Militares bolsonaristas tentam manter cabides e boquinhas na Itaipu Binacional, enquanto Lula não define nova direção na empresa

A Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, é uma festa para os militares remanescentes do bolsonarismo e para o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), que é o beneficiário dessa zorra total. Essa poderia perfeitamente ser a introdução de um romance do escritor americano Ernest Hemingway, autor do best-seller “Paris e uma festa”, se não fosse a tragédia por trás dessa história real envolvendo a segunda maior usina do planeta.

Embora a vida possa imitar a arte, esse enredo cuja personagem central é a Itaipu Binancional, na tríplice fronteira, carrega a gravidade de crimes administrativos tipificados no Código Penal Brasileiro – tais como mamatas, cabides de emprego, boquinhas e farra com o dinheiro público [de todos nós, contribuintes] -, que maculam os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

De acordo com documentos obtidos pela CNN, militares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão se articulando para manter postos e influência no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A usina hidrelétrica de Itaipu, que, na prática, foi remilitarizada durante o governo de Bolsonaro e cujo comando tem tomado decisões que podem dificultar a eventual substituição de sua cúpula.

Enquanto o presidente Lula não substitui a direção-geral em Itaipu, a farra nos convênios seguem livres, leves e soltos como se a empresa fosse a casa da Mãe Joana.

A usina de Itaipu é a maior do país e a segunda maior do mundo. Localizada na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, foi projetada e construída entre 1970 e 1982, durante os governos militares dos generais Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Em 2023, a empresa celebra 50 anos da assinatura do tratado que deu origem à construção da hidrelétrica.

A tentativa de manutenção da influência militar ocorre de diversas maneiras, incluindo a distribuição de recursos da companhia para a região e o governo do Paraná mediante a assinatura de aditivos contratuais e convênios; aprovação de regras que estabelecem benefícios internos e dificuldades de promoção; nomeações de nomes alinhados a cúpula para novos cargos; reinauguração do escritório de Brasília em um dos endereços mais caros da capital federal e indicação do Conselho Fiscal do fundo de pensão da empresa.

Economia

Desde que assumiu o cargo, há um ano, o almirante Anatalicio Risden Junior é o diretor-geral de Itaipu. Ele é da Marinha, e é a Força que passou a dominar os postos estratégicos da binacional. A Força também tradicionalmente tem postos-chave na área de energia no Brasil.

A CNN também levantou que foram assinados pelo menos R$ 644 milhões em contratos, sendo R$ 190 milhões em convênios e R$ 450 milhões em aditivos contratuais. A maior parte desses recursos é voltada para obras de municípios da região, uma das marcas da gestão Itaipu sob Bolsonaro.

Por ser uma binacional, Itaipu não se submete a fiscalização do Tribunal de Contas da União. Mas há controversia sobre esse status de “principado” na estatal de energia, qual seja, essa farra poderá ser anulada a qualquer tempo pelo próximo gestor, se houver interesse político.

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