Artigo de Edson Feltrin: “O início da decadência tucana no Paraná”

por Edson Feltrin*

O grupo político do PSDB do Paraná, comandado pelo governador Beto Richa, está em franca decadência depois de uma rápida ascensão. Senão vejamos: Como sabemos, Richa se elegeu prefeito de Curitiba em 2.004, foi reeleito em 2.008 e, logo em seguida, 2.010, foi eleito governador do estado do Paraná.

Ao assumir o governo em 1!° de janeiro de 2.011 em seu discurso de posse, não faltaram arroubos de que, o Paraná, a partir daquele instante viveria uma nova era de realizações. Ledo engano.

Constatar-se-ia mais tarde que o discurso era vazio, cheio de promessas demagógicas, muito engodo e nada de concreto. Naquela oportunidade, para enganar a torcida, não faltaram críticas ácidas contra seus antecessores, Roberto Requião e Orlando Pessuti.

Hoje, já passados mais de 15 meses de gestão, o que vemos é uma grande decepção, que atinge todas as camadas da população. O governo Beto Richa nada apresentou de concreto, a não ser correr à  Brasília com o pires na mão, em busca de recursos do governo federal. E, a cada volta de Brasília o que percebemos é um sorriso! amarelo do governador que, por não conseguir nada, passou a tecer ácidas críticas ao governo federal.

A marca do governo até então, infelizmente, são os escândalos e os aumentos de impostos que, pouco a pouco, vai deixando a população descrente e irritada. O escândalo do porto de Paranaguá é emblemático, tanto do ponto de vista da ética, quanto da moral, pois a imprensa tem divulgado amplamente a possível venda de cargos de confiança para favorecer a eleição de um partidário do governador à  prefeitura de Paranaguá nas eleições deste ano.

Economia

Outro fator que tem irritado sobremaneira a população é o constante aumento de impostos (taxas do Detran, na ordem de mais de 300%-, tarifa de água da Sanepar, 35% em pouco mais de 1 ano, quando a inflação do período não chegou atingir 6%). O caso da Sanepar – companhia de saneamento do Paraná S/A, presidida por Fernando Ghignone, como é de conhecimento público, foi denunciado na CVM – Comissão de Valores Mobiliários, que está investigando possível vazamento de informações privilegiadas e, que, teria favorecido amigos! que, supostamente, ganharam fortunas na compra de ações da empresa. Só um lembrete, Fernando Ghignone, além presidente da Sanepar, também preside o PSDB de Curitiba, partido do governador e, está sendo cogitado para ser o candidato a vice, na chapa de Luciano Ducci.

Outra decepção é a nomeação desenfreada de parentes, tanto no governo do estado, como na prefeitura municipal de Curitiba. E, por último, a compra suspeita de um avião para as viagens do governador, com dinheiro da COPEL- empresa paranaense de eletricidade, que gerou protesto e reprovação na opinião publica. O avião, um turboélice, custou a fortuna de 16,9 milhões de reais aos cofres públicos. Não satisfeito, o governo anuncia que poderá comprar mais 4 aeronaves: um jato, mais um turboélice e dois helicópteros. à‰ um escárnio, para dizer o mínimo.

O governo só não é mais vazio, pífio e perdulário por falta de espaço.

Na prefeitura municipal de Curitiba, Beto Richa deixou seu aliado, Luciano Ducci, que a partir de abril de 2.010 tornou-se prefeito da cidade e, partir daí, se viu envolvido num turbilhão de escândalos. Vide caso CONSILUX (Urbs); caso Derosso (seu aliado na Câmara Municipal que foi obrigado a renunciar a presidência em razão da gravidade das denúncias que pesam contra ele); o IPMC que, está sob suspeita de aplicação milionária de dinheiro do servidor em banco falido americano (correndo sério risco de não resgatar a aplicação, com prejuízo das aposentadorias e pensões dos funcionários municipais). A CVM também investiga o caso.

E, finalizando, o caso ICI- Instituto Curitiba de Informática que, depois que sua base de apoio na Câmara negou seis pedidos de informações à  oposição, a FEMOTIBA, através mandado de segurança, ganhou medida liminar, concedida pelo Juiz da 6!° Vara da Fazenda Pública, que obriga o ICI fornecer cópia de todos os contratos e convênios dos últimos 5 anos, firmados com os prestadores de serviços de informática à  prefeitura de Curitiba, sob pena de, não o fazendo, pagar uma multa de R$ 5 mil ao dia. O prazo para a entrega dos contratos expira nos próximos dias.

Como é de conhecimento público, esses contratos somam a exorbitante quantia de R$ 10 milhões mensais, valor que gera muitas dúvidas. Ou seja, será que a prefeitura de Curitiba tem demanda para gastar essa fortuna com serviço de informática? E, por que toda essa resistência da prefeitura em tornar públicos esses contratos? Não será isso, motivo bastante para despertar desconfiança na população sobre esses gastos?

Não bastassem todos esses escândalos, a prefeitura também vive em permanente divergência com o funcionalismo e, até então, não tem tido a devida competência para resolver o conflito. E, a conseqà¼ência disso é o caos que, aos poucos, vai tomando conta da cidade. Com isso, os serviços públicos perdem qualidade, a população vai se irritando mais e mais, e o prefeito vê despencar seus índices de aprovação.

Nesse quadro caótico, o governador apresenta à  Curitiba seu candidato a prefeito, Luciano Ducci, que, a partir da posse, não fez outra coisa senão administrar escândalos e, é público e notório que, sua gestão praticamente não apresentou nada de concreto que viesse beneficiar a população da cidade, a não ser alguma realização pontual, desacompanhada de competente planejamento.

Sua base de apoio na Câmara Municipal está à  deriva e os vereadores que a compõem terão sérias dificuldades de olhar no olho do eleitor curitibano e pedir votos, pois o escândalo que envolveu o vereador Derosso (presidente da Câmara) e, que, foi acobertado pelos vereadores que apoiam Ducci, causou-lhe, com certeza, um prejuízo eleitoral sem precedentes.

A situação acima aponta para uma verdadeira catástrofe eleitoral tanto para Luciano Ducci quanto para seus vereadores e, consequentemente, significará o fim prematuro da era Beto Richa (quero crer que para o bem de Curitiba e do Paraná).

A decadência encerrará seu ciclo nas eleições de 2.014, quando Beto Richa disputará a reeleição ao governo do Estado e, com a derrota de seu grupo em Curitiba, estará indicado o prenúncio de sua derrota em 2.014.

A partir daí, com certeza, viveremos dias mais prósperos, tanto em Curitiba, como no Paraná.

Quem viver, verá. E será testemunha da História.

* Edson Feltrin, advogado, presidente da FEMOTIBA – Federação das Associações de Moradores de Curitiba e secretário do PDT de Curitiba.

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