O Brasil já contabiliza 59 possíveis casos de intoxicação por metanol em 2025, segundo o ministro da Saúde, Nísia Padilha. Das notificações, 53 ocorreram em São Paulo, 5 em Pernambuco e 1 no Distrito Federal. O governo confirmou 11 casos, incluindo uma morte por ingestão de bebida adulterada na capital paulista.
O ministro afirmou que um estoque emergencial de etanol farmacêutico foi criado nos hospitais universitários federais. O produto, usado como antídoto, bloqueia a conversão do metanol em ácido fórmico, substância altamente tóxica capaz de causar cegueira, coma e até a morte. Padilha informou ainda a compra de 4.300 ampolas para distribuição imediata a centros de referência e unidades de saúde sem disponibilidade.
A Anvisa mapeou 604 farmácias que já produzem o etanol farmacêutico e pretende credenciar algumas de referência em todas as capitais para agilizar a resposta. Outra opção é o fomepizol, medicamento considerado mais simples de administrar e recomendado pela OMS, mas que ainda não está disponível no Brasil. O Ministério da Saúde negocia sua importação.
As notificações incluem histórias dramáticas. Rafael Anjos Martins, 28 anos, entrou em coma após beber gin adulterado comprado em uma adega na Cidade Dutra, Zona Sul de São Paulo. Já a designer de interiores Radharani Domingos, 43 anos, perdeu a visão após consumir caipirinhas em um bar nos Jardins.
Bruna Araújo de Souza, jovem de São Bernardo, permanece em estado grave depois de ingerir vodca em um show de pagode. Casos semelhantes envolveram Wesley Pereira, 31 anos, internado após consumir whisky adulterado, e o advogado Marcelo Lombardi, 45 anos, que morreu após beber vodca falsificada comprada em uma adega do Sacomã.
As investigações apontam que parte das bebidas adulteradas circulava em estabelecimentos de bairros nobres e populares, o que amplia a preocupação das autoridades sanitárias e policiais.
Casos de intoxicação por metanol não se restringem ao Brasil. Em 2025, outros países também registraram mortes relacionadas à bebida adulterada, acendendo alerta global sobre a circulação de lotes clandestinos. A OMS classifica o fenômeno como grave problema de saúde pública.
A pasta da Saúde montou uma sala de situação com representantes de vários ministérios, conselhos e secretarias estaduais e municipais. O objetivo é monitorar ocorrências, garantir rápida distribuição de antídotos e orientar gestores locais.
O desafio, segundo especialistas, é evitar que tragédias como a de São Paulo se repitam. O metanol, um álcool de uso industrial em solventes e combustíveis, jamais deveria estar presente em bebidas destinadas ao consumo humano. O alerta das autoridades é claro: diante de suspeita, o atendimento médico deve ser imediato.
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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