Lula e Zelensky se reúnem em Nova York sob o signo da desconfiança mútua

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu homólogo da Ucrânia, Vladimir Zelensky, se reúnem nesta quarta-feira (20/9) em Nova York sob o signo da desconfiança mútua enquanto enfrentam divergências marcantes no que tange à solução da guerra imposta pela Rússia à Ucrânia.

Este encontro paralelo à 78ª Assembleia Geral da ONU será inédito, pois representará o primeiro diálogo presencial entre os dois líderes, ampliando a compreensão sobre a dinâmica das relações diplomáticas entre Brasil e Ucrânia.

Em um contexto internacional marcado por tensões e complexidades, é crucial compreender as divergências geopolíticas entre Lula e Zelensky.

Lula, próximo do presidente russo Vladimir Putin, condena a invasão territorial da Ucrânia, porém, adota uma postura menos dura do que os Estados Unidos e seus aliados próximos.

O Brasil negou a venda de equipamento militar para os ucranianos e não apoia as sanções econômicas contra a Rússia.

O presidente Lula condenou veementemente a invasão russa à Ucrânia, destacando sua preocupação com a violência e a instabilidade na região.

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No entanto, sua postura de condenação não se traduziu em medidas de pressão significativas contra a Rússia.

Em vez disso, Lula enfatizou a importância do diálogo e da negociação para buscar uma solução pacífica para o conflito.

Essa abordagem reflete a tradição diplomática brasileira de buscar soluções pacíficas para conflitos internacionais.

A postura do Brasil foi refletida no discurso de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU, quando ele afirmou que a guerra da Ucrânia escancara a incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU.

“Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz”, cobrou o presidente brasileiro, ao dizer que nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.

“Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações. Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento”, continou o presidente Lula.

Segundo Lula, no ano passado os gastos militares somaram mais de 2 trilhões de dólares enquanto as despesas com armas nucleares chegaram a 83 bilhões de dólares, valor vinte vezes superior ao orçamento regular da ONU.

Por sua vez, o presidente Zelensky tem adotado uma postura mais enérgica em relação à Rússia.

Ele busca o apoio internacional para enfrentar a agressão russa e tem solicitado ajuda militar e sanções econômicas contra a Rússia.

Zelensky acredita que o Brasil poderia desempenhar um papel mais ativo no fim do conflito, e essa expectativa tem sido um ponto de tensão nas relações bilaterais.

As tentativas de encontro entre Lula e Zelensky foram marcadas por desafios logísticos e diplomáticos.

Em maio, durante a cúpula de chefes de Estado do G7 no Japão, Zelensky tentou um encontro presencial com Lula, mas o governo brasileiro demorou a responder, e a reunião não se concretizou.

Em março, os dois líderes conversaram por videoconferência, e Zelensky convidou Lula para visitar Kiev, obtendo uma resposta positiva, mas condicionada a um “momento adequado”.

Nesse ínterim, o assessor especial para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, visitou a Ucrânia para estreitar os laços bilaterais.

Os momentos mais críticos nas relações entre os presidentes do Brasil e da Ucrânia ocorreram em maio e agosto.

Em maio, Lula afirmou que Zelensky e Putin compartilhavam a mesma culpa pela guerra, gerando desconforto diplomático.

Em agosto, Zelensky alegou que Lula não compreendia o mundo e reproduzia o discurso de Putin. Esses atritos ressaltam a complexidade das relações entre ambos.

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Uma resposta para “Lula e Zelensky se reúnem em Nova York sob o signo da desconfiança mútua”

  1. O Brasil deveria seguir sua tradição diplomática. Sem entrar no mérito se o Presidente Lula falou ou não besteira, mas, sem diálogo e sem a vontade de ambos, não haverá paz. Os apoiadores de Zelensky, como EUA, França, Alemanha e outros países que sedem armamanto, não busca a paz e si o aumento do conflito e até arrisco em dizer, lucra com a guerra.
    Com relação a Putin, ele deveria repensar, e por a mão na consciência se a tiver. Pois já vitimou milhares de pessoas de ambos os lados da guerra e muitas são inocentes. Como disse Lula, a ONU já não está mais servindo para nada em um bom e claro português.

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