Gilmar Mendes diz que Lava Jato virou um partido político

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (24) que a Lava Jato se transformou em um partido político. A afirmação foi feita à jornalistas em Lisboa.

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“A Lava Jato nada mais é do que um grupo de trabalho. Mas, por um vício, esses vícios comuns a nós, ela virou na verdade uma instituição, um partido político”, disse o ministro ao comentar a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) de abrir um processo administrativo disciplinar contra o procurador federal e coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol.

Ontem (23), o CNMP decidiu apurar a conduta de Dellagnol. Em entrevista à rádio CBN, em agosto de 2018, o procurador disse que os ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Lewandowski formam “uma panelinha” na 2ª Turma da Corte que “manda uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”.

Para Gilmar, houve por parte da mídia uma tentativa de reduzir o teor das declarações de Dallagnol sobre o Supremo.

“Acho que a mídia está até minimizando isso. O que ele disse é que a turma [do Supremo] passava uma mensagem favorável de leniência quanto à corrupção, esta foi a imputação dele. E, depois disso, que formava uma panelinha. Foi por isso que houve a representação”, afirmou.

Economia

O ministro também criticou a tentativa de criação de uma fundação privada ligada à força-tarefa da Lava Jato.

“Eles teriam 100 milhões de euros para brincar de agentes sociais”, avalia. “Era a brincadeira que Dallagnol teria para fazer política, talvez para fazer campanha e coisas do tipo”, completou.

Gilmar falou ainda sobre supostos abusos da Lava Jato, que teria criado uma espécie de constituição própria em Curitiba.

“Acho que o poder envolve responsabilidade para todos. Foi o que disse ontem: estado de direito não convive com soberanos. Na medida que alguém descola e passa a operar sem ter que prestar contas a ninguém vira soberano. Passou a existir o que brinquei: a constituição de Curitiba”, disse.

Com informações da Folha