O presidente Jair Bolsonaro insinuou várias vezes, na última quinta-feira (11/3), durante live semanal, que estaria disposto a um golpe de Estado para assegurar supostas liberdades individuais.
No entanto, a prisão de golpistas na Bolívia serve de alerta aos aventureiros no Brasil.
A ex-presidenta golpista Jeanine Áñez foi presa neste sábado (13/3) sob a acusação dos crimes de sedição, terrorismo e conspiração. Ela participou da deposição de Evo Morales, em 2019, que resultou na morte de 40 pessoas.
Voltemos às ameaças de Bolsonaro à democracia.
Por duas vezes, Bolsonaro disse na transmissão de quinta que seria fácil impor uma ditadura militar no País.
“Como é fácil impor uma ditadura no Brasil”, repetiu a ameaça duas vezes.
“Lembra daquele vídeo nosso que vazou?! [Vídeo] Que não era par ter vazado, mas o ministro Celso de Mello [do STF] falou que tinha que botar para fora, que eu havia interferido na PF [Polícia Federal]?! Viram primeiro que não havia interferência nenhuma, e, em dado momento, falei aquilo, é espontâneo: ‘como é fácil impor uma ditadura no Brasil’. Vou repetir: como é fácil impor uma ditadura no Brasil”, discursou o presidente, lembrando um vídeo da reunião ministerial vazado em abril de 2020.
O presidente Jair Bolsonaro estava visivelmente transtornado com a anulação das condenações do ex-presidente Lula. O petista agora está elegível para a disputa de 2022 e, segundo as pesquisas, vence o atual mandatário no 2º turno.
“Quanto mais atiram em mim, de forma covarde por parte da sociedade, mais estão enfraquecendo quem pode resolver a situação. Como é que posso resolver a situação? Eu tenho que ter apoio. Se eu levantar minha caneta Bic e falar ‘Shazam’, eu vou ser ditador. Vou ficar sozinho nessa briga? O meu exército que tenho falado o tempo todo é o povo. Sempre digo que eu devo lealdade absoluta ao povo brasileiro, e esse povo está em toda sociedade, inclusive o Exército fardado. A vocês eu devo lealdade, eu faço o que vocês quiserem, porque essa é minha missão como chefe de Estado”, insistiu Bolsonaro na ameaça.
A prisão dos golpistas bolivianos é um lembrete para os pelancas brasileiros de que, diferente de 1964, não haverá tolerância nem anistia a ataques à democracia.
A despeito de alguns extremistas na reserva, dificilmente as Forças Armadas irão se enfiar numa nova aventura antidemocrática em pleno século XXI.
A prisão dos golpistas da Bolívia é um marco para as democracias da América Latina.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.