Bolsonaro e Michelle: discursos no PL Mulher, silêncios e o futuro da política brasileira

O ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro proferiram discursos em um evento dedicado às mulheres do partido neste sábado (02/09), em Brasília.

Isso ocorreu na mesma semana em que ambos optaram por manter silêncio diante das autoridades da Polícia Federal no âmbito das investigações sobre joias sauditas.

Em seu discurso, Bolsonaro não abordou as investigações em curso, limitando-se a exaltar o trabalho de sua esposa dentro do partido.

Ele destacou a importância do movimento que busca efetivamente inserir as mulheres na política brasileira, proporcionando uma orientação verdadeira para o país.

Bolsonaro reconheceu que as mulheres têm uma perspicácia mais acentuada em comparação aos homens, sendo mais perseverantes e de visão a longo prazo.

Ele ressaltou a liderança de Michelle no PL como um exemplo disso e enfatizou a necessidade da contribuição das mulheres na busca por mudanças.

É relevante notar que, ao final de seu mandato em 2022, Bolsonaro contava com apenas uma ministra titular em seus 23 ministérios, Cristiane Britto, à frente da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos.

[A título de comparação, no governo Lula são 11 mulheres: Ana Moser: Esporte; Anielle Franco: Igualdade Racial; Cida Gonçalves: Mulheres; Daniela de Souza Carneiro (Daniela do Waguinho): Turismo; Esther Dweck: Gestão e Inovação em Serviços Públicos; Luciana Santos: Ciência, Tecnologia e Inovação; Marina Silva: Meio Ambiente; Margareth Menezes: Cultura; Nísia Trindade: Saúde; Simone Tebet: Planejamento e Orçamento; e Sônia Guajajara: Povos Originários.]

Bolsonaro também expressou sua crença de que o Brasil carece de políticos com um comprometimento genuíno com as cores verde e amarelo, capazes de impulsionar o país para uma posição de destaque merecida.

Ele afirmou ter dado o seu melhor durante seus quatro anos de mandato e considerou o ano passado como página virada.

O ex-presidente acredita que suas ideias plantadas ao longo de seu governo são positivas para o Brasil e que a atenção global em relação ao país é um reflexo disso.

Michelle, por sua vez, lamentou que o legado do governo esteja sendo questionado e pediu que todos estejam atentos às falsas informações.

Ela instou as pessoas a não aceitarem um retrocesso no governo atual e enfatizou que sempre trabalharam com base na verdade e na justiça.

A ex-primeira-dama também compartilhou um momento pessoal ao revelar que enfrentou depressão em 2019 e chegou a considerar a ideia de desistir da vida devido aos ataques que sofreu da mídia.

Michelle deixou uma mensagem de incentivo para aqueles que estão pensando em entrar na política, alertando que as críticas virão, mas é essencial manter a liderança e confiar no propósito.

Em um evento anterior do PL Mulheres em Pernambuco, Michelle provocou polêmica ao mencionar que, devido às frequentes perguntas sobre suas joias, lançaria uma linha de produtos chamada “Mijoias”.

Essa declaração irônica gerou desconforto entre os membros do partido.

Ela também sugeriu que a investigação da Polícia Federal sobre o suposto esquema de venda ilegal de joias, recebidas como presentes oficiais pelo ex-presidente, poderia ser uma estratégia para desviar o foco da CPI dos atos de 8 de janeiro.

É importante mencionar que, após serem intimados a comparecer à Polícia Federal no dia 31 de agosto, o casal argumentou, por meio de seus advogados, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não reconhece a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes no caso, o que os levou a decidir pelo silêncio.

A Procuradoria, sob Augusto Aras, solicitou ao STF o encaminhamento do inquérito das milícias digitais, que inclui a investigação do suposto esquema de venda de joias, para a primeira instância, o que retiraria o caso da relatoria de Moraes.

Desde 2020, quando as investigações se aproximaram do círculo mais próximo de Bolsonaro, a PGR tem buscado o arquivamento do caso.

Recentemente, com o início do governo de Lula (PT), a postura da PGR mudou ligeiramente, apoiando a investigação das fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro, mas mantendo o pedido de envio do caso das joias à Justiça de Guarulhos (SP).

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