Onda intensa de frio exige ação rápida dos prefeitos para salvar vidas vulneráveis

Por Milton Alves*

A forte onda de frio de origem polar que chegou ao Brasil nesta última semana de julho fez a temperatura despencar nas capitais das regiões Sul e Sudeste. Os serviços de meteorologia indicam baixas temperaturas, a ocorrência de fortes geadas e até a possibilidade da formação de chuvas congelantes.

A previsão de baixas temperaturas vai demandar dos prefeitos medidas emergenciais para proteger as milhares de pessoas em situação de rua e das populações que vivem em precárias ocupações urbanas.

Nos últimos anos, como resultado da grave crise econômica e social, cresceu de forma avassaladora o número de pessoas que vivem nas ruas dos centros urbanos e regiões metropolitanas do país. A política econômica desastrosa do governo Bolsonaro, que gerou um desemprego recorde, jogou milhares de famílias para o asfalto e para os vãos de viadutos.

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É verdade que o frio pode matar, porém uma intervenção organizada e cuidadosa das administrações municipais são fatores indispensáveis para proteger a vida dos segmentos vulneráveis e excluídos da população — atingidos ainda pela pandemia do coronavírus.

Em Curitiba, uma das cidades mais frias do país, o momento exige do prefeito Rafael Greca uma abordagem não convencional da questão e que abra espaço para o protagonismo dos moradores em situação de rua e dos movimentos e entidades que lidam com a questão.

Economia

As autoridades municipais precisam implementar medidas imediatas como o abrigo de moradores de rua, utilizando espaços públicos como os ginásios de esportes, providenciar a instalação de tendas nas regiões centrais para o pernoite e a guarda de pertences, e a distribuição de cobertores, mantas e comida quente.

Além disso, é urgente criar uma força-tarefa com a defesa civil, guarda municipal, igrejas e voluntários para coordenar a ação humanitária, evitando, assim, a perda de mais vidas para a vigorosa intempérie do período.

Para além da ocorrência de dias com temperaturas mais frias e da necessidade da proteção imediata, o fenômeno da crescente população de rua revela a brutal situação de exclusão de vastos segmentos sociais empobrecidos pela crise –, vitimados por um modelo econômico concentrador da renda, da propriedade e da riqueza.

O frio só destampou mais ainda a nossa desigualdade social.

*Milton Alves é ativista político e social, militante do Partido dos Trabalhadores em Curitiba.