Comunicação virou problema para o secretário das Cidades, Guto Silva (PSD), um dos pré-candidatos ao governo do Paraná, após a circulação de uma peça gráfica que produziu ruído político imediato. O material, pensado para exaltar atributos positivos, acabou gerando leitura invertida e desfavorável ao próprio personagem.
A arte trazia a pergunta “Quem é Guto Silva” e, logo abaixo, três palavras antecedidas pelo sinal de menos: “limpo”, “leve” e “preparado”. A intenção era destacar qualidades. O efeito real foi outro. No código mais básico da comunicação, o “-” indica negação ou déficit. A mensagem que ficou foi simples e devastadora: Guto seria o menos limpo, o menos leve e o menos preparado.
O erro não é apenas gráfico. Ele revela falha de estratégia num momento sensível da pré-campanha. Em disputa interna no PSD pelo Palácio Iguaçu, Guto Silva precisa ampliar densidade política, reduzir rejeição e mostrar musculatura eleitoral. Uma comunicação ambígua faz exatamente o contrário.
Nos bastidores, aliados admitem constrangimento. A peça circulou rapidamente em grupos políticos e virou munição para adversários, inclusive dentro do próprio campo governista. Em política, percepção costuma pesar mais do que intenção, e a percepção, neste caso, foi ruim.
Guto Silva ocupa a Secretaria das Cidades, pasta estratégica no governo Ratinho Junior (PSD), com interface direta com prefeitos e obras estruturantes. É justamente esse capital administrativo que sua comunicação deveria traduzir com clareza, sem margem para duplo sentido ou ironia involuntária.
O episódio também expõe um problema recorrente em pré-campanhas: excesso de marketing e falta de leitura política. Comunicação eleitoral não é peça publicitária neutra. Cada símbolo carrega significado. Cada sinal gráfico fala.
No Paraná, onde o eleitor é atento e a disputa de 2026 tende a ser dura, tropeços assim custam caro. Não derrubam uma candidatura sozinhos, mas ajudam a cristalizar narrativas negativas quando o candidato ainda busca se afirmar.
Para quem quer governar o estado, parecer “o menos em tudo” não ajuda. Comunicação, em política, não é detalhe. É poder.
Se Guto Silva pretende seguir competitivo na corrida pelo governo do Paraná, precisará ajustar rápido sua estratégia de comunicação, menos ruído e mais clareza. Em campanha, sinal trocado vira voto perdido.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




