STF analisa privatização da Celepar sob relatoria de Flávio Dino

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, assumiu a análise da ação que questiona a lei sancionada pelo governador Ratinho Junior (PSD-PR) autorizando a privatização da Celepar.

PT e PSOL pedem suspensão imediata da norma por entenderem que o Estado não pode abrir mão do controle sobre a infraestrutura que guarda dados sensíveis de milhões de paranaenses, sob risco à soberania digital e à segurança pública.

O precedente da Copel, quando aposta excessiva no STF terminou facilitando a venda da companhia, ronda o debate e acende sinal amarelo entre defensores da Celepar pública.

A Celepar opera mais de 5,8 mil serviços digitais de governo, incluindo saúde, educação, segurança e arrecadação.

São dados fiscais, biométricos, médicos, escolares, policiais. São vidas, destinos e direitos.

A petição sustenta que 98% da receita da estatal provém do próprio governo do Paraná, o que evidencia serviço essencial e função típica de Estado.

A privatização, dizem os autores, abriria a porta para a entrega da espinha dorsal tecnológica do poder público a interesses privados e, pior, a potenciais vazamentos e usos criminosos.

O movimento contrário à venda tenta evitar erro estratégico cometido na batalha da Copel.

Naquele caso, muitos militantes e parlamentares confiaram no então ministro Ricardo Lewandowski para segurar a estatal.

Porém, em 11 de fevereiro de 2023, em sua despedida da Corte, o magistrado homologou acordo de R$ 1,7 bilhão entre Itaú Unibanco e governo estadual, destravando obrigações financeiras e pavimentando a privatização da energética.

A decisão foi contestada pelo PT, mas funcionou como balde d’água fria na frente pró-Copel pública, e o resultado, meses depois, foram apagões e atendimento precário em crises climáticas.

O alerta agora é direto.

A base governista na Assembleia Legislativa aprovou a venda da Celepar em regime acelerado, e o Executivo busca concluir o modelo de desestatização enquanto a oposição tenta barrar juridicamente a operação.

Caso se repita o roteiro da Copel, a judicialização pode, ao invés de interromper, acelerar a entrega de ativos estratégicos.

A oposição no Paraná frisa que não está em jogo uma empresa qualquer, mas o cérebro digital do Estado.

Quem controla a Celepar controla identidade digital, prontuários, sistemas policiais, tributação, registros escolares.

Sem garantias constitucionais robustas, o risco é ver informações sensíveis de milhões de pessoas nas mãos de grupos privados, ou mesmo criminosos, sem transparência alguma.

O desfecho dependerá do voto de Dino e do colegiado.

A sociedade paranaense precisa pressionar pela transparência e pela manutenção do controle público sobre dados e serviços vitais.

Privacidade, democracia e soberania digital não podem ser terceirizadas.

A defesa da Celepar pública é defesa da cidadania.

Que a lição da Copel sirva para evitar novo salto no escuro.

Continue acompanhando esta história pelo Blog do Esmael.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *