Veja comemora Black Friday de Bolsonaro; povão pagará a conta

Nas redações das revistas semanais brasileiras tem uma ordem unida: ao invés de bom dia ou boa noite deseje sempre “saúde” porque, a qualquer momento, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) pode espirrar… Assim ocorre na IstoÉ, assim também ocorre na Veja que na edição deste fim de semana elogia a Black Friday do ‘Coiso’.

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“Economia começa a dar sinais de melhora, e o anúncio de nomes tarimbados dos setores público e privado para cargos-chave do novo governo entusiasma mercado”, diz o subtítulo da matéria de capa na Veja.

O diabo é que Veja não consegue analisar os fundamentos da economia dentro de uma lógica estruturada e plausível, apenas exercita a sabujice própria dos demais semanários que apoiaram a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) e que agora tentam se ajustar ao presidente eleito. Ou seja, a Abril, em processo de recuperação judicial, quer ficar ‘de bem’ com Bolsonaro por isso o estilo ‘água com açúcar’ acrítico.

Veja já deveria ter aprendido pelos anos que milita que a economia não vive somente de “torcida”, “confiança” ou “entusiasmo”. Isto tudo tem prazo de validade curto. São fundamentos equiparados a voos de galinha, portanto, sem consistência alguma.

O que determina a pujança econômica de um país é o norte da política produtiva, qual seja, a produção em detrimento da especulação. O que a Veja louva, no entanto, é a especulação do dito mercado que não produz uma agulha sequer em detrimento do emprego e da renda.

Economia

Se Veja especula, ótimo, ela pode ganhar algum dinheiro com a desgraça alheia. Somente ela e mais algum punhado de sabidos. O povão mesmo, coitado, tende a continuar pagando pela ganância desses poucos com tributo alto, salário baixo e desemprego nos céus.

Vender, doar, liquidar, privatizar patrimônio público — de todos nós — para satisfazer a especulação de meia dúzia de banqueiros espertalhões deveria ser crime lesa-pátria, contra a economia popular, enriquecimento sem causa, dentre outras qualificadores que em qualquer outro país sério do planeta daria prisão perpétua.

O que interessa é que na Veja e nas demais revistas semanais brasileiras tem uma ordem: diga sempre “Saúde!”, pois Bolsonaro pode espirrar a qualquer momento.