O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sempre teve um apetite por atenção e, por isso, tem se aproveitado do momento em que foi chamado de criminoso em potencial para arrecadar dinheiro, promover sua campanha e reduzir o caso a um espetáculo de tirar o fôlego. Mesmo com um grande júri o chamando de criminoso em potencial, ele continua a enviar e-mails de arrecadação de fundos com manchetes chamativas que seus concorrentes políticos evitariam.
Ele até mesmo anunciou publicamente que arrecadou US$ 4 milhões, mais de 20 milhões de reais, para sua campanha nas 24 horas seguintes à sua acusação. Ao invés de se esconder da indignidade de se entregar às autoridades, Trump gentilmente enviou um cronograma, deixando todos saberem que iria se entregar na terça-feira (4/4) e planejando fazer uma declaração noturna no horário nobre em Mar-a-Lago [Flórida].
Apesar de qualquer advogado de defesa preferir que Trump fique quieto, ele já destruiu o promotor e o juiz do caso e certamente continuará a fazê-lo. Ao tratar o caso como um espetáculo, ele pode desacreditá-lo, ao menos aos olhos de seus próprios apoiadores. Ele o enquadra como apenas mais um drama Trumpiano em uma vida cheia deles, o último suspense do reality show – ele escapará ou seus inimigos o pegarão?
No entanto, a necessidade de Trump pelos holofotes pode afastá-lo de outras questões importantes, como a crise nuclear com a Rússia na Ucrânia, a prisão de um repórter americano em Moscou, a visita do presidente de Taiwan aos Estados Unidos e o alerta sobre a crescente convergência de um eixo hostil sino-russo-iraniano.
Trump e o caso Fox News
Desde que deixou a presidência dos Estados Unidos, Trump tem sido figura constante nas manchetes dos principais jornais do mundo. Acusado de diversas irregularidades durante seu mandato, o ex-presidente republicano tem sido alvo de investigações e processos judiciais.
No último mês, o ex-presidente foi indiciado criminalmente em Nova York, sob acusação de fraude fiscal e de seguros, crimes que teriam sido cometidos por sua empresa, a Trump Organization, por mais de uma década. O processo envolve também outros executivos da empresa, incluindo seu filho, Donald Trump Jr.
Ao mesmo tempo, a Fox News, emissora de TV que foi uma das principais aliadas de Trump durante seu mandato, também enfrenta problemas na Justiça. A empresa foi condenada a pagar uma multa milionária por desrespeitar leis trabalhistas nos Estados Unidos, o que representa um duro golpe em sua reputação.
Esses casos envolvendo Trump e a Fox News são um exemplo de como a Justiça pode agir investigando e julgando crimes e irregularidades, independentemente da influência política ou econômica dos envolvidos.
Portanto, respeitável público, o show de Trump não para nas vésperas das eleições à Casa Branca em novembro de 2024. Que o exemplo de lá sirva para o semelhante caso daqui, no Brasil.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.