Hoje, 19 de abril, é o Dia dos Povos Indígenas, uma data que deveria ser celebrada com respeito e reconhecimento à cultura e história dos povos originários do nosso país. No entanto, no Paraná, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) decidiu homenagear o agronegócio nas telas educativas das salas de aula, o que gerou uma forte indignação entre professores e alunos.
De acordo com um professor da rede pública de ensino que preferiu manter o anonimato, a homenagem ao “agro” nas telas educativas é uma aberração cultural, que desrespeita não só os povos indígenas, mas também a luta por um meio ambiente saudável e sustentável. Ele enviou fotos da tela de abertura das salas de aula ao Blog do Esmael, protestando contra a atitude da SEED.
As telas educativas, que segundo a SEED servem como uma “janela para o mundo”, exibiram uma homenagem ao agronegócio em pleno Dia dos Povos Indígenas, o que causou um grande mal-estar entre a comunidade escolar. Afinal, a ideia de uma sociedade plural e democrática pressupõe o respeito e a valorização das diversas culturas que compõem o nosso país.
“Ele voltou! Concurso Agrinho”, diz o anúncio nas telas, que são como TVs, cuja publicidade também é assinada pela Federação da Agriculta do Paraná (FAEP) e Sindicato Rural.
A atitude da SEED demonstra a falta de sensibilidade e de empatia dos gestores da educação pública do Paraná, que deveriam estar comprometidos com a formação integral dos alunos e com a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Em vez disso, optaram por exibir uma homenagem ao agronegócio, que em muitos casos é responsável pela degradação ambiental e pela violação dos direitos dos povos indígenas.
O Dia dos Povos Indígenas deveria ser uma oportunidade para refletirmos sobre a nossa história e sobre a necessidade de construirmos relações mais respeitosas e solidárias com os povos originários do nosso país. Infelizmente, a atitude da SEED revela que ainda temos um longo caminho a percorrer para alcançarmos essa meta.
O que são as telas educatron
As telas educatron são, como define a SEED, uma janela para o mundo. “Além de abrir conteúdos multimídia, ele permite, por exemplo, chamar um professor de Portugal para falar sobre História” – além, é claro, de exibir bizarrices ideológicas e provocações que contrariam a ideia de uma sociedade plural e democrática.
Esses equipamentos eletrônicos, que lembram uma tela de televisão, substituíram as antigas “TVs Laranjas” da época do governo Roberto Requião (PT). As educatrons estão presentes nas 2,1 mil escolas da rede pública estadual e abrangem cerca de 1 milhão de pessoas em todo o Paraná, entre alunos, professores e funcionários.
Sobre os Povos Indígenas
Os povos indígenas são as populações originárias que habitavam o Brasil muito antes da chegada dos europeus em 1500. São cerca de 900 mil indivíduos que vivem em mais de 300 etnias e falam mais de 270 línguas distintas. Eles têm uma cultura rica e diversa, que inclui tradições, crenças, costumes e conhecimentos ancestrais que foram passados de geração em geração.
Infelizmente, os povos indígenas foram alvo de séculos de violência e opressão, que incluíram a escravização, a expulsão de suas terras e a tentativa de assimilação forçada pela cultura dominante. Esses processos geraram um grande impacto nas comunidades indígenas, que sofrem até hoje com a perda de territórios, a violação de seus direitos e a exclusão social.
Hoje, a luta pelos direitos dos povos indígenas é um tema central do debate público no Brasil e no mundo. As organizações indígenas e os movimentos sociais têm lutado para garantir o respeito à sua cultura, à sua identidade e ao seu modo de vida, bem como para exigir a demarcação de suas terras e o reconhecimento de sua autonomia política.
A proteção e a promoção dos direitos dos povos indígenas é uma responsabilidade de toda a sociedade brasileira. Devemos reconhecer e valorizar a diversidade cultural e étnica do nosso país e garantir que os povos indígenas tenham seus direitos humanos básicos respeitados e protegidos, incluindo o direito à vida, à terra, à saúde, à educação e à cultura.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.