Por motivos óbvios, a velha mídia corporativa bate bumbo para o crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2023.
No entanto, como a veterana economista Maria Conceição Tavares, 93 anos, sabiamente observou noutros carnavais: “Ninguém come PIB, come alimentos.”
Também é crucial compreender que o povo não se alimenta de dólar ou taxa Selic, embora esses fatores tenham algum reflexo em seu cotidiano.
O dólar alto impacta à medida que o modelo agroexportador de commodities prevalece, diminuindo a produção local de alimentos, por exemplo, encarecendo a comida no prato para o andar de baixo.
Já a taxa Selic não tem relação direta com nós, reles mortais, porque se trata de uma referência para remunerar os títulos da dívida pública para banqueiros e especuladores na hora da mordida no Tesouro Nacional.
O que importa aos brasileiros é a redução imediata da taxa de juros no rotativo do cartão de crédito, que chega pornograficamente até 875% ao ano, e no cheque especial, 180% ao ano.
Nos diz respeito direitamente somente quando o dinheiro é subtraído do Orçamento da União.
Nesse contexto, devemos direcionar nosso foco não apenas para o crescimento do PIB, mas também para o destino desse crescimento.
O que está em jogo em meio a debates sobre o arcabouço econômico, reforma fiscal, desonerações, privatizações e parcerias público-privadas (PPPs) é o controle do Orçamento da União.
Surpreendentemente, metade desse orçamento é destinada ao pagamento de juros e amortizações de títulos da dívida pública.
Curiosamente, a origem dessa dívida nunca foi auditada, gerando incertezas sobre o nosso futuro enquanto civilização.
Nessa batalha, de um lado, encontram-se banqueiros e especuladores, em conluio com os magnatas da mídia, enquanto do outro lado está o semiescravizado povo brasileiro.
Ambos disputam o controle do destino dos recursos arrecadados pelo país.
Aqui, enfatizamos a importância de uma análise mais profunda e reflexiva sobre o crescimento econômico.
O PIB, por si só, não é suficiente para medir o bem-estar da população.
Devemos olhar além dos números e considerar como esses indicadores impactam diretamente a vida das pessoas, especialmente no que diz respeito ao acesso aos alimentos e à qualidade de vida – por meio de serviços essenciais como saúde, educação, lazer, dentre outros.
Neste momento crucial da nossa história, é fundamental que a sociedade exija transparência na gestão do Orçamento da União e a devida auditoria da dívida pública.
Somente assim poderemos garantir que o crescimento econômico beneficie a todos os brasileiros, garantindo o acesso aos alimentos e melhorando a qualidade de vida de nossa nação.
Comemorar o crescimento do PIB, na atual conjuntura, em que a riqueza continua sendo cada vez mais concentrada, é a mesma coisa que torcer pelo entendimento entre a penicilina e a bactéria.
Portanto, caro leitor, fique com o ensinamento da professora Maria Conceição Tavares: “Ninguém come PIB, come alimentos.”
O que é PIB?
O Produto Interno Bruto, abreviado como PIB, é uma medida econômica que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade durante um determinado período, geralmente em um ano.
É uma métrica fundamental para avaliar o desempenho econômico de uma região e medir sua atividade econômica.
O cálculo do PIB envolve a consideração de todos os setores econômicos, incluindo a agropecuária, a indústria e os serviços.
O PIB é expresso em termos monetários, refletindo o valor total de todos os produtos e serviços produzidos.
É uma ferramenta importante para entender a saúde econômica de uma nação e seu nível de riqueza.
No caso do Brasil, o PIB é calculado em moeda nacional (Real) e é usado para avaliar o crescimento econômico do país.
Em 2022, por exemplo, o PIB brasileiro atingiu a marca de R$ 9,9 trilhões.
O PIB per capita, que divide o PIB pelo número de habitantes, também é usado para avaliar o padrão de vida médio da população.
Portanto, o PIB é uma medida crucial para compreender a produção econômica e o desenvolvimento de uma região, sendo uma referência essencial para economistas, governos e investidores.
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