Globo diz que Arthur Lira comanda “mensalão” de R$ 11 bilhões na Câmara, que segura o impeachment de Bolsonaro

  • ‘Se está difícil o impeachment de Bolsonaro, então remova Arthur Lira’

Por que 126 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não prosperam, apesar do clamor das ruas e das forças vivas da sociedade?

O Globo e o Estadão sugerem a existência de uma espécie de “mensalão” na Câmara, comandado pelo presidente Arthur Lira (PP-PR), que distribui a bufunfa para segurar os ânimos dos parlamentares.

Segundo a colunista Malu Gaspar, do Globo, nesta terça-feira (20/7), de todas as autoridades da República, nenhuma hoje tem tanto poder quanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, prócer do Centrão.

“Além de ter nas mãos a prerrogativa de decidir pautar ou não um dos mais de 120 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, Lira controla hoje a distribuição de R$ 11 bilhões em emendas parlamentares, mais do que o orçamento de sete ministérios, como o de Minas e Energia e o de Ciência e Tecnologia, e quatro vezes o orçamento do Meio Ambiente. E nem mesmo o governo consegue saber com precisão como essa bolada está sendo distribuída.”

Arthur Lira entrou definitivamente na alça de mira da velha mídia, que pretende trocar Bolsonaro por alguém que garanta os ganhos de especuladores e fundos de investimentos. O atual inquilino do Palácio do Planalto virou empecilho para o plano de “mudar” alguma coisa para continuar tudo na mesma.

Segundo Gaspar, os R$ 11 bilhões de Lira são o quinhão destinado à Câmara neste ano de uma inovação orçamentária conhecida como emendas de relator ou RP9 – no popular, o “orçamento secreto” revelado pela primeira vez pelo jornal O Estado de S. Paulo. Uma outra fatia de R$ 5,8 bilhões será distribuída no Senado.

Economia

Leia também

A modalidade de emenda não é pública a informação sobre quem está enviando o dinheiro, nem quais são os critérios que determinam o quanto e onde os recursos serão gastos.

“A única coisa que se sabe é que para conseguir ter acesso aos recursos na Câmara é preciso passar pelo crivo de Arthur Lira”, escreve a jornalista do Globo, sugerindo a prática de “mensalão” no parlamento, que segura o impeachment de Bolsonaro.

Na prática, Arthur Lira estaria trocando R$ 11 bilhões –que distribui entre deputados– para segurar os pedidos de impeachment na Câmara. O poder discricionário sobre essa verba seria de “arrepiar o cabelo” do ministro do STF Alexandre de Moraes.

De acordo com o Globo, o presidente da Câmara controla o atendimento das demandas de líderes partidários de acordo com a fidelidade às causas do governo e a proximidade de cada grupo com ele próprio [Lira].

Arthur Lira tem, inclusive, uma “tabela de preços” conforme a importância de cada deputado –que vale quanto pesa.

O deputados “lambari de valeta” (de base), conseguem até R$ 20 milhões para seus redutos eleitorais; líderes partidários têm R$ 80 milhões cada um; os amigos do rei, isto é, os mais chegados de Lira conseguem empenhar até R$ 100 milhões.

O tamanho das bancadas também tem uma cotação diferenciada no mensalão de Arthur Lira, segundo o Globo.

Donald Trump, ex-presidente dos EUA, no alto de seu pragmatismo, faria a seguinte recomendação à oposição na Câmara: se está difícil o impeachment de Bolsonaro, então remova Arthur Lira.

Dentro dessa lógica trumpista, o vice da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), já entrou em aquecimento. O parlamentar amazonense manifestou na segunda-feira (19/7) seu apoio ao impeachment de Bolsonaro.