Vem aí o partido Afro: Afrobrasilidade se organiza no Paraná e no Brasil

O Partido Afrobrasilidade, também conhecido como Afro, está ganhando força e se preparando para entrar na arena política brasileira, com planos de disputar as eleições de 2024.

Originado em Minas Gerais e liderado por Weder Gonzaga Fernandes Bueno, o partido tem experimentado um crescimento significativo em todo o país, estendendo suas atividades para 26 estados, incluindo Brasília, Rio de Janeiro e, mais recentemente, Curitiba, onde está marcada sua próxima convenção no começo de dezembro.

O Afrobrasilidade surgiu da visão de Weder Bueno, natural de Uberlândia, Minas Gerais.

>>Caso de racismo no CEP é mais um gol contra a militarização das escolas

No Paraná, o partido Afro está sob a batuta do advogado José Luiz Teixeira, presidente do Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais e membro do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial do Município de Ponta Grossa.

Recentemente, ele recebeu o título de ‘Doutor Honoris Causa’, em São Paulo, pela Faculdade Febraica e a Ordem dos Capelães do Brasil.

Economia

A honraria foi concedida a Teixeira em reconhecimento pelo ativismo histórico do advogado contra o racismo e também pelo respeito às religiões de matriz africana em Ponta Grossa e na região. 

“Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por ter o meu ativismo de 40 anos reconhecido por outro estado, São Paulo; fiquei triste porque o Paraná [ainda] não reconheceu esse meu trabalho a favor do povo e da igualdde racial”, desabafou.

>>Sindicato dos Frentistas ingressa como Amicus Curiae em caso de racismo em Curitiba

Em entrevista para o Blog do Esmael, o presidente estadual do Afro afirmou que a orientação do novo partido será de centro-esquerda.

“Não aceitamos o ultradireitismo porque não aceitamos que o povo fique escravo do mercado financeiro”, disse ele.

Ex-filiado PT em Ponta Grossa, onde militou por 41 anos, José Luiz Teixeira já foi dirigente sindical dos ramos do papel e da metalurgia desde o início dos anos 80.

Ele também foi vereador da cidade de Ponta Grossa, pelo PT, entre 2001 e 2004, durante a gestão do prefeito Péricles Mello (PT).

[Texto continua após a foto…]

José Luiz Teixeira exibe o diploma de Doutor Honoris Causa, recebido em São Paulo.

“Nossos jovens [pretos] não chegam aos 30 anos”, lamentou ele, ao fundamentar a necessidade do partido Afro para a defesa da vida de mulheres, homens e crianças, que, segundo ele, são vítimas da violência do próprio Estado.

Após quatro anos de formação e três encontros nacionais, incluindo duas convenções, o partido foi oficialmente aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em setembro de 2023.

Com representação em 15 estados, possui uma executiva nacional e diretório consolidados.

>>Curitiba rejeitou feriado no Dia da Consciência Negra

Em novembro de 2023, a coleta de assinaturas de apoio à fundação do partido teve início, seguindo as normas do TSE, que exigem cerca de 550 mil assinaturas, equivalente a 1% do eleitorado de cada estado.

Essa etapa é crucial para garantir a existência legal do Afrobrasilidade.

“Nós já somos um partido de fato, agora estemos trabalhando para a formalização do ponto de vista do direito”, afirmou Teixeira, de olho na eleição de prefeitos e vereadores no ano que vem.

No dia 8 de dezembro próximo, às 18h, o Afro realizará seu primeiro congresso estadual no Instituto Federal do Paraná (IFPR), na Rua João Negrão, 1.285, Rebouças, em Curitiba.

O partido nasce com o propósito de ser um suporte para o povo negro, enfrentando desafios econômicos, sociais e educacionais.

>>Presidente da ALEP anuncia pedido de cassação contra Renato Freitas

O Afrobrasilidade busca ser mais do que um partido étnico, almejando servir toda a nação, enquanto se compromete a não deixar a população negra refém de sua própria história.

O Paraná desempenha um papel fundamental no amadurecimento do Afrobrasilidade, com diversas cidades envolvidas na articulação do partido.

Professores, advogados, delegados aposentados, trabalhadores, estudantes, empresários e representantes de diferentes religiões contribuem para a diversidade e inclusão defendidas pelo partido.

Segundo o IBGE, 56% da população brasileira se autodeclara preta (9%) ou parda (47%).

No Paraná, cerca de 24,5% da população é negra, destacando o estado como o que possui a maior população negra na região Sul do país.

O Partido Afrobrasilidade está marcando seu lugar na história do Brasil, prometendo uma voz significativa para a comunidade negra, enquanto avança com determinação em sua jornada política.

“Nós consumimos, nós empreendemos, mas nós não temos acesso a créditos e fomentos”, finalizou o presidente estadual do Afro, ao encerrar a entrevista para o Blog do Esmael.

4 Respostas para “Vem aí o partido Afro: Afrobrasilidade se organiza no Paraná e no Brasil”

  1. Identitarismo não é humanismo. É a vingança dos oprimidos contra os opressores na tentativa de criar uma nova elite que vai substituir a atual, apenas invertendo o lado das desigualdades. Triste ver que, ao invés do combate a sociedade de classes (todos os seres humanos são iguais perante a lei, mas com as suas características peculiares respeitadas de acordo com as circunstâncias), a esquerda brasileira se vendeu a esta ideia da direita norte americana, criada apenas para compensar as injustiças do Capitalismo que insiste em permanecer. Identitarismo separa, cria novas elites.

  2. Já passou da hora de um partido que represente os afrodescendentes. E começar a cobrar dos futuros governantes deste país, mais respeito à este povo. Afinal, somos mais de 60 % da população, somando, os pardos, mulatos e negros. Parabenizo a ousadia e coragem de criar um partido que de fato represente o “imigrantes” que foram trazidos ao Brasil à força e aqui trabalharam para o Brasil crescer. Boa sorte e sucesso. Até fiquei bem a vontade em me filiar.

  3. PRESTARAM ATENÇÃO NA FALA DO MALUCO? Ele PEDIU para ser premiado, no caso ser premiado pelo Estado do Paraná.
    Essa é a filosofia dessa gente: perder a vergonha em pedir por privilégios, como as cotas racistas. São identitários que querem criar uma casta, e não apenas corrigir reparações.

  4. Depois de ler dois comentários, fico pensando. Como este povo é racista. Agora usam a palavra “identitarismo” para disfarçar sua raiva contra a etnia negra. Acredito que ser fosse criado um partido “nórdico brasileiro”, será que haveria os mesmos comentários?
    O Brasil tem muito ainda que evoluir, tem muito ainda para ser educado, e o povo brasileiro tem que entender que o negros fazem parte de nossa sociedade e fazem também parte de nossa história, como: Machado de Assis, os irmão engenheiros Rebouças, Pelé e tantos outros que no passado engrandeceram a nossa nação. Vai ser um caminho árduo e longo, mas, acredito que será um caminho para o progresso social do Brasil. E faço a seguinte pergunta aos ilustres. Se estas pessoas que usam a cota para conseguir crescer na vida, se tivessem as mesmas oportunidades de vida desde o nascimento, com alimentação, conforto e bons estudos. Acho que não precisariam de cota, e acredito que não querem cota, mas, é a única saída deles para ficarem em igual condições de competição.

Deixe um comentário