Covid-19: Brasil registra 885 mortes nas últimas 24 horas, diz consórcio de imprensa

O país registrou 885 mortes pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo dados do levantamento realizado pelo consórcio de veículos da imprensa que reúne Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. No balanço divulgado às 20 horas deste sábado (18) não foram contabilizados dados dos estados de Rondônia, Rio de Janeiro e Piauí.

O Brasil teve também 26.549 novos casos da doença. No total, atingiu 78.817 óbitos e 2.075.246 infectados. Nos últimos sete dias, a média diária ficou em 1.046 óbitos por covid-19.

Em plena pandemia da covid-19, o Ministério da Saúde completou neste sábdo 64 dias sem ministro titular. A gestão de militares da pasta, liderada pelo interino, general Eduardo Pazuello, sofre duras críticas de especialistas pela ineficiência e despreparo da equipe no enfrentamento da pandemia.

Apenas 20% do orçamento da Saúde para o combate ao coronavírus foi executado até o final do mês de junho, segundo dados do próprio ministério.

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Covid-19: Ex-ministros da Saúde alertam para tragédia e a omissão do governo Bolsonaro

Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (17), os ex-ministros Alexandre Padilha, Arthur Chioro, Barjas Negri, Humberto Costa, José Gomes Temporão, José Saraiva Felipe e Luiz Henrique Mandetta denunciam a omissão do governo Bolsonaro diante da escala da pandemia do novo coronavírus, que provocou mais de 75 mil mortes no país.

Os ex-ministros apontam também o fracasso da gestão militarizada do general Eduardo Pazuello na Saúde. “A gestão militarizada do MS não trouxe nenhum ganho em eficiência logística e sequer tem sido capaz de adquirir os testes necessários ou de executar os recursos orçamentários disponibilizados, já que apenas 30% foram gastos até agora. O fato é que o governo federal abriu mão de seu papel constitucional de coordenação e condução do esforço nacional de combate à COVID 19 com evidentes prejuízos à capacidade do país em reduzir os impactos da doença”, diz o texto.

No artigo, os ex-ministros demandam do governo do presidente Bolsonaro medidas e ações para conter a expansão do coronavírus e o abandono do discurso negacionista e irresponsável que delegou o comando do ministério para militares sem experiência de gestão na área da Saúde Pública.

Leia a íntegra do artigo: 60 dias de omissão na saúde

O Brasil sucumbe de modo trágico à pandemia do coronavírus e o luto cobre a nação brasileira. Ao ultrapassar as 75 mil mortes causadas pela COVID 19, número inferior apenas ao dos EUA, a doença avança pelo país deixando um rastro de dor e sofrimento. Mas poderia ter sido diferente se o governo federal tivesse guiado suas ações ouvindo a ciência, mobilizando a sociedade, construindo estratégias com estados e municípios e assumindo sua responsabilidade de liderar e coordenar o esforço nacional de enfrentamento da pandemia.

O Presidente da República, após demitir dois ministros por discordarem de sua condução negacionista e irresponsável, entregou o Ministério da Saúde (MS) a um interino militar que nomeou dezenas de outros militares para cargos estratégicos no MS, em atitude ofensiva à saúde pública brasileira, que conta com técnicos e gestores experientes, dedicados e capacitados. O MS tornou-se uma instituição desacreditada e vista com reservas pela opinião pública, seja ao distorcer estatísticas oficiais, seja por aprovar protocolo que não se baseia em evidências científicas para o manejo da doença. A gestão militarizada do MS não trouxe nenhum ganho em eficiência logística e sequer tem sido capaz de adquirir os testes necessários ou de executar os recursos orçamentários disponibilizados, já que apenas 30% foram gastos até agora. O fato é que o governo federal abriu mão de seu papel constitucional de coordenação e condução do esforço nacional de combate à COVID 19 com evidentes prejuízos à capacidade do país em reduzir os impactos da doença.

O SUS tem sido fundamental para evitar uma situação de barbárie e caos social. Como explicar a resiliência do SUS apesar do desfinanciamento e seus problemas estruturais? Na prática, a partir da decisão do STF sobre a autonomia dos entes da federação no enfrentamento da epidemia, estruturou-se no país uma “autoridade sanitária alternativa” embora não formalizada enquanto tal, composta por governadores, prefeitos, sanitaristas e outros especialistas, entidades das áreas da saúde pública, da ciência, da medicina, partidos políticos, Congresso Nacional, Poder Judiciário e grande mídia; que vem se dedicando com grandes limitações ao enfrentamento da situação sanitária.

Não se trata apenas, de uma atuação equivocada ou incompetente do presidente e do governo federal. As decisões tomadas nos campos sanitário, econômico e social expressam uma lógica perversa que rege todo o governo e que subjuga as necessidades da população ao princípio da austeridade fiscal, indiferente aos danos que isso possa causar na vida das pessoas.

Que o governo federal assuma suas responsabilidades intransferíveis! Que o Ministério da Saúde seja devolvido à saúde pública! Que se ponha fim à omissão no enfrentamento da pandemia! Que possamos finalmente unir esforços e enfrentar de forma obstinada a pandemia de COVID-19 e seus graves efeitos sociais e econômicos, sobre a nação.

Alexandre Padilha
Arthur Chioro
Barjas Negri
Humberto Costa
José Gomes Temporão
José Saraiva Felipe
Luiz Henrique Mandetta

*Artigo publicado originalmente na Folha de São Paulo (17/07/2020)