Enquanto se falou de joia de Michelle Bolsonaro pouco se comentou sobre juros e combustíveis altos na velha mídia

Enquanto se falou das joias de Michelle Bolsonaro, pouco se comentou sobre os juros e combustíveis altos na velha mídia. Isso é estranhíssimo, mas também não é menos sombrio o desaparecimento do noticiário sobre essas questões. Parece que essa conversa sobre a investigação da Polícia Federal cai como uma luva para desviar a atenção da economia, ou seja, dos parasitas do capital financeiro que continuam a sugar o orçamento da União, de todos nós, contribuintes.

A Polícia Federal abriu um inquérito esta semana para investigar a tentativa de integrantes do governo Jair Bolsonaro de trazer ilegalmente ao Brasil um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seria um presente do governo da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. No entanto, a PF vai apurar supostos crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro, ou seja, se se trata propina ou presente.

A título de comparação, cada ponto na taxa de juros pode consumir cerca de R$ 60 bilhões – quase quatro mil vezes o valor da joia que os Bolsonaro tentaram trazer da Arábia Saudita.

Maria Lúcia Fattorelli, coordenadora da organização Auditoria Cidadã da Dívida, disse que o aumento dos juros não eleva apenas o gasto do governo com a dívida pública. Ela explicou que a alta da Selic tem como consequência o aumento dos juros pagos pelos consumidores. Lembrou ainda que mais de 77% das famílias brasileiras já estão endividadas por conta de juros altos.

Por outro lado, a reoneração dos impostos sobre combustíveis em março, como confirmado pela Receita Federal, deve significar um impacto de 0,7 ponto percentual na inflação em 2023. A Petrobras ainda não mexeu na política de preços, que continua dolarizada, como se a gasolina e o diesel fossem importados, embora sejam produzidos aqui e a preços módicos. A diferença paga pelos consumidores nas bombas fica com acionistas minoritários da estatal, como banqueiros, fundos de investimentos, algumas empresas de comunicação, dentre outros.

As joias de Michelle e Bolsonaro são assunto de polícia. Está correto o ministro da Justiça, Flávio Dino, pedir a investigação na PF. No entanto, está errada a velha mídia corporativa tratar esse tema de forma sensacionalista e espetacularizada para desviar o debate sobre a Petrobras e os juros altos.

Economia

É no mínimo constrangedor o silêncio dos jornalões sobre a taxa de juros e o preço dos combustíveis altos para a economia do povo brasileiro.

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