Ciro Gomes pode desistir para apoiar Lula ainda no 1º turno?

Intelectuais brasileiros e estrangeiros, por meio de manifesto interncional, abriram uma “janela” para que Ciro Gomes (PDT) desista da disputa presidencial e apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno. Lula é líder nas pesquisas de intenção de votos.

Ciro não é citado diretamente pelos intelectuais, no entanto, ficou subentendido o apelo para que as forças democráticas e consequentes se unam no 1º turno contra possíveis aventuras autoritárias e respeito aos resultados nas urnas.

Entre os signatários do manifesto estão o juiz espanhol Baltasar Garzon, o linguista americano Noam Chomsky e o líder político francês Jean-Luc Mélenchon.

O texto recebe ainda o apoio de Estela de Carlotto, presidenta da associação Avós da Praça de Maio, na Argentina, o ator e ativista Danny Glover e o músico Roger Waters.

O manifesto alerta para o risco de instabilidade no Brasil diante do comportamento do presidente cessante Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados de desacreditarem no sistema eleitoral brasileiro. 

Os intelectuais defendem ainda eleições livres em outubro e respeito ao resultado das urnas.

Economia

Ciro Gomes pode desistir para apoiar Lula ainda no 1º turno? Há uma pressão nesse sentido, além do manifesto de brasileiros e estrangeiros.

Daqui a pouco, às 18 horas, dissidentes do PDT e brizolistas lançarão manifesto “Trabalhistas pela democracia: o voto necessário!” no Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro. O ato defende o apoio a Lula no primeiro turno e condena os ataques de Ciro ao ex-presidente. Brizola, um dos principais quadros históricos do PDT, já foi vice de Lula em 1998 e via o petista como seu sucessor.

Na segunda-feira (19/09), o Blog do Esmael registrou que um dirigente nacional do PDT pediu desfiliação para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva com voto útil. Esse movimento está ganhando corpo na reta final da campanha.

Leia a íntegra do documento:

A solidariedade internacional não é uma palavra vazia

  • Convocação por eleições livres e respeito pelos resultados das urnas no Brasil

Em poucas semanas, o Brasil terá sua nona eleição presidencial desde o fim da ditadura militar e, pela primeira vez desde 1988, há um grande risco de que o sufrágio popular não seja ouvido e respeitado.

Há vários anos, o presidente Jair Bolsonaro planeja contestar sua eventual derrota desacreditando o sistema eleitoral brasileiro. Ele acusou os juízes dos tribunais superiores de serem corruptos e partidários, previu que os votos são falsos, suspeitavam que a mídia estivesse a serviço do campo adversário. Inspirado na estratégia de Donald Trump, o presidente brasileiro se mobilizou seriamente e se apresentou como vítima, perseguido por um estabelecimento vendido à esquerda, e como único salvador e redentor da nação. Ele demoniza seus oponentes e os rejeita como inimigos. Ao fazê-lo, prepara os ativistas, muitos deles armados, para a violência política e até para a insurreição.

Essa deriva não surpreende em um caráter aparentemente nostálgico da ditadura militar e cheio de desprezo pelas instituições republicanas, pelo pluralismo político e pelo Estado de Direito. Mas hoje é como Chefe do Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas que ele pronuncia essas diatribes extremistas, enquanto quatro anos no poder radicalizaram sua base militante. Nenhum golpe de estado jamais foi tão anunciado.

A democracia no Brasil hoje precisa do apoio e da vigilância do mundo. Que ali sejam respeitados o contrato e o sufrágio popular é nossa responsabilidade comum.

O destino de um país de dimensão continental, com uma população superior a 212 milhões de habitantes, um património ambiental de importância crucial para o futuro do planeta e um papel preponderante na economia e governação mundial, é uma questão cujas consequências vão bem além das fronteiras do Brasil. A força da democracia brasileira e o respeito ao Estado de Direito, aos direitos humanos, ao meio ambiente, aos direitos dos povos indígenas e outros grupos marginalizados são questões que nos dizem respeito a todos e, como digamos, são objeto de nossa legítima atenção e solidariedade. A democracia desta imensa pagã é nosso bem comum e não podemos permanecer meros espectadores.

O tempo é local para levantar um poderoso movimento de solidariedade internacional na defesa do processo democrático no Brasil.

Esta é a razão pela qual nós, intelectuais, políticos, artistas, ativistas, cidadãos, chamamos a exigir:

Que as eleições presidenciais no Brasil ocorram nos termos da Constituição;

Que todas as ameaças e violências contra os candidatos e seus apoiadores sejam condenadas e combatidas;

Que as instituições republicanas sejam mantidas em suas atribuições e respeitadas suas decisões;

Que as forças armadas não interfiram no processo eleitoral, nem na contagem dos resultados, nem na transmissão do poder.

A democracia é um estado precioso e frágil, do qual todos somos fiadores. Neste ano em que o Brasil comemora o bicentenário de sua independência, seu desafio histórico continua sendo o de defender um país democrático, plural e inclusivo. A democracia brasileira é nossa e a solidariedade internacional não deve ser uma palavra vazia.

Já assinaram o manifesto:

  • Afrânio Garcia – Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais, Paris, França
  • Aldo Marchesi – Universidade da República, Argentina
  • Alexander Main – Centro de Pesquisa Econômica e Política, Washington, DC, EUA
  • Alejandra Oberti – Universidade de Buenos Aires, Argentina
  • Alejandro Cattaruzza – Universidade de Buenos Aires, Argentina
  • Amy Chazkel – Universidade de Columbia, EUA
  • Anne Hidalgo – Prefeita de Paris
  • Anthony Pereira – diretor do Kimberly Green Center for Latin America and the Caribbean e professor do Departamento de Política e Relações Internacionais da Universidade de Miami, EUA
  • Armelle Enders – Universidade de Paris-8-Vincennes-Saint-Denis, França
  • Arnaud-Dominique Houte – Universidade Sorbonne, Paris, França
  • Baltazar Garzon – Juiz, Espanha
  • Barbara Weinstein – Universidade de Nova York, EUA
  • Beverly Keene – Diálogo 2000-Jubileu Sur, Argentina
  • Brodwyn Fischer – Universidade de Chicago, EUA
  • Bryan McCann – Universidade de Georgetown, EUA
  • Camille Chalmers – Universidade Estadual do Haiti (UEH), Haiti
  • Christopher Dunn – Tulane University, EUA
  • Claudia Damasceno Fonseca – Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais, Paris, França
  • Claudio Nash – Universidade do Chile
  • Danny Glover – Ator/Cidadão, EUA
  • David Koranyi – Ação pela Democracia, EUA
  • Doudou Diène – Relator Especial das Nações Unidas sobre Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Relacionada, 2002–2008.
  • Eduardo Barcesat – Conselho Consultivo da CAF, Argentina
  • Emilio Crenzel – Universidade de Buenos Aires, Argentina
  • Eric Fassin – Universidade de Paris, 8, França
  • Erika Robb Larkins – Universidade Estadual de San Diego, EUA
  • Ernesto Bohoslavsky – Universidade de General Sarmiento, Argentina
  • Estela de Carlotto – Presidente, Avós da Plaza de Mayo
  • Eugénia Palieraki – Universidade Cergy Paris, França
  • Eugenio Raul Zaffaroni – Ex-Ministro da Corte Suprema da Argentina, 2003-2014, desde 2015, Juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos
  • Evelyn N. Farkas , diretora executiva do McCain Institute e ex-conselheira de segurança nacional, EUA
  • Federico Tarragoni – Universidade de Paris, Cité, França
  • Francis Fukuyama , cientista político, economista político, estudioso e escritor de relações internacionais, EUA
  • Francisco Eguiguren – Ex-Ministro da Justiça, Peru; Ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
  • François Calori – Universidade de Rennes 1, França
  • Gabriela Aguila – Universidade Nacional do Rosário, Argentina
  • Gaspard Estrada – CAF Cluster, Paris, França, Diretor, Centro de Estudos Internacionais, Sciences Po
  • Georg Wink – diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos (CLAS) da Universidade de Copenhague, Dinamarca
  • Gerardo Pisarello – Deputado Parlamentar, Primeiro Secretário do Congresso dos Deputados da Espanha, Podemos, Espanha
  • Gerardo Caetano – Universidade da República, Argentina
  • Gilles Batallion – Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais, Paris, França
  • Gladys Mitchell-Walthour – North Carolina Central University, EUA
  • Guillaume Long – Conselho Consultivo da CAF, Equador, ex-chanceler
  • Gustavo Sorá – Universidade Nacional de Córdoba, Argentina
  • Horacio Petraglia – Secretário de Direitos Humanos, Argentina
  • Idoia Villanueva – Membro do Parlamento Europeu, Podemos e Secretária Internacional do Podemos, Espanha
  • Comitê Internacional – Socialistas Democráticos da América
  • Ione Bellara – Ministra dos Direitos Sociais, Podemos, Espanha
  • James N. Green – Brown University, EUA
  • Jana Silverman – Center for Global Workers’ Rights, Penn State University, EUA
  • Jean-Louis Fabiani – Universidade da Europa Central
  • Jean-Luc Mélenchon – Fundador do Movimento La France Insoumise, França
  • Jean-Yves Pranchère – Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica
  • Jordán Rodas Andrade – Ex-Procurador Geral de Direitos Humanos
  • Juan Carlos Monedero – Podemos, Espanha
  • Juan Pablo Bohoslavsky – Universidade Nacional do Rio Negro, Argentina
  • Juliette Dumont – Universidade da Sorbonne Nouvelle Paris 3, França
  • Keisha-Khan Y. Perry – Universidade da Pensilvânia, EUA
  • Kendall Thomas – Faculdade de Direito da Universidade de Columbia, EUA
  • Laurie Anderson – compositor americano, músico e diretor de cinema
  • Leila Lehnen – Brown University, EUA
  • Lilith Verstrynge – Podemos, Espanha
  • Luciano Alonso – Universidade Nacional do Litoral, Argentina
  • Luís Hipólito Alen – Professor de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, Argentina; Ex-diretor da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério Nacional da Justiça e Direitos Humanos
  • Luis Ernesto Vargas – Ex-presidente do Tribunal Constitucional da Colômbia
  • Magali Bessone – Panthéon Sorbonne, Sorbonne
  • Marcelo Cavarozzi – Professor de Ciência Política na Universidade San Martín, Argentina
  • Maria Lucia Pallares Burke – Universidade de Cambridge, Reino Unido
  • Mariana Heredia – Pesquisadora independente, Argentina
  • Marina Franco – Universidade Nacional de San Martin, Argentina
  • Maud Chirio – Universidade Gustave Eiffel, Paris, França
  • Michael Löwy – Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), França
  • Michel Cahen – Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), França
  • Mônica Schpun – Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais, Paris, França
  • Nadia Tahir – Universidade de Caen, Normandia, França
  • Nicolas Jaoul – Instituto Interdisciplinar de Institutos Sociais, Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), França
  • Noam Chomsky – Universidade do Arizona, EUA
  • Nora Cortinas – Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora
  • Olivier Compagnon – Instituto de Estudos Avançados da América Latina, Universidade Sorbonne Nouvelle, Paris, França
  • Pablo Iglesias – Podemos, Espanha, ex-vice-presidente
  • Pedro Meira Monteiro – Princeton University, EUA
  • Peter Burke – Universidade de Cambridge, Reino Unido
  • Pierre Salama – Membro do Conselho Distrital de Seine-Saint-Denis
  • Rafael R. Ioris – Universidade de Denver, EUA
  • Raphaëlle Branche – Universidade de Paris, Nanterre, França
  • Remo Carlotto -Diretor Executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL
  • Renata Avila – Diretoria Executiva da CAF, Guatemala; Diretor da Open Knowledge Foundation
  • Roberto Pittaluga – Universidade de Buenos Aires, Argentina
  • Rodolfo Nin – Ex-vice-presidente e ex-chanceler, Uruguai
  • Rodrigo Nabuco de Araújo – University of Reims Champagne-Ardenne, França
  • Roger Waters – Músico, cantor, compositor e compositor, Reino Unido
  • Santiago Garaño – Universidade de La Plata, Universidade de San Martin, Argentina
  • Sergio Costa – professor do Instituto Latino-Americano da Universidade Frei Berlim
  • Seth Garfield – Universidade do Texas em Austin, EUA
  • Sidney Chalhoub – Universidade de Harvard, EUA
  • Sílvia Capanema – Universidade da Sorbonne, Paris Norte, França
  • Sophia Beal – Universidade de Minnesota, EUA
  • Stanley A. Gacek – Sindicato Internacional dos Trabalhadores em Alimentos e Comerciais (UFCW), EUA
  • Stéphane Boisard – Université d’Albi, França
  • Stuart Schwartz – Universidade de Yale, EUA
  • Taty Almeida – Mães da Praça de Maio, Linha Fundadora
  • Thomas Y Levin – Universidade de Princeton, EUA
  • Véronique Boyer – Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), França
  • Victor Abramovich – Universidade de Buenos Aires, Argentina
  • Wagner Moura – Ator, diretor, cineasta, músico e ativista
  • William Bourdon – Rede CAF, França
  • Xavier Vigna – Universidade de Paris, Nanterre, França

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