Em nota, PT afirma que farra de diretores da Copel consumiu R$ 25,9 milhões na gestão Ratinho Júnior

  • Remunerações e distribuição de lucros bilionários a acionistas acontecem enquanto qualidade do serviço piorou, diz Partido dos Trabalhadores

Sete diretores da Companhia Paranaense de Energia (Copel) receberam, juntos, R$ 25,9 milhões durante a gestão Ratinho Júnior (PSD). O valor é referente aos salários, que somam R$ 5 milhões ao ano, mais bônus de R$ 7,7 milhões pagos entre 2019 e 2021. A informação sobre a farra na estatal de energia foi divulgada nesta quinta-feira (22/09) pelo Partido dos Trabalhadores (PT), seção Paraná.

O ex-senador Roberto Requião é o candidato ao governo do Paraná pelo PT, que integra a Federação Esperança juntamente com PV e PCdoB.

Em salário, até agosto deste ano, os diretores ganharam R$ 18,2 milhões. Já os bônus para a diretoria chegaram a R$ 7,7 milhões. 

A diretoria completa da Copel e subsidiárias, contando conselhos e comitês, custou ainda mais. Em salários, serão mais de R$ 50 milhões do início da gestão Ratinho até o final deste ano, valor que seria suficiente para construir mais de 30 escolas de R$ 1,5 milhão.

Diversos diretores participam de mais de um conselho. No entanto, pela falta de transparência da companhia, não é possível saber se eles acumulam rendimentos.

Desde 2019, a Copel paga a seus diretores o PPD (Prêmio de Desempenho) e só a partir de 2021 passou a contemplar funcionários. Os critérios de distribuição são questionados pelos copelianos.

Economia

Segundo o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge), o PPD paga mais para os diretores em uma ponta, enquanto reduz o valor pago aos funcionários – em comparação ao abono – em outra. Os diretores, ao atingirem as metas, recebem seis remunerações a mais; os superintendentes, quatro; e os funcionários, apenas uma remuneração. Um diretor pode ganhar até 7,2 salários a mais em um ano.

Qualidade do serviço cai enquanto sobe faturamento dos diretores da Copel

As remunerações e distribuição de lucros a acionistas acontecem enquanto qualidade do serviço piorou. O número de ocorrências de desligamentos emergenciais aumentou, bem como o tempo necessário para atendimento e restabelecimento.

Em 2010, a Copel registrou 485 mil ocorrências emergenciais. Em 2020, chegou a 669 mil, um aumento de 37%. Já o tempo médio para executar os reparos, saltou de 99 para 234 minutos no mesmo período, uma demora 136% maior.

E isso ocorre mesmo com obtenção de lucro. A Copel registrou seu maior resultado em 2021: R$ 5 bilhões, resultado também obtido pela privatização da Copel Telecom. Em contrapartida, conforme o Senge, a empresa reduziu os investimentos no setor elétrico e tem dificuldades para ganhar leilões de linhas de transmissão e usinas hidrelétricas. 

Saiba quem são os acionistas

Os principais acionistas da Copel estão no exterior. Entre eles, a BlackRock, que administra US$10 trilhões pelo mundo afora. Com sede em Nova York, constitui o maior fundo de investimento privado do mundo. 

Confira outros acionistas da Copel:

• Fundo de Previdência da Polícia e Bombeiros de Los Angeles;

• Fundo de Previdência dos Professores de Nova York;

• Fundo de Previdência dos Aposentados da Califórnia;

• Fundo de Previdência do Estado de Utah;

• Ford Motors do Canadá;

• Fundo de Previdência da Caterpillar;

• Fundo de Previdência da IBM;

• Fundo Global de Investidores da Allianz.

Demissão de funcionários para aumentar lucro de acionistas estrangeiros

Mesmo com lucro líquido acumulado, a Copel demitiu um terço de seus funcionários. Para o Senge, os desligamentos fazem parte da estratégia da Copel para repassar maiores lucros aos acionistas, além da venda da Copel Telecom e programa de demissão voluntária com 509 adesões.

A diminuição de quase um terço do quadro de funcionários ocorreu em uma década, segundo dados da Copel analisados pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

A redução ocorreu em todas as áreas. “Pela RAIS, o número de trabalhadores no período de 2010 a 2020 diminuiu 26,92%, passando de 8.399, em 2010, para 6.138, em 2020. A perda é de 2.261 empregos. A maior parte desta queda vem ocorrendo nos últimos anos, principalmente de 2017 a 2020, apresentando queda de 19,60%, com a perda de 1.496 postos de trabalho”, avalia o DIEESE.

Terceirizados com aviltamento de salários

Menos funcionários, mais terceirizados. Nos últimos 11 anos, a Copel simplesmente trocou a forma como se relaciona com seus colaboradores. Ano a ano demitiu copelianos enquanto avançava na contratação de terceirizados.

Os terceirizados saltaram de 5.225, em 2010, para 8.420 em 2021. Os dados estão nos registros do Ministério Público do Trabalho, na RAIS e na divulgação da Copel, sendo compilados pelo DIEESE.

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