Abin aponta interferência externa e crime organizado nas eleições de 2026

O relatório da Abin indica que as eleições de 2026 ocorrerão sob risco de interferência externa, ação do crime organizado e uso massivo de inteligência artificial para desinformação, segundo diagnóstico divulgado pela própria agência nesta terça (2).

A avaliação está no documento Desafios da Inteligência — Edição 2026, no qual a Abin descreve ameaças diretas e indiretas à estabilidade institucional e ao processo democrático brasileiro. O texto revela que o país enfrenta um ambiente mais vulnerável desde os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram as sedes dos Três Poderes. Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses por liderar a trama golpista.

A Abin afirma que a possibilidade de interferência externa não pode ser subestimada. O risco inclui campanhas de desinformação sofisticadas, ataques cibernéticos à infraestrutura eleitoral e financiamento oculto de grupos políticos ou movimentos de viés antidemocrático.

O documento também menciona a articulação transnacional de extremistas, que compartilham táticas em fóruns próprios e elevam o nível de coordenação contra instituições democráticas. A agência não cita países, mas auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstram preocupação sobretudo com os Estados Unidos, governados por Donald Trump, que tem atuado publicamente para influenciar disputas políticas no continente.

Trump recentemente ameaçou cortar ajuda externa a Honduras caso seu candidato favorito, Nasry Asfura, não vença. Em relação à Argentina, condicionou apoio a uma vitória do ultraliberal Javier Milei. Lula também criticou a influência de megaempresários estrangeiros, entendida como referência a Elon Musk, dono do X, que opera grandes plataformas de comunicação com alcance global.

Outra frente sensível envolve o crime organizado. A Abin aponta que milícias e facções exercem controle territorial em áreas onde o Estado é frágil, influenciando o voto por meio de coerção, financiamento de campanhas ou indicação de candidatos próprios. Há risco inclusive de eliminação de adversários políticos.

Não é de somenos o levantamento da AtlasIntel, publicado hoje pelo Blog do Esmael, revelando que 63% dos brasileiros veem criminalidade e tráfico de drogas como os principais problemas do Brasil. A corrupção, em segundo lugar, apavora 60% da população.

A agência alerta ainda para a deslegitimação sistêmica das instituições. A desinformação, potencializada pela inteligência artificial generativa e pelos deepfakes, permite falsificação de discursos, criação de falas inexistentes e manipulação de imagens e vídeos com aparência realista.

Esse ambiente de radicalização se combina com a instrumentalização de crenças religiosas para mobilização política, acentuando a polarização e fragilizando o debate público.

O relatório também lista desafios estratégicos fora do calendário eleitoral. A transição para a criptografia pós-quântica é considerada fundamental para proteger comunicações sigilosas, documentos oficiais e a soberania digital do Estado. Outro risco crescente envolve ataques cibernéticos autônomos com agentes de IA, capazes de planejar e executar ofensivas sem intervenção humana.

A radiografia da Abin confirma o que setores democráticos vêm reiterando desde 2023, inclusive o Blog do Esmael: as eleições de 2026 serão disputadas num cenário de múltiplas pressões, que exigem vigilância, defesa institucional e transparência para proteger o voto e a soberania nacional.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

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