Colômbia elege Gustavo Petro como presidente

O economista Gustavo Petro, 62 anos, foi eleito neste domingo (19/06) o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia.

Ele foi eleito o 42º. presidente da República da Colômbia.

Uma mulher, Francia Márquez, é a nova vice-presidente do país.

O representante do Pacto Histórico obteve 50,51% dos votos válidos no segundo turno ocorrido hoje.

O derrotado Rodolfo Hernández, um extremista de direita, teve 47,22%. Ele é uma espécie de Bolsonaro colombiano.

Guinada à esquerda

Economia

As propostas do presidente eleito Gustavo Petro calcaram-se na proibição da exploração de petróleo e carvão em um país onde os hidrocarbonetos geram metade de toda a receita de exportação, e se opõe a todos os projetos de mineração a céu aberto e fraturamento hidráulico. Em vez disso, ele diz que a Colômbia pode se tornar uma força agrícola movida a energia renovável.

O novo presidente eleito também defende que o Estado deve atuar como “empregador de último recurso”, dando trabalho a quem não consegue encontrá-lo no setor privado. Ele quer fazer as empresas pagarem 70% de seus lucros em dividendos, reformar o sistema de pensões e reformar o banco central.

América Latina é de esquerda

Petro ainda quer redefinir o relacionamento da Colômbia com os EUA, renegociar seu acordo de livre comércio, repensar a ‘guerra às drogas’ e restaurar as relações diplomáticas com Nicolás Maduro na vizinha Venezuela.

Com a vitória de Gustavo Petro, se o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completar o que seria uma vitória importante nas eleições do Brasil em 2 outubro, as sete nações mais populosas da América Latina – Brasil, México, Colômbia, Argentina, Peru, Venezuela e Chile – estarão todos sob o domínio da esquerda. Também se somam ao polo Honduras e Nicarágua, que recentemente elegeram presidentes.

Lula apoiou Petro

No fim do mês de maio, em São Paulo, o ex-presidente Lula parou o ato com movimentos sociais por um momento e pediu a participação do público. Ele queria gravar uma mensagem para ser enviada à Colômbia, na ocasião do primeiro turno da eleição presidencial.

– O companheiro Gustavo Petro [candidato da esquerda e primeiro colocado nas pesquisas] tem uma mulher como vice [Francia Márquez] e estão sendo vítimas, já sofreram atentados. Nos últimos discursos ele teve que falar cercado de seguranças, porque tem medo de ser baleado. Não gosto de pedir interferência em outro país, mas gostaria de pedir que os colombianos votassem em Petro – disse Lula, há três semanas.

Ao dizer que a luta é contra o fascismo, Lula dissera que a partir de outubro, Brasil e Colômbia poderão se juntar a outros países e construir uma América do Sul forte, com integração política, econômica, cultural, para que haja um bloco muito forte para negociar com outros blocos do mundo inteiro.

Lula pé quente

Com a vitória de Gustavo Petro, neste domingo, pode-se dizer que Lula é um sujeito “pé quente”. Os últimos líderes apoiados por ele, mundo afora, ganharam as eleições em seus respectivos países.

Olaf Scholz, na Alemanha; Emmanuel Macron, na França; Alberto Fernández, na Argentina; Pedro Castillo, no Peru; Lucho Arce, na Bolívia; Andrés Manuel López Obrador, no México; Pedro Sánchez, Espanha; Michelle O’Neill, da Irlanda do Norte; dentre outros.

Sobre Gustavo Petro

Desde cedo viveu em Zipaquirá, Cundinamarca, e nesta cidade ocupou diversos cargos públicos. Em sua juventude foi membro do Movimento 19 de Abril (M-19), guerrilheiro urbano que participou do conflito armado interno na Colômbia entre 1974 e 1990, que, após sua desmobilização em 1990, se tornaria a Aliança Democrática M-19, a segunda maior força política na Assembleia Constituinte de 1991. Sob sua sigla, ele foi eleito membro da Câmara dos Deputados nas eleições de 1991.

Foi senador da república pelo Polo Democrático Alternativo (PDA), cargo que aceitou nas eleições de 2006.

Em 2009, Petro renunciou ao cargo para aspirar à presidência da Colômbia, nas eleições de 2010, representando o mesmo partido.

Foi prefeito de Bogotá entre 2012 e 2015.

Em 2020, a Corte Interamericana proferiu uma decisão contra o Estado colombiano por ter destituído e obstruído seu cargo de prefeito em Bogotá em 2013.

Em 2018 foi candidato à presidência da Colômbia pela segunda vez.

Na consulta interpartidária do Pacto Histórico, realizada em 13 de março de 2022, foi escolhido candidato à presidência da Colômbia por sua coalizão, formada por diversos movimentos sociais e políticos.

Nas eleições presidenciais de 29 de maio de 2022, obteve a maior votação com mais de oito milhões e meio de votos e 40% do total de votos, dando-lhe o direito de ir ao segundo turno das eleições, que venceu hoje.

Gustavo Petro vai assumir a presidência da Colômbia no começo de agosto.