Etarismo é o principal adversário de Biden à reeleição, enquanto Trump luta contra inelegibilidade

Na conturbada paisagem política dos Estados Unidos em 2024, um tema crucial emerge das sombras, escapando do debate público de maneira sutil, mas impactante: a idade dos candidatos presidenciais. Enquanto a América se prepara para mais uma eleição presidencial, as figuras importantes que lideram a corrida não são apenas experientes em termos políticos, mas também representam um fenômeno único – ambos, potencialmente, se tornarão os ocupantes mais idosos da Casa Branca.

Essa discussão vem ocupando as páginas dos principais jornais e portais de notícias políticas como o The New York Times. O debate tem ultrapassado a linha das propostas para as eleições de novembro deste ano e secundarizado o problema de inelegibilidade de um dos candidatos, acusado de tentativa de golpe em 6/1/2021.

Quando Dwight Eisenhower ponderou sobre uma segunda candidatura, uma das preocupações que pairavam sobre sua decisão era a idade. Em 1954, ele destacou a necessidade de “homens mais jovens em posições de maior responsabilidade”, considerando a crescente severidade e complexidade dos problemas que recaem sobre o presidente. Hoje, no entanto, os dois principais candidatos à presidência ultrapassam a marca dos 70 anos – um sinal claro de que a política americana está prestes a testemunhar uma era de líderes excepcionalmente maduros.

Se a atual dinâmica persistir, Donald Trump, ao final de um próximo mandato, teria 82 anos, enquanto Joe Biden alcançaria a impressionante idade de 86 anos. A questão que se coloca é se a sociedade contemporânea está pronta para um presidente tão avançado em idade, considerando os desafios inerentes que podem surgir, principalmente em termos de saúde e vitalidade.

O envelhecimento hoje é diferente do que era nos anos 1950, e a decisão de Eisenhower de concorrer novamente acabou sendo uma administração formidável. Contudo, é crucial considerar que o presidente enfrentou sérios problemas de saúde que testaram sua presidência durante a Guerra Fria. Poderíamos, então, nos deparar com situações semelhantes nos anos que se estendem até janeiro de 2029, quando o próximo mandato presidencial terminará.

A discussão sobre a idade dos candidatos foi reacendida com o relatório do conselheiro especial sobre o manuseio de informações classificadas por parte do presidente Biden. O relatório descreveu o presidente como um “homem idoso bem-intencionado com uma memória ruim” e “faculdades diminuídas devido à idade avançada”. Esta avaliação coincidiu com episódios em que o presidente se referiu erroneamente a líderes europeus falecidos e confundiu o presidente do Egito com o presidente do México.

Economia

É interessante notar que o ex-presidente Trump tentou capitalizar rapidamente o relatório, classificando Biden como “muito senil para ser presidente”. No entanto, Trump não está imune a lapsos de confusão pública, como confundir líderes de Hungria e Turquia, alertar sobre uma iminente Segunda Guerra Mundial e declarar ter derrotado Barack Obama em vez de Hillary Clinton.

À medida que a política americana se prepara para uma eleição histórica, a idade dos candidatos emerge como um fator digno de reflexão. O desafio para os eleitores é ponderar se a experiência política valiosa dos candidatos compensa as possíveis limitações associadas à idade. O próximo líder da nação enfrentará não apenas as complexidades inerentes ao cargo, mas também a inevitável passagem do tempo.

O que é etarismo?

Joe Biden e o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky.

O etarismo é um termo que descreve a discriminação contra pessoas com base na sua idade. Também é conhecido como idadismo ou ageísmo.

O etarismo pode assumir muitas formas, desde atitudes individuais até políticas e práticas institucionais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a discriminação por idade pode ter sérias consequências para a saúde, o bem-estar e os direitos humanos.

O etarismo afeta pessoas jovens, mas é muito mais comum contra pessoas idosas. Por exemplo, a frase “Você não tem mais idade para isso!” pode ser considerada etarismo.

Relatório expõe saúde mental de Biden

Recentemente veio à tona um extenso relatório do Departamento de Justiça dos EUA abordando a gestão do presidente Biden de documentos classificados. Contudo, as conclusões surpreendentes sobre sua saúde mental têm gerado intensos debates e críticas quanto as ressalvas dos especialistas médicos. No entanto, é crucial compreender até que ponto as alegações refletem avaliações científicas e se a controvérsia em torno da saúde mental do presidente é fundamentada.

O documento aponta que, aos 81 anos, o presidente Biden é descrito como um “homem idoso com uma memória fraca” e “faculdades diminuídas”.

O conselheiro especial Robert K. Hur enfatizou que Biden não recordava seu tempo como vice-presidente, acrescentando uma dimensão peculiar às críticas.

Além disso, registros de 2017 revelam um Biden “frequentemente dolorosamente lento”, lutando para lembrar eventos e, por vezes, esforçando-se para ler e relatar suas próprias anotações.

Trump assistiu pela TV ataque ao capitólio e não interveio para conter a invasão
Donald Trump poderá ficar inelegível para as eleições de novembro.

Os republicanos não hesitaram em explorar as conclusões, questionando a aptidão do presidente e até mesmo clamando por sua remoção. Contudo, é crucial discernir a linha tênue entre críticas políticas e avaliações médicas fundamentadas.

As alegações do relatório podem ter repercussões significativas, incluindo a percepção pública da capacidade do presidente para exercer suas funções e o impacto nas próximas eleições.

Apesar das críticas contundentes, especialistas médicos têm apontado que as conclusões do relatório carecem de fundamentação científica. A avaliação da saúde mental não pode se basear em métodos que não seguem os padrões estabelecidos pelos profissionais da área. A controvérsia destaca a complexidade em distinguir entre lapsos de memória normais e declínios cognitivos sérios.

O cerne da questão reside em como distinguir episódios normais de confusão ou lapsos de memória de um declínio sério. Este dilema não é novo para médicos e familiares, mas a controvérsia em torno do presidente Biden coloca em destaque a necessidade de critérios claros e cientificamente embasados para avaliações da saúde mental de figuras públicas.

Enquanto isso, Trump se delicia com esse questionamento acerca da capacidade de seu adversário e a imprensa americana lhe dá uma folga para a possibilidade de a justiça decretar sua inelegibilidade para as eleições de novembro.

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