Veja essa: Javier Milei, o Bolsonaro argentino, alega fraude eleitoral à véspera da votação

Pode ser muita coincidência, mas a polêmica denúncia do candidato extremista Javier Milei, de fraude eleitoral, ocorreu após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho zero três do ex-presidente Bolsonaro, desembarcar na Argentina como “arma secreta” da ultradireita no país vizinho.

Além do filho do ex-presidente Bolsonaro, estão na Argentina “em missão oficial” seus colegas de parlamento Rodrigo Valadares (União-SE) e Marcel van Hattem (Novo-RS).

Neste domingo (22/10), os argentinos irão às urnas para escolher seu próximo presidente da República cujas regras eleitorais são claras sobre a hipótese de vitória no primeiro turno:

  • O candidato mais bem votado tiver 45% dos votos ou mais ou;
  • O candidato mais bem votado tiver mais de 40% dos votos e, ao mesmo tempo, 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo melhor candidato.

Dito isso, o candidato da La Libertad Avanza, Javier Milei, levantou sérias preocupações acerca da integridade do processo eleitoral, sugerindo a possibilidade de fraude ou roubo de cédulas.

[O voto na Argentina é impresso, tal qual reclama a extrema direita no Brasil…]

Em resposta a essas alegações, o fiscal federal com jurisdição eleitoral, Ramiro González, abriu uma investigação preliminar.

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Milei já havia expressado as mesmas preocupações nas redes sociais durante as eleições primárias, quando emergiu como o candidato mais votado.

O Poder Judiciário decidiu tomar medidas diante da possibilidade de uma estratégia que visa desconhecer os resultados eleitorais de domingo.

De acordo com González, “manifestações de um candidato presidencial de um partido político indicam a denúncia de eventos de grande gravidade institucional.”

Nesse contexto, o fiscal já ouviu o depoimento do representante legal do partido de extrema direita, o advogado Santiago Viola.

Viola, ao comparecer nos tribunais de Comodoro Py, expressou as mesmas dúvidas que Milei havia exposto em entrevista ao canal Crónica TV e em suas redes sociais após as eleições primárias.

Os libertários alegam que houve um desvio de entre 2 e 5 pontos percentuais em seu favor.

O advogado de Milei apresentou ao fiscal Ramírez os mesmos relatos e vídeos compartilhados nas redes sociais, que afirmam a “intenção” de distribuir cédulas falsas, invalidando votos e alegando possíveis roubos de cédulas nas escolas de votação.

Viola também levantou preocupações com as boletas falsas, argumentando que essas poderiam apresentar “diferenças mínimas e possivelmente imperceptíveis para o eleitor”.

[A matéria continua após a foto…]

Na Argentina, a extrema direita alega fraude eleitoral da votação impressa…

Ele solicitou que a Junta Nacional Eleitoral aprovasse todas as boletas “de forma clara e precisa.”

Além disso, como argumento adicional para suas suspeitas, o advogado de Milei mencionou declarações públicas que sugerem que alguém estava tentando “roubar” os votos de Milei.

No entanto, é importante notar que La Libertad Avanza duplicou o número de fiscais partidários para estas eleições, passando de 70 mil para 130 mil, de acordo com fontes do partido de extrema direita.

Presume-se que a aliança com o sindicalista Luis Barrionuevo, conhecido por incidentes durante eleições anteriores, fornecerá parte desses fiscais.

Outras alegações dos libertários envolvem a falta de cédulas, algo que é comum em todas as eleições, mas que raramente se traduz em denúncias judiciais.

Viola também expressou preocupação com a possível “manipulação de dados durante a contagem provisória.”

No entanto, Marcos Schiavi, chefe da Direção Nacional Eleitoral, afirmou que não há possibilidade de fraude, assegurando que “o sistema eleitoral é seguro.”

Ele destacou a satisfação da Câmara Nacional Eleitoral, dos tribunais, das principais forças políticas, de seus representantes legais e de seus respectivos assessores tecnológicos com o processo e a transparência.

Portanto, as dúvidas levantadas publicamente por Milei e por seu representante legal não parecem refletir as opiniões das autoridades eleitorais.

Outra coincidência: nas vésperas da invasão do Capitólio, Washington, Eduardo Bolsonaro voou para os Estados Unidos e foi recebido por familiares e estrategistas de Donald Trump.

Pensando bem, “Dudu Bananinha”, como é chamado o filho do ex-presidente, é um excelente organizador de derrotas mundo afora.

Ele é uma espécie de Mick Jagger na política latino-americana.

Quem é Santiago Viola?

O representante legal da La Libertad Avanza enfrentou uma situação controversa no passado.

Em 2019, a Câmara Federal o processou, com votos de Leopoldo Bruglia e Pablo Bertuzzi, por apresentação de testemunhas falsas em um caso que envolvia a família de Lázaro Baéz, quando Viola representava um dos filhos de Baéz, Leandro.

No entanto, em 2021, a Câmara de Casação Penal confirmou seu arquivamento.

O caso girou em torno da apresentação de testemunhas, Gabriel Corizzo e Carlos Scozzino, que alegaram que o juiz Sebastián Casanello havia se encontrado com a então presidente Cristina Kirchner em Olivos, no final de 2015.

Esses depoimentos levaram à recusa de Casanello no caso que investigava os Baez.

No entanto, Corrizo e Scozzino reconheceram a falsidade de seus depoimentos e foram condenados a três anos de prisão pelo Tribunal Oral 3.

Os condenados apontaram Viola e um ex-agente da Agência Federal de Inteligência, Eduardo Miragaya, como responsáveis, embora ambos tenham sido absolvidos.

Curiosamente, Miragaya posteriormente trabalhou na Unidade Fiscal para a Investigação de Delitos contra o Meio Ambiente (UFIMA), com o fiscal Ramiro González, que agora está encarregado da investigação preliminar das alegações de fraude feitas por Milei.

Viola também foi nomeado interventor no Sindicato de Obreros Marítimos Unidos (SOMU) durante a investigação de Omar “Caballo” Suárez.

Além disso, sua mãe, Claudia Balbín, com quem compartilha um escritório, representou Lázaro Báez, que alegou ter sofrido pressões para depor contra Cristina Kirchner.

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