Corpo de Bombeiros: 30 pessoas estão desaparecidas no deslizamento de estrada no Paraná

  • BR-277 será liberada parcialmente na tarde desta quarta-feira
  • Alagamentos foram identificados em Campina Grande do Sul, Curitiba, Guaraqueçaba, Piraquara, São José dos Pinhais e Morretes
  • No total, sete municípios foram impactados pelo alto volume de chuvas
  • Quatro Barras teve registro de inundações
  • Pista, atingida por deslizamento de terra em dois segmentos nos últimos dias, além da queda de rochas no mês passado, ficará liberada em pista simples do km 39,5 ao km 42, tanto no sentido Curitiba – Paranaguá quanto no sentido Paranaguá – Curitiba

O Corpo de Bombeiros afirmou nesta quarta (30/11) que o número de vítimas no deslizamento da BR-376, no município de Guaratuba, Litoral do Paraná, pode ser muito maior do que se imaginava antes. A estimativa inicial é que 30 pessoas estejam desaparecidas.

As equipes de segurança que prestam atendimento no local de deslizamento na BR-376, no Litoral do Paraná, mantêm as buscas mesmo com o mau tempo no local.

Estão sendo utilizados guinchos, cães treinados e drones com câmera com identificação térmica para encontrar sinais de vida. O equipamento, porém, não conseguiu resultados na identificação.

O trabalho tem sido feito de forma cautelosa, já que as chuvas permanentes ampliam os perigos de novos desmoronamentos na área. Há risco, inclusive, da pista da rodovia ceder por causa do peso dos entulhos. 

Representantes do gabinete de crise instituído para acompanhar a tragédia concederam uma nova entrevista coletiva hoje para atualizar as informações.

O Corpo de Bombeiros conseguiu fazer a retirada de uma carreta e três veículos que estavam na parte superior da pista. O corpo da segunda pessoa, que teve o óbito confirmado ainda na terça-feira (29/11), foi retirado do local nesta manhã e encaminhado para Curitiba. O incidente envolveu 10 veículos de passeio e seis carretas.

Economia

“O Corpo de Bombeiros permanece no local desde o início dos atendimentos. Especificamente na manhã desta quarta-feira, foi feita a avaliação da área pelos geólogos e engenheiros, a movimentação de terra para liberar os três veículos retirados de uma área de menor risco, a retirada do corpo da carreta e também dessa carreta do local. A avaliação de risco continua sendo feita”, explicou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco.

“As maiores dificuldades enfrentadas neste momento são por causa do mau tempo, com a previsão de um aumento no volume de chuvas. A situação na área, que já é de risco, tende a piorar nos próximos dias se continuar assim”, complementou. “As equipes trabalham de forma ininterrupta. São 54 bombeiros atuando durante o dia e a equipe do Grupo de Operações Socorro Tático (Gost), que é altamente especializada, atuando durante a noite”.

Vítimas confirmadas na tragédia

Coletiva para a imprensa sobre a situação dos deslizamentos nas rodovias do Paraná. Foto: Albari Rosa/AEN

A Polícia Científica conseguiu confirmar a identidade de uma das vítimas e já fez o contato com a família. Trata-se de João Maria Pires, de 60 anos, natural de São Francisco do Sul (SC). O corpo da segunda vítima vai passar por perícia no Instituto Médico Legal (IML). “A primeira vítima passou pelo exame pericial, foi identificada pelas equipes de papiloscopia e já foi contatada a família”, disse o diretor-geral da Polícia Científica, Rodrigo Grochocki.

A instituição trabalha com o protocolo Identificação de Vítimas de Desastres (DVI, da sigla em inglês), código internacional desenvolvido pela Interpol que facilita o atendimento em tragédias como esta. Foi aberto um canal direto com os familiares e conhecidos de pessoas que poderiam estar no local do deslizamento, o que pode ajudar na identificação das vítimas.

Até o momento, 19 pessoas tinham entrado em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica, no telefone (41) 3361-7242, para passar a informações. O serviço funciona 24 horas. Além disso, outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone da Centro de Operações Cidade da Polícia, no 0800-282-8082.

“A Polícia Científica do Paraná é um dos centros que utiliza esse protocolo internacional em diferentes emergências. Existe uma comissão, formada a maior parte por membros da Polícia Científica, que é acionada em uma situação de desastre como esta”, explicou o perito André Langowiski, que dirige a comissão de DVI. 

“Trabalhamos de forma ininterrupta para receber as famílias, para que nos deem as informações que ajudem a identificar essas vítimas mais facilmente, incluindo a entrega de documentos, descrição de tatuagem e outras particularidades”, explicou. “Por outro lado, é feito o exame pericial da vítima para tentar cruzar essas informações com o que é apresentado anteriormente. Pela natureza desse desastre, não devemos ter dificuldade em identificar as vítimas”. 

Avaliação da área com deslizamento

A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, que conta com um grupo de engenheiros e geólogos fazendo a avaliação da área do deslizamento para a liberação das equipes de resgate, identificou outros dez pontos de deslocamento de terra em locais próximos ao km 669 da BR-376, onde ocorreu o deslizamento. 

A Defesa Civil Estadual também está trabalhando de forma articulada com as Defesas Civis Municipais e também com outras entidades para prestar atendimento à população atingida. Juntamente com a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), a coordenadoria está prestando auxílio aos motoristas parados nas barreiras nas estradas, com a distribuição de alimentos, água e itens de higiene.

Em outra frente, em parceria com a Defesa Civil de Curitiba, o órgão conseguiu a liberação de dois abrigos para atender passageiros que estavam na Rodoviária de Curitiba esperando para embarcar para Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, mas que não conseguiram por causa da interrupção nas rodovias.

Além dos deslizamentos, as chuvas fortes também causaram inundações e enxurradas em outros municípios do Litoral e da Região Metropolitana, e o órgão está atuando para prestar o apoio às famílias atingidas e distribuir itens de ajuda humanitária.

“Estamos com esse trabalho em vários municípios da Região Metropolitana e Litoral, apoiando as famílias, retirando das áreas de risco, fazendo o transporte, colocando em abrigos e alojamentos”, explicou o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig.

Maior deslizamento desde 2011, diz a PRF

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), esse foi o maior evento trágico na BR-369 desde 2011, quando também houve queda de barreira. “Ainda não temos previsão de liberação. A concessionária e todas as forças de segurança estão nesse trabalho. Nesse momento desaconselhamos os deslocamentos nesse local, ou buscar alternativas. Sabemos da necessidade de circulação, mas isso só vai acontecer com segurança e com aval dos técnicos”, afirmou o superintendente da PRF no Paraná, Antonio Paim.

Os bloqueios na BR-376 são na praça de pedágio em São José dos Pinhais (sentido Santa Catarina), no km 635, e em Garuva (sentido Curitiba), no km 1. São áreas com possibilidade de retorno para que ninguém fique preso na rodovia enquanto a pista não for liberada. No momento, o único trajeto disponível para acessar o litoral paranaense é pela BR-116, sentido Rio Negro, e daí seguindo para Joinville antes de retornar ao Paraná, passando por Garuva.

1,2 mil pessoas foram atingidas pelas chuvas no Litoral e RMC, aponta relatório da Defesa Civil

Número de pessoas atingidas pelas chuvas no Litoral e RMC chega a 1,2 mil, aponta Defesa Civil. Foto: Defesa Civil

Um novo boletim divulgado nesta quarta-feira (30/11) pela Defesa Civil sobre as ocorrências por conta das chuvas intensas que causaram inundações, enxurradas e alagamentos em municípios do Litoral e da Região Metropolitana, aponta que, até o começo da manhã, 1.201 pessoas foram atingidas diretamente. Destas, 581 estão desalojadas e 32 desabrigadas. 223 casas foram danificadas. Não há registros de óbitos, feridos ou desaparecidos.

No total, sete municípios foram impactados pelo alto volume de chuvas. Quatro Barras teve registro de inundações. Alagamentos foram identificados em Campina Grande do Sul, Curitiba, Guaraqueçaba, Piraquara, São José dos Pinhais e Morretes, que teve número significativo de ocorrências. Apenas no município, 424 pessoas foram afetadas, 106 casas foram danificadas, 392 pessoas permanecem desalojadas e 32 estão desabrigadas.

Neste momento as equipes estão levantando os danos para atender os atingidos e identificar a extensão dos estragos. As estações meteorológicas do Estado identificaram chuvas acima da média histórica para o mês de novembro em cidades do Litoral e da RMC. De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), no total, choveu quase 900 mm a mais do que a média histórica do mês de novembro na soma de todas essas cidades.

O Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CEGERD) continua acompanhando a situação meteorológica do Estado para apoiar os municípios e enviar alertas para a população.

Em Campina Grande do Sul, equipes da Copel, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil estão na região do reservatório do Capivari para orientar a população ribeirinha a respeito da elevação do nível do rio abaixo da barragem da Usina Governador Parigot de Souza. Há previsão de aumento da vazão hoje e nos próximos dias, o que exige atenção por parte dos moradores da região. 

BR-376

 Grande quantidade de terra, vegetação e detritos deslizaram sobre as pistas da BR-376 na noite de segunda-feira (28), após um grande acumulado de chuvas registrado. A rodovia está interditada nos dois sentidos e não há previsão para liberação do tráfego. Os bloqueios na BR-376 são na praça de pedágio em São José dos Pinhais (sentido Santa Catarina), no km 635, e em Garuva (sentido Curitiba), no km 1. São áreas com possibilidade de retorno para que ninguém fique preso na rodovia enquanto a pista não for liberada.

O primeiro boletim divulgado pelo gabinete de crise instituído para acompanhar a situação na estrada informa que, até as 17h desta segunda-feira (29), seis pessoas foram resgatadas com vida e duas, infelizmente, em óbito. As equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Polícia Científica trabalham ininterruptamente no atendimento à ocorrência, que atingiu o km 669 da rodovia na região da Serra do Mar.

No momento, 54 bombeiros militares trabalham em duas frentes, uma ao norte e outra ao sul do local de deslizamento. O objetivo de atuarem em conjunto na busca por vítimas, tentando encontrar vias de acesso sobre a terra ainda encharcada para acessarem os veículos visíveis.

Pessoas desaparecidas

Familiares e amigos de pessoas que eventualmente possam ter desaparecido nesse local podem entrar em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica, pelo telefone (41) 3361-7242. O serviço funciona 24 horas. Além disso, outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone da Centro de Operações Cidade da Polícia – 0800-282-8082.

Desvio

No momento, o único trajeto disponível para acessar o litoral paranaense é pela BR-116, sentido Rio Negro, e daí seguindo para Joinville antes de retornar ao Paraná, passando por Garuva. O DER/PR recomenda que, caso seja possível, os usuários evitem se deslocar rumo ao Litoral paranaense enquanto a situação não é amenizada, uma vez que a previsão de mais chuvas está mantida pelos próximos dias, o que, além de agravar a situação, prejudica os serviços de recuperação das rodovias.

BR-277 será liberada parcialmente na tarde desta quarta-feira

Pista liberada no Litoral do Paraná. Foto: Rodrigo Felix Leal/SEIL

Após reunião técnica, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) decidiram pela liberação parcial da BR-277 a partir das 15h30 desta quarta-feira (30).

A pista, atingida por deslizamento de terra em dois segmentos nos últimos dias, além da queda de rochas no mês passado, está passando por limpeza e melhorias, devendo ficar liberada em pista simples do km 39,5 ao km 42, tanto no sentido Curitiba – Paranaguá quanto no sentido Paranaguá – Curitiba.

A medida, defendida pelo DER/PR, visa restaurar parcialmente o fluxo de veículos para o litoral paranaense, atualmente com bloqueios também na BR-376 e PR-410 (Estrada da Graciosa). Nesses dois casos, não há previsão de liberação.

Obras emergenciais

No trecho atingido pela queda de rochas há pouco mais de um mês, o DNIT realizou contratação emergencial de obra de contenção do talude, um investimento de R$ 1,6 milhão.

Para os outros dois deslizamentos ainda serão avaliadas soluções. O Governo do Estado, por meio do DER/PR, se colocou à disposição do DNIT para dar suporte técnico, aporte financeiro ou mesmo para executar as obras, bastando somente uma definição do governo federal para início das medidas necessárias.

Guinchos para socorro

As equipes de operação de tráfego rodoviário do DER/PR estão presentes no trecho disponibilizando cones para sinalização de emergência, veículos de inspeção de tráfego, guinchos mecânicos e realizando a orientação ao usuário, garantindo que os desvios de tráfego no trecho sejam realizados com total segurança.

Atualizações sobre as condições de tráfego da BR-277 e demais rodovias do antigo Anel de Integração estão disponíveis em tempo real no Twitter do Centro de Operações Integradas (COI) do DER/PR: https://twitter.com/rodovias_parana. Os serviços do DER/PR podem ser acionados pelo telefone 0800-400-0404, sendo inteiramente gratuitos.

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