sem mortos, em contraste com o cenário no Rio.

Em Brasília, Gleisi Hoffmann classificou a operação como “cena de horror” e cobrou investigação, inteligência e desmantelamento financeiro das facções.

A ministra reforçou a necessidade de aprovar a PEC da Segurança para integrar forças estaduais e federais, hoje fragmentadas.

A disputa revela estratégia dupla da direita: disputar o centro político e ao mesmo tempo dialogar com a base mais radicalizada, sem assumir a herança bolsonarista, que inclui intervenção federal fracassada no Rio em 2018 e retórica de violência com respaldo militar.

Dito isto, a segurança pública não pode ser plataforma de necropolítica.

Montar palanque sobre corpos é gesto de desumanização e oportunismo.

O debate sério exige transparência, inteligência, controle civil e políticas sociais.

Portanto, a democracia se mede pela forma como o Estado protege vidas, não pela contabilidade de mortos.

Continue acompanhando o Blog do Esmael para mais atualizações sobre a necropolítica, a política da morte no Rio.

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