O neoliberalismo desancanta os Estados Undos: socialismo ou barbárie?

Um excelente artigo de Patricia Cohen, no jornal New York Times, revala um certo desencantamento com o neoliberalismo à medida que os países ricos descobriram que o fetiche da globalização não passava de apenas um fetiche, uma fantasia, uma enganação. Nesse sentido, a crise na economia global desafia paradigmas e revela vulnerabilidades e impõe uma discussão de futuro: socialismo ou barbárie? [questionamento levantado pelo Blog do Esmael, evidentemente.]

Abaixo, o Blog do Esmael faz um apanhado sobre o texto ‘Por que parece que tudo o que sabíamos sobre a economia global não é mais verdade‘ publicado no americano New York Times. Há um ressentimento pelo fato de a China se apropriar de ferramentas capitalistas para desenvolver o socialismo:

Os últimos cinco anos têm sido marcados por uma série de eventos que colocaram em xeque tudo o que pensávamos saber sobre a economia global. Enquanto o mundo estava distraído com a pandemia, a guerra na Ucrânia e as tensões entre os Estados Unidos e a China, as perspectivas de prosperidade e interesses compartilhados tornaram-se cada vez mais incertos.

No passado, líderes empresariais e políticos reuniam-se em fóruns econômicos anuais para celebrar o crescimento global e a prosperidade. No entanto, um recente relatório do Banco Mundial alerta que quase todas as forças econômicas que impulsionaram o progresso e a prosperidade nas últimas três décadas estão desaparecendo. O resultado pode ser uma década perdida para o mundo inteiro.

Durante a pandemia, ficou evidente que a busca incessante pela integração econômica global e a redução de custos tiveram consequências graves. Profissionais de saúde ficaram sem máscaras e luvas, montadoras sem semicondutores, e compradores sem produtos essenciais. A ideia de que o comércio e os interesses econômicos compartilhados impediriam conflitos militares foi desmentida pelos acontecimentos na Ucrânia.

Além disso, os crescentes desastres climáticos destruíram colheitas, causaram migrações em massa e interromperam a produção de energia. Ficou claro que a mão invisível do mercado não é capaz de proteger o planeta.

Economia

Agora, em meio à guerra na Ucrânia e à luta contra o crescimento fraco e a inflação persistente, questões sobre o futuro da economia global estão sendo debatidas. A globalização, vista como uma força imparável, está se transformando de maneiras imprevisíveis. O afastamento de uma economia mundial integrada está se acelerando, e como devemos responder a essas mudanças é motivo de discussão acalorada.

Desde antes da pandemia, países ricos já demonstravam frustração em relação ao comércio internacional, acreditando que isso prejudicava seus empregos e padrões de vida. O colapso financeiro de 2008, a saída do Reino Unido da União Europeia e a guerra comercial entre Estados Unidos e China foram apenas alguns dos eventos que revelaram as fragilidades do sistema econômico global.

A pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia aceleraram as tendências que levaram ao afastamento da globalização. A confiança nos mercados abertos, comércio liberalizado e eficiência máxima está abalada. A sensação de triunfalismo que prevalecia após o colapso da União Soviética, com a queda do comunismo sendo chamada de “o fim da história”, deu lugar a um desconforto crescente.

A globalização, que antes era vista como uma força positiva e inquestionável, agora está sendo reavaliada e questionada. A dependência excessiva de cadeias de suprimentos globais e a busca incessante por eficiência levaram a vulnerabilidades significativas. A crise da pandemia expôs a fragilidade dessas cadeias, com interrupções na produção e distribuição de bens essenciais.

Além disso, a crise na Ucrânia destacou a vulnerabilidade das relações econômicas internacionais diante de tensões geopolíticas. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia teve impactos diretos nas economias globais, levando a um aumento nos preços do gás natural e criando incertezas nos mercados financeiros. Esses eventos demonstraram que os interesses econômicos nem sempre podem evitar conflitos e crises políticas.

Diante desses desafios, surgem perguntas sobre como devemos repensar e reestruturar a economia global. É necessário encontrar um equilíbrio entre a integração econômica e a resiliência nacional. A busca por eficiência e redução de custos deve ser equilibrada com a diversificação de fornecedores e a promoção de capacidades internas de produção.

Além disso, a crise ambiental também desafia os paradigmas econômicos tradicionais. A mudança climática e os desastres naturais representam uma ameaça real para a estabilidade econômica global. É essencial repensar os modelos de crescimento econômico que negligenciam a sustentabilidade e considerar soluções mais responsáveis ambientalmente.

Outro aspecto importante a ser considerado é a desigualdade. A crise revelou disparidades profundas entre os países e dentro deles. Enquanto algumas nações têm recursos e capacidades para se recuperar rapidamente, outras enfrentam dificuldades enormes. É fundamental abordar as desigualdades econômicas e sociais de forma abrangente para construir uma economia global mais justa e resiliente.

A crise na economia global está desafiando paradigmas estabelecidos e revelando vulnerabilidades que antes passavam despercebidas. Agora, mais do que nunca, é necessário repensar as bases do sistema econômico global, considerando questões como resiliência, sustentabilidade e igualdade. Somente por meio de uma análise crítica e da busca por soluções inovadoras poderemos construir uma economia global mais estável e preparada para enfrentar os desafios do futuro.

Dito isso tudo, as nações mais ricas do mundo estão numa encruzilhada e muito em breve elas terão de escolher entre socialismo ou barbárie. E, a princípio, a China está melhor aparelhada para essa discussão estratégica.

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