O bicho da inflação de volta, por Enio Verri

Por Enio Verri*

Nesta semana, um dos temas que tomou o noticiário, e tem se tornado uma das principais preocupações das pessoas é a inflação. Mas não aquela discussão de números e índices, e sim a alarmante escalada dos preços de itens básicos do dia a dia de brasileiros e brasileiras.

E o Paraná tem registrado índice acima da média nacional. O índice oficial da inflação medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de agosto com crescimento de 0,58% no nosso Estado. Enquanto que a média nacional foi de 0,41%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A capital paranaense Curitiba registrou, em julho desse ano, a maior inflação do Brasil, com o índice geral de 1,60%, acima da média no país, de 0,96%.

A alta foi puxada principalmente com os gastos na habitação, com alta de 4,04%. E ainda, em itens da cesta básica, com inflação de 2,16%. O consumidor sentiu a alta maior no preço do tomate, leite, frango e carne. Mas vestuário, com 1,42%; transporte, com 1,32%; pesaram muito no bolso do consumidor. Sem falar na conta de luz, que nesse mesmo mês teve reajuste tarifário chegando a 11,34% em Curitiba.

No Brasil, a população tem sofrido para fechar o orçamento mensal da família. A cesta básica, o litro da gasolina, o gás de cozinha e a conta de luz dispararam em todo território nacional. O índice da inflação acumulado em 2021 chegou a 4,76%. Em 12 meses, marca 8,99%. Os custos que mais puxaram a alta da inflação são justamente os que pesam para a população mais pobre.

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Essa inflação mostra o quanto estamos em um período de agravamento da crise econômica, vendo o Brasil de volta ao mapa da fome, vendo preços subirem semana após semana, muito em razão da incompetência na política econômica do país. Como um pai ou uma mãe de família assalariados pode manter a compra da cesta básica, o aluguel, a conta de luz, o gás de cozinha com o custo absurdo como está? Faltou planejamento, faltou ação do governo.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou o preço dos alimentos mais impactados nos últimos meses são o óleo de soja, 90% mais caro; a carne bovina, com alta de 38%; e o arroz, com preço maior em 48%. Mesmo com aumentos exorbitantes, a energia elétrica tem sido uma grande vilã da inflação. Já tivemos reajuste de 52% no preço da conta de luz.

Manter o automóvel também tem sido um desafio. E, com o último aumento anunciado pela Petrobras, o preço da gasolina já acumula nove altas no ano. De janeiro a agosto de 2021, a gasolina soma reajustes de 51% no seu valor. E chega a custar em média R$ 6, mas é vendido a R$ 7 o litro em algumas cidades brasileiras.

Os sucessivos reajustes no preço do combustível geram efeito cascata, porque impacta nos preços de todas as mercadorias, por conta do transporte, por exemplo. O que deixa os preços ao consumidor muito mais caros e aprofundam ainda mais a crise social que atinge, principalmente, as famílias mais pobres, as afetadas pelo desemprego, perda de renda e pela redução dos salários.

O que é lamentável é que a Petrobras teve um lucro de R$ 42,85 bilhões no segundo trimestre de 2021. A Petrobras divulgou, ainda, que irá distribuir antecipadamente a quantia de R$ 31,6 bilhões em dividendos para os seus acionistas.

Enquanto acionistas comemoram, o consumidor não aguenta mais. Muitos estão vendendo seus carros. Os que vivem em situação de pobreza estão deixando de usar o gás de cozinha, e correndo riscos ao cozinhar até com álcool. É triste ver o país mergulhado nessa crise e o governo agir como se estivesse tudo bem. Não está! É preciso voltar com políticas sérias de distribuição de renda e apoio a economia popular. Cortar direito trabalhista ou criar polêmica não melhora crise.

*Enio Verri, deputado federal (PT-PR) e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).