Lula agora é “Mr. Lula” no New York Times, antes era “Mr. Lula da Silva”

O maior jornal do mundo – New York Times – trocou sua forma de tratamento para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de 40 anos.

A publicação americana entendia “Lula” como apelido e por isso registrava seu nome como “Mr. Lula da Silva”. No entanto, após a eleição de 2022, o jornalão decidiu se referir ao presidente eleito brasileiro como “Mr. Lula”.

O New York Times tem ojeriza a apelidos, por isso tratava Lula como “Mr. Lula da Silva”, porém, a partir de agora foi convencido de que Lula é sobrenome oficial do presidente eleito.

Lula é apelido que Luiz Inácio ganhou entre colegas de metalurgia, no início dos anos 80, que acabou incorporando ao próprio nome “Luiz Inácio da Silva”.

“Depois de 34 anos, The New York Times não vai mais se referir a Lula como “Mr. da Silva”, anunciou na quinta-feira (10/11), o chefe da sucursal do “New York Times” no Brasil, Jack Nicas.

Pelo Twitter, o jornalista informou que, “depois de muita discussão interna”, foi decidido que o jornal vai se referir a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito para um terceiro mandato no Brasil, como “Mr. Lula”.

Economia

A seguir, veja como o mundo vê o Brasil na transição para o governo Lula:

New York Times

Reportagem no New York Times, na página 4, mostra que a vitória de Lula ainda não foi digerida por Bolsonaro e seus apoiadores. O Brasil contou todos os seus votos em horas. Ainda enfrenta alegações de fraude. “Um relatório dos militares não encontrou fraude eleitoral – mas deixou espaço para os apoiadores de Bolsonaro argumentarem que talvez ele realmente tenha vencido”, escreve o  correspondente Jack Nicas

“No relatório, os militares disseram que não encontraram evidências de quaisquer irregularidades. Ele também disse que a natureza do sistema de votação totalmente digital do Brasil significava que não poderia descartar decisivamente um cenário específico de fraude”.

Frankfurter Allgemeine Zeitung

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung também fala sobre a posição do Ministério da Defesa que está a agitar bolsonaristas inconsoláveis pela derrota do líder da extrema-direita brasileira. Sem trapaças, mas ainda há espaço para dúvidas é o título do relato de Tjerk Brühwiller. “O exército brasileiro não encontrou evidências de fraude eleitoral. No entanto, seu relatório fornece munição aos apoiadores radicais de Bolsonaro”, alerta o correspondente.

Financial Times

Já o Financial Times informa que Lula busca mudança constitucional no Brasil para financiar promessas de campanha. “O presidente eleito enfrenta seu primeiro grande teste político ao tentar contornar os limites de gastos”, detalha. “Enquanto estava em campanha, o veterano de esquerda prometeu aumentar o salário mínimo, criar uma nova bolsa para famílias pobres com filhos menores de seis anos, além de manter o principal pagamento da assistência social em R$ 600 (US$ 110) a partir de janeiro. Pelas regras  orçamentárias atuais, o pagamento deve cair para R$ 405”.

Segundo Bryan Harris“Lula tem pouco espaço de manobra com grande parte do orçamento do próximo ano já destinado pelo Congresso e pelo atual governo de Jair Bolsonaro. Ele é ainda mais limitado pelo teto de gastos constitucionalmente exigido pelo Brasil, conhecido como teto, que limita os aumentos orçamentários à inflação”.

Clarín

O argentino Clarín repercute a reação do mercado financeiro brasileiro às declarações do presidente eleito sobre o reforço nos programas sociais: Lula propôs aumentar os gastos públicos e o dólar disparou e a bolsa caiu no Brasil. “Ele criticou o limite legal de gastos fiscais e rejeitou novas privatizações”, detalha o jornal. “A bolsa reagiu com quedas de 3% e uma alta de 3,5 da moeda”.

Página 12

Página 12 traz duas reportagens sobre a cena política brasileira. Na primeira, o correspondente Dario Pignotti informa sobre a possibilidade de dois filhos de Bolsonaro emigrarem para a Itália. “Senador Flávio e deputado Eduardo solicitam cidadania italiana”, resume. O jornalista descreve que, “enquanto reina o silêncio do presidente derrotado nas urnas, Lula da Silva trabalha na transição após o desembarque em Brasília”. Na outra matéria, o P12 diz que Lula convocou a irmã de Marielle Franco para atuar na transição de governo. “Anielle fará parte do grupo responsável pela área feminina”, reporta. 

El País

O espanhol El País destaca a decisão da Justiça brasileira de silenciar dirigentes bolsonaristas por desinformação. E ainda informa que Lula se reúne em Brasília com os chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário enquanto a transição avança, embora alguns protestos golpistas persistam.

“A ressaca eleitoral no Brasil acontece em vários planos dez dias depois de Luiz Inácio Lula da Silva derrotar por pouco o presidente Jair Bolsonaro”, relata Naiara Galarraga Gortázar“No nível institucional, a transferência de poderes normalmente segue o que a lei dita. Lula se reuniu nesta quarta-feira em Brasília com os chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário. Mas o bolsonarismo continua insatisfeito e agitado; online e na rua”.

Diário de Notícias

Já o português Diário de Notícias informa sobre a emotiva declaração do líder da esquerda brasileira, ontem, ao falar a congressistas. Lula chora ao falar de combate à fome. “Em discurso durante visita à equipa de transição do seu governo, o presidente eleito do Brasil emociona-se ao falar da ‘sua missão de vida’. Lula falava de combate à fome – que afeta 33 milhões de compatriotas – quando se comoveu. “Se quando eu terminar este mandato, cada brasileiro estiver tomando café [pequeno almoço], estiver almoçando e estiver jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da vida”, disse.

Em outra reportagem, o jornal lusitano relata a declaração do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, pedindo urgente cooperação contra a seca e manifestando esperança em Lula. Ele primeiro-ministro salientou a urgência da cooperação internacional contra a escassez de água e a seca, num discurso em que saudou a posição do presidente eleito do Brasil em defesa da floresta da Amazónia.

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