Irã condena ataques dos EUA na região do Oriente Médio

O Irã expressou forte condenação aos ataques aéreos dos Estados Unidos em locais no Iraque e na Síria, vinculados a suas forças militares e milícias apoiadas por eles. O Ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, afirmou que tais ataques são um “erro estratégico” que desestabilizará a região.

Em uma reunião com um representante da ONU em Teerã, Amir Abdollahian criticou décadas de esforços americanos para resolver questões através da força militar. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, os ataques foram considerados “outro erro estratégico do governo americano”, prevendo que aumentariam as tensões na região.

O Hezbollah, aliado próximo do Irã, afirmou que os ataques indicam o desejo dos Estados Unidos de expandir o conflito, não contê-lo. A organização declarou que tais ações fortalecerão a determinação de Iraque e Síria em “libertar seus países da ocupação americana”.

O Irã, que financia e arma uma rede de milícias conhecida como o Eixo da Resistência, se opõe à influência americana e israelense na região. O grupo conhecido como Resistência Islâmica no Iraque, alinhado ao Irã, foi responsável por um ataque com drone a uma base dos EUA na Jordânia, resultando na morte de três soldados americanos, conforme a inteligência dos EUA.

Enquanto os Estados Unidos acusam um membro do grupo Kata’ib Hezbollah pelo ataque letal com drone, o grupo anunciou a suspensão de ataques às bases americanas após a ameaça de retaliação dos EUA. Outros grupos armados iraquianos adotaram uma postura mais desafiadora, destacando a incerteza sobre futuras ações.

Enquanto EUA e Irã avaliam os danos causados pelos ataques americanos, a decisão de Teerã sobre uma resposta ou desescalada permanece em foco. A expectativa em Washington é de que o Irã evite um conflito direto, mas a postura de diversas milícias proxy, dependentes do Irã para financiamento, armamento e inteligência, permanece incerta.

Economia

Os analistas sugerem que a abordagem do presidente Biden visa restaurar a dissuasão na região, buscar um cessar-fogo em Gaza e, desafiadoramente, tentar remodelar a dinâmica regional. No entanto, as ações ocorrem em meio a desafios domésticos nos EUA e críticas de opositores, que veem as ações como sinal de fraqueza.

Os ataques americanos, alinhados à abordagem cautelosa de Biden, buscam enviar uma mensagem sem agravar o conflito. No entanto, há debates sobre a quantidade de moderação empregada, com críticos argumentando que isso pode encorajar adversários.

As dezenas de ataques aéreos realizados pelos EUA, embora em retaliação à morte de soldados americanos, são percebidos como uma tentativa de enviar uma mensagem sem mergulhar em uma guerra mais ampla. O impacto desses ataques na capacidade militar do Irã e de suas milícias, bem como na dissuasão de futuros ataques, permanece uma incógnita.

A situação se torna ainda mais complexa com a anunciada votação na Câmara dos Representantes dos EUA sobre uma legislação para acelerar US$ 17,6 bilhões em assistência militar a Israel, sem condições. Essa movimentação pode complicar os esforços do Senado para obter apoio para um pacote mais amplo que inclua medidas de segurança na fronteira e auxílio à Ucrânia.

Enquanto a região avalia os danos colaterais desses eventos, a incerteza persiste sobre como o Irã e suas milícias “intermediárias” responderão, e até que ponto a ação dos EUA alterará a dinâmica geopolítica. A situação permanece fluida, e as próximas semanas serão cruciais para determinar os desdobramentos dessa crise no Oriente Médio.

Aviões dos EUA atacam 85 alvos no Iraque e na Síria

O Comando Central dos EUA (CENTCOM), que opera atividades militares na região da Ásia Ocidental, disse na plataforma X na manhã de sábado (3/2) que “as forças militares dos EUA atingiram mais de 85 alvos, com numerosas aeronaves, incluindo bombardeiros de longo alcance vindos dos Estados Unidos. Os ataques aéreos empregaram mais de 125 munições de precisão.”

O CENTCOM disse que os ataques atingiram instalações da Força Quds do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica do Irã (IRGC) e “grupos de milícias afiliados”.

Os militares dos EUA referiam-se aos grupos de resistência baseados no Iraque que têm atingido bases dos EUA no Iraque e na Síria com drones e mísseis ao longo dos últimos meses, em retaliação ao apoio de Washington ao regime de Tel Aviv na sua guerra brutal contra Gaza, que está agora no seu quarto mês e já matou mais de 27 mil pessoas no território palestino sitiado.

As facções de resistência baseadas no Iraque, pertencentes a um grupo guarda-chuva denominado Resistência Islâmica no Iraque (IRI), também se opõem à presença dos EUA no Iraque e têm pressionado pela retirada das forças americanas do país árabe, culpando a sua presença por instabilidade na região.

Os EUA disseram que o IRI estava por trás do ataque de drones ao posto avançado americano na Jordânia no domingo passado, que também deixou quase 40 soldados americanos feridos. Washington também culpou o Irã pelo seu apoio aos grupos de resistência na região.

O Irã negou repetidamente dirigir os grupos, dizendo que eles agem de forma independente nas suas decisões e ações, incluindo aquelas levadas a cabo em apoio ao povo palestino.

Nenhum alvo do IRGC envolvido

Enquanto isso, a rede de notícias Al Jazeera, com sede no Catar, disse que a Força Quds do IRGC não tinha bases nas áreas atingidas pelos EUA na sexta-feira (2/2).

A Al Jazeera citou fontes informadas que rejeitaram as alegações dos EUA de visar posições do IRGC como infundadas e disseram que essas alegações visavam enganar a opinião pública.

As mesmas fontes também classificaram os ataques aéreos dos EUA como um ato flagrante de agressão contra o Iraque e a Síria e disseram que representariam danos para a região.    

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