Lula e Ratinho travam luta política pela ponte Brasil-Paraguai

Lula e Ratinho Junior travam uma luta política aberta pela ponte que liga o Brasil ao Paraguai, em Foz do Iguaçu, obra estratégica da fronteira que virou palco de disputa por protagonismo e narrativa às vésperas de 2026. O presidente da República participa nesta sexta-feira (19) da cerimônia oficial de abertura da Ponte Internacional da Integração, encerrando uma tentativa frustrada do governo estadual de antecipar a entrega sem o aval federal.

A investida do governador Ratinho Junior (PSD) naufragou após intervenção técnica do DNIT e da Polícia Rodoviária Federal, que barraram a liberação da Perimetral Leste por falta de sinalização e de dispositivos de segurança. O recuo expôs a fragilidade política da manobra e abriu caminho para o Planalto assumir o comando da inauguração.

A ponte integra o Novo PAC e é considerada estratégica para a logística regional e o fortalecimento das relações no Mercosul. Com 760 metros de extensão sobre o Rio Paraná, ela conecta Foz do Iguaçu a Presidente Franco, no Paraguai, e terá liberação gradual do tráfego. Nesta primeira fase, apenas caminhões sem carga poderão circular nos dois sentidos.

O investimento total do empreendimento chega a R$ 1,9 bilhão, em arranjo institucional que envolveu os dois países. No lado brasileiro, a obra foi financiada pela Itaipu Binacional, com execução acompanhada pelo DNIT e participação do governo do Paraná. Também serão entregues os acessos, a nova Aduana Brasil-Paraguai e estruturas de fiscalização da Receita Federal e da Polícia Federal.

O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), e o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, participam da solenidade ao lado do presidente Lula (PT). A presença de Lula consolida o Planalto como fiador político da obra e esvazia a tentativa do Palácio Iguaçu de reescrever a autoria do investimento.

A disputa ganhou contornos públicos depois que um secretário do governo estadual afirmou que o governo Lula não teria contribuído com recursos para a ponte. A reação foi imediata. Enio Verri e o presidente estadual do PT, o deputado Arilson Chiorato, divulgaram documentos e relatórios que comprovam o financiamento integral da ponte e da Perimetral Leste com recursos da Itaipu, sob orientação direta do governo federal.

“A verdade que todos devem saber é que foram recursos da Itaipu e do Governo Federal que tornaram possível essa obra”, afirmou Arilson. Segundo ele, há uma tentativa deliberada de esconder o papel do governo Lula na entrega de um dos maiores investimentos logísticos da história recente do Paraná.

A obra encerra uma espera de mais de três décadas. As tratativas diplomáticas para a construção da segunda ponte entre Brasil e Paraguai começaram há 33 anos. Até agora, cerca de 400 caminhões por dia cruzam a fronteira exclusivamente pela Ponte da Amizade, inaugurada há seis décadas. Com a nova ligação, o fluxo será redistribuído gradualmente, aliviando gargalos históricos na tríplice fronteira.

No pano de fundo, a luta pela ponte antecipa o clima eleitoral. Ratinho Junior tenta se projetar nacionalmente como alternativa da direita para 2026, enquanto Lula reforça sua presença no Paraná com obras estruturantes e discurso de integração regional. Na fronteira, a engenharia virou política, e a política decidiu quem segura a tesoura.

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