Covid-19: Macron decreta novo confinamento nacional na França até 1° de dezembro

O presidente francês Emmanuel Macron anunciou na noite desta quarta-feira (28) a instauração de um novo período de confinamento geral do país. A medida foi tomada para tentar conter a aceleração da segunda onda da pandemia de Covid-19. A França chegou a registrar mais de 50 mil novos casos de contaminação diários.

Em um esperado discurso de pouco mais de 20 minutos de duração, o chefe de Estado apresentou a evolução recente da pandemia de Covid-19. Macron disse que todas as medidas consideradas indispensáveis foram tomadas. “Mas elas se mostraram insuficientes”, disse o presidente, lembrando que a França, como outros países europeus, foi “surpreendida pela evolução do vírus”.

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Por essa razão, “eu decidi que teremos que retomar, a partir de sexta-feira (30), o confinamento que parou o vírus (no primeiro semestre). Todo o território nacional será afetado”, disse o presidente. A medida ficará em vigor pelo menos até 1° de dezembro, mas poderá ser prolongada se o ritmo de contaminações continuar acelerado.

Economia

“A economia não deve parar, nem desmoronar”, frisou o presidente, lembrando que a população poderá continuar saindo de casa para trabalhar. No entanto, o líder francês insistiu que, “em todos os locais onde for possível, o trabalho remoto será generalizado”.

Escolas permanecem abertas
Bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais vão fechar. Mas diferentemente do confinamento de dois meses, imposto entre março e maio, as escolas vão permanecer abertas. Além disso, “as administrações continuarão funcionando, assim como as fábricas, as fazendas, e as obras públicas”, explicou Macron, no que dá indícios de um isolamento mais leve que o imposto no primeiro semestre.

Os detalhes exatos sobre esse segundo confinamento serão dados na quinta-feira (29). O primeiro-ministro Jean Castex anunciou uma coletiva de imprensa no final do dia.

Mas o presidente já avisou que a população terá que adotar novamente o uso de atestados para justificar saídas de casa consideradas indispensáveis. Macron também disse que as fronteiras internas do país não serão fechadas. No entanto, as fronteiras europeias devem continuar abertas. Porém, ele insistiu que “nenhum viajante poderá entrar no território europeu sem que tenhamos certeza de que não está contaminado”.

Segunda onda pior que a primeira
Macron confirmou as previsões de alguns especialistas, e disse que a segunda onda da pandemia será mais difícil que a primeira, já que praticamente todas as regiões do país estão em alerta e que os leitos nos serviços de reanimação estão sendo ocupados rapidamente. Segundo o presidente, se o ritmo de contaminação persistir, a França terá em breve 9 mil pessoas hospitalizadas em reanimação, o que se aproxima do limite dos serviços hospitalares do país.

O chefe de Estado foi enfático ao dizer que a França fez o necessário para preparar seus serviço de saúde. Macron lembrou que desde o início da pandemia, o país passou de 5 mil para 6 mil leitos em reanimação e pretende atingir os 10 mil até o final do ano. Porém, o presidente lembrou que essas medidas não são suficientes, já que falta pessoal habilitado para trabalhar nessas unidades. “É preciso cinco anos para formar um enfermeiro para atuar em um serviço de reanimação”, explicou.

Mais de 2/3 dos franceses já são submetidos a um regime de toque de recolher entre 21h e 6h da manhã. No entanto, a França é um dos poucos países na Europa e reinstaurar um confinamento generalizado. Alguns nações do bloco europeu decretaram o confinamento regional. Mas até agora, apenas a Irlanda e o País de Gales isolaram toda a população uma segunda vez desde o início da pandemia.

Por RFI