Uma pesquisa divulgada pelo Washington Post-ABC, neste domingo (24/9), que aponta o ex-presidente Donald Trump liderando o presidente Joe Biden por 10 pontos percentuais, causou um profundo debate e controvérsia nos Estados Unidos.
Trump lidera a corrida pela Casa Branca com 54% das intenções de voto, enquanto Biden tem 42%.
A desvantagem de Biden nas pesquisas talvez ajude a explicar o movimento pelo trabalho digno lançado na semana passada juntamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a pesquisa, Biden enfrenta críticas sobre economia, imigração e idade.
Embora seja importante notar que os próprios responsáveis pela pesquisa advertiram que ela é um ponto fora da curva, as implicações e críticas que ela suscitou são inegáveis.
Larry Sabato, um renomado analista político e diretor do Center for Politics da University of Virginia, não economizou palavras ao criticar a decisão de publicar essa pesquisa.
Em suas palavras, considerou-a “absurda”.
Em uma plataforma de mídia social, ele expressou sua perplexidade, afirmando:
“Ignorem a pesquisa Washington Post-ABC. Como vocês podem sequer publicar uma pesquisa tão absurda em sua essência? Será um constrangimento duradouro para vocês.” Sabato ainda enfatizou que a pesquisa é “simplesmente embaraçosa – para eles.”
Outro comentarista político de destaque, Nate Cohn, analista político-chefe do New York Times, também fez eco às críticas à pesquisa.
Cohn apontou que esta não é a primeira vez que o Washington Post-ABC divulga resultados que divergem significativamente da maioria das outras pesquisas.
Ele destacou a dificuldade de liberar resultados considerados “fora da curva” e afirmou que, quando isso acontece consecutivamente na mesma corrida eleitoral, é preciso avaliar o método utilizado.
Em suas palavras, “Se isso acontece duas vezes seguidas na mesma corrida, está claro que esse é o resultado de algum elemento em sua abordagem, e você precisa decidir se está satisfeito com isso e defendê-lo ou se precisa rever sua metodologia.”
O próprio Washington Post reconheceu que sua pesquisa estava em desacordo com a maioria das outras pesquisas que, em geral, mostram uma corrida eleitoral acirrada entre o presidente Biden, democrata, e o ex-presidente Trump, republicano, caso se enfrentem na eleição presidencial de 2024.
Em sua análise, o Post observou que “a pesquisa mostra Biden atrás de Trump por 10 pontos percentuais neste estágio inicial do ciclo eleitoral, embora a grande margem da liderança de Trump nesta pesquisa esteja significativamente em desacordo com outras pesquisas públicas que mostram a corrida eleitoral geral como um empate virtual.
A diferença entre esta pesquisa e outras, bem como a composição incomum das coalizões de Trump e Biden nesta pesquisa, sugere que este é provavelmente um ponto fora da curva.”
Apesar das críticas, vale ressaltar que houve vozes que apoiaram os resultados da pesquisa.
Martha Raddatz, apresentadora do programa “This Week” da ABC, comentou que, independentemente das ressalvas sobre ser ou não um ponto fora da curva, é uma situação desafiadora de se lidar.
Donna Brazile, ex-presidente do Comitê Nacional Democrata, instou os democratas a não entrarem em pânico e a comunicarem suas mensagens ao povo americano.
Segundo ela, os americanos estão preocupados com o aumento dos custos de vida, e é fundamental que os democratas transmitam suas propostas.
Raddatz respondeu a Brazile, enfatizando que os democratas estão tentando se comunicar com o povo americano, mas que as questões econômicas são centrais e as pessoas ainda não estão sentindo melhorias em seus bolsos.
Enquanto a pesquisa Washington Post-ABC pode gerar controvérsia quanto à corrida presidencial de 2024, é importante notar que Donald Trump mantém uma vantagem substancial nas pesquisas nacionais e estaduais em relação à nomeação republicana.
Isso ocorre apesar dos mais de 90 processos criminais que enfrenta, relacionados a tentativas de subverter a eleição de 2020, retenção de informações classificadas após seu mandato e pagamentos de silêncio à atriz pornô Stormy Daniels.
Em suma, a pesquisa Washington Post-ABC, embora controversa, destaca a complexidade e a dinâmica em constante evolução da política americana.
À medida que a eleição de 2024 se aproxima, esses dados iniciais podem desempenhar um papel significativo na formação da estratégia política de ambos os partidos.
No entanto, é fundamental interpretar esses resultados com cautela e aguardar mais pesquisas para obter uma imagem mais precisa do que está por vir nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Cerca de 260 milhões de eleitores americanos estão aptos a votar em novembro de 2024, no entanto cerca de 160 milhões foram às urnas nas eleições de 2020.
LEIA TAMBÉM
- Lula e Biden querem trabalho digno em tempos de neoliberalismo econômico
- Lula retorna ao Brasil após périplo internacional por Cuba e Estados Unidos
- Ao vivo: Lula e Biden anunciam nos EUA parceira contra a precarização do trabalho
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Parece que os americanos não aprenderam a lição, ou, pior ainda, veem nesta cara a salvação da pátria deles, ferrando com as dos outros com protecionismo e jogo sujo no mercado. Espero que na questão política o brasileiro tenham aprendido a lição em vista do que ocorreu em 08/01/2023.