O Blog do Esmael fez um breve balanço do movimento internacional “Stop Bolsonaro” (Pare Bolsonaro), ocorrido neste domingo (28), com atos presenciais e virtuais em pelo menos 50 cidades de 23 países contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua política genocida.
Não basta tirar Bolsonaro, é preciso barrar a política neoliberal que aprofunda a miséria, o sofrimento e a pobreza do povo brasileiro.
Parar Bolsonaro é preciso, mas a necropolítica movida pelo neoliberalismo político também precisa ser parada já.
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O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não combate a pandemia de coronavírus, ele usa a pandemia de coronavírus para fazer negócios contra os interesses da sociedade. Para isso, ele tem a retaguarda de parte da mídia, do Congresso e até do Supremo. O operador do esquema é o ministro da Economia, Paulo Guedes, que, em um país sério, já estaria preso desde o início desta gestão bolsonarista.
Guedes e setores da mídia, como a Veja, aconselham o presidente da República de que a hora de passar a ‘boiada’ é agora com a privatização. Eles tomam como exemplo do marco regulatório do saneamento aprovado na última quarta-feira (24) no Senado, por 65 votos a 13, em meio à pandemia, com o apoio inclusive do senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão do ex-governador e ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT).
Antes, um parêntese. Sobre a expressão ‘boiada’, recordemos da fatídica reunião ministerial de 22 de abril. Na época, o ministro Ricardo Salles dissera que via “oportunidade” com o coronavírus para “passar de boiada” da desregulação na proteção ao meio ambiente. Até porque não se discutia outra coisa, senão a pandemia. “Estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid[-19]”, discursou Salles. Fecha o parêntese.
Os grupos econômicos cujos braços midiáticos operam diariamente avaliam que a janela de oportunidade para as privatizações foi aberta com a pandemia de coronavírus.
“A perspectiva de uma severa crise provocada pela pandemia criou chance rara para o governo negociar com o Congresso a aprovação da venda de estatais”, escreve a Veja, folhetim de especuladores e de banqueiros. “São raros os momentos na política em que as oportunidades para implementar pautas impopulares, mas necessárias ao país, se abrem”, diz a publicação da Abril. “Normalmente, elas duram pouco e demoram anos para voltar a aparecer.”
A Veja apenas verbaliza o que Guedes, Bolsonaro, parte do congresso e do judiciário pensam: aproveitar a porteira da pandemia para passar a ‘boiada’ da privatização, que, em tempos normais, não passaria nem que vaca tossisse arroz doce.
O papo-furado dos neoliberais continua o mesmo de sempre: investimento privado, aliviar as contas públicas, desinchar a máquina estatal, aperfeiçoar os serviços prestados à população, diminuir os imensos cabides de emprego e reduzir o toma lá dá cá político.
Desde o início dos anos 1990, as privatizações são sinônimo de negociatas, malfeitos e piora nos serviços oferecidos aos cidadãos. Por isso, no Brasil e no mundo, são associadas com picaretagens e “roubos” do patrimônio público. “No entanto, já no programa de governo de Bolsonaro, Guedes sinalizou uma firme posição pela desestatização”, propõe a matéria Veja, enumerando 18 estatais para a venda.
Paulo Guedes acredita que é agora ou nunca a oportunidade de privatizar tudo. Ele se apoia numa pesquisa do Datafolha, do ano passado, quando 29% dos entrevistados eram favoráveis à venda dos bancos públicos e 26% à da Petrobras.
“Com a aprovação do marco do saneamento, entende-se também que a receptividade dos políticos à ideia melhorou. O principal fator de mudança no humor do Congresso é o embarque do grupo de partidos conhecido como Centrão no governo”, opina a revista, que vê “águas mais tranquilas” para o presidente Jair Bolsonaro passar a ‘boiada’ da privatização em plena pandemia de coronavírus.
Isso que a velha mídia propõe é roubo. É caso de polícia, não de política.
Alô, Ministério Público!
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.