A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), expressou sua indignação diante da convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um ato “em defesa do estado democrático de direito” na Avenida Paulista, marcado para o próximo dia 25 de fevereiro.
Gleisi Hoffmann classificou o movimento de Bolsonaro como “estarrecedor” e destacou a preocupação com a mídia, que, segundo ela, está normalizando esse chamado e o próprio ato, sem uma conotação crítica. A líder petista ressalta a importância de não esquecer o histórico do ex-presidente em desconsiderar o Estado Democrático de Direito e os direitos humanos fundamentais durante seu governo.
No extenso “textão” publicado por Gleisi, são enumeradas diversas ações do ex-presidente Bolsonaro que colocam em xeque sua defesa agora declarada da democracia. Entre essas ações, destacam-se:
- Defesa da ditadura, tortura e torturadores.
- Extinção dos mecanismos de participação social nas políticas públicas em seu primeiro ato presidencial.
- Incentivo a grupos armados e milicianos.
- Criação de um gabinete do ódio no Planalto para disseminar mentiras e ameaças.
- Montagem de uma Abin Paralela para espionar adversários e ministros de Tribunais Superiores.
Gleisi Hoffmann relembra episódios em que Bolsonaro ameaçou fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), convocou desfiles militares para intimidar a Câmara e tentou desacreditar o sistema eleitoral, incluindo a urna eletrônica. A líder petista destaca também a postura do ex-presidente após a derrota nas eleições, em que se recusou a reconhecer a vitória do adversário e tentou encontrar fraudes inexistentes.
Ao abordar a convocação do ato na Avenida Paulista, Gleisi Hoffmann questiona a legitimidade desse movimento. Para ela, não se trata de uma defesa legítima, mas sim de uma tentativa de Bolsonaro de se contrapor ao devido processo legal, ameaçar instituições e adversários, e disseminar mais mentiras sobre suas próprias ações.
A líder petista faz um alerta enfático para a mídia, enfatizando que nem Bolsonaro nem sua convocação devem ser normalizados. Ressalta o risco de normalizar a mentira, o desrespeito à lei e às instituições, e a barbárie que representam.
Aqui está a íntegra do “textão” de Gleisi Hoffmann:
É estarrecedor ver Bolsonaro convocar um ato “em defesa do estado democrático de direito” que ele nunca respeitou e tentou abolir em sua fracassada tentativa de golpe! E é chocante ver a mídia normalizar esse chamado e o próprio ato, tratando como coisa normal. Sem conotação crítica.
Direito de defesa deve ser garantido a todos; e Bolsonaro terá oportunidade de exercê-lo, em condições que foram negadas a outros na história recente. Mas não há nada de normal quando a democracia e liberdade de expressão são invocadas pela boca de quem quis destruí-las, de quem atentou contra esse mesmo Estado Democrático de Direito que agora invoca. Vamos lembrar quem é Bolsonaro:
- Sempre defendeu a ditadura, a tortura e os torturadores;
- Seu primeiro ato na presidência extinguiu os mecanismos de participação social nas políticas públicas;
- Seus primeiros decretos visaram a armar, municiar e incentivar bandos fascistas e de milicianos;
- Montou um gabinete do ódio no Planalto para disseminar mentiras e ameaças contra todo e qualquer adversário;
- Montou uma Abin Paralela para espionar adversários e até ministros de Tribunais Superiores;
- Usou o Sete de Setembro para ameaçar as instituições e ofender ministros do Supremo;
- Ameaçou fechar o STF (“basta um cabo e um soldado”, na voz de um de seus filhos e cúmplices);
- Convocou desfile de tropas em Brasília para intimidar a Câmara no dia da votação do projeto do voto impresso;
- Tentou desacreditar o sistema eleitoral, inclusive diante do corpo diplomático, atacando a urna eletrônica;
- Faltando três meses para as eleições presidenciais, com pesquisas prevendo sua derrota, reuniu o ministério para cobrar ação contra o adversário, a Justiça Eleitoral e o STF;
- Na mesma reunião, tratou de espionagem de campanhas, “virada de mesa” e medidas para impedir a eleição de Lula;
- Derrotado nas urnas, não reconheceu a vitória do adversário nem a legitimidade do processo eleitoral; tentou de todas as formas encontrar fraudes inexistentes;
- Incentivou ocupações de rodovias e acampamentos diante de quartéis, financiados clandestinamente e tolerados por comandantes militares; de onde partiram a baderna de 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula, e o atentado a bomba contra o aeroporto de Brasília na véspera do Natal;
- Preparou um decreto ilegal de estado de sítio, prevendo a prisão do presidente do TSE, que manteve sob monitoramento clandestino, e a anulação das eleições;
- Conspirou com chefes militares e comandantes de tropas especiais na preparação de um golpe para impedir a posse de Lula e manter-se no poder;
- Fugiu do país, levando joias roubadas ao patrimônio público, e assistiu de camarote os atentados de 8 de janeiro, financiados organizados por seus apoiadores civis e militares.
É esse chefe terrorista que agora invoca, em seu exclusivo benefício, o estado de direito e a liberdade de expressão e manifestação que tentou, reiteradas vezes, destruir. É esse fascista que agora quer vestir o manto da democracia para mais uma vez atacá-la.
Esse ato na Paulista não será, certamente, para que ele se defenda dos crimes que praticou, e nem pode ser visto como liberdade de expressão. É mais uma tentativa de se contrapor ao devido processo legal, já que as provas contra ele e sua turma não param de aparecer. Será para seguir ameaçando as instituições e os adversários, que ele trata de inimigos. Será para mentir ainda mais sobre suas próprias mentiras.
Nem Bolsonaro nem sua absurda convocação podem ser normalizados pela cobertura da mídia, sob o risco de normalizar a mentira, o desrespeito à lei e às instituições, a barbárie. Não há legitimidade nesse ato. Ele é contra a Constituição! O Brasil superou recentemente uma tentativa de golpe e sabemos bem o risco que corremos. Não podemos flertar com o perigo.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.