O presidente Donald Trump intensifica presença militar no Caribe e coloca Venezuela no centro de uma possível ofensiva.
A movimentação de navios de guerra, submarinos e caças F-35 em Porto Rico reacendeu o temor de que os Estados Unidos lancem uma invasão para depor Nicolás Maduro, presidente venezuelano, acusado por Washington de liderar um “narco-Estado”.
O Pentágono já confirmou ataques a três embarcações no início de setembro, sob alegação de combate ao tráfico de drogas.
Mas especialistas, diplomatas e militares ouvidos pelo New York Times avaliam que o alvo real é o regime chavista.
O secretário de Estado, Marco Rubio, chamou Maduro de “fugitivo da justiça americana” e afirmou que “não haverá cartel travestido de governo em nosso hemisfério”.
A força-tarefa enviada à região soma 4,5 mil soldados a bordo de oito navios, submarino nuclear, além de caças furtivos de quinta geração.
O Comando Sul realizou simulações de desembarque anfíbio em Porto Rico, numa preparação que lembra precedentes históricos, como a invasão do Panamá em 1989 para capturar Manuel Noriega.
Segundo o almirante James Stavridis, ex-chefe do Comando Sul, a mobilização é “overkill operacional” contra barcos de supostos traficantes.
“É um recado a Maduro de que os EUA estão prontos para impor mudança de regime”, disse.
Em Caracas, Maduro classificou os bombardeios a barcos venezuelanos como “crimes hediondos” contra civis.
Determinou a realização da operação Caribe Soberano 200, com manobras militares em La Orchila e ilhas próximas, para demonstrar “resistência diante da ameaça de invasão”.
Apesar da retórica belicista da Casa Branca, pesquisa da YouGov revelou que 62% dos americanos rejeitam uma invasão da Venezuela.
O índice é maior entre democratas (74%) e independentes (63%), enquanto entre republicanos o apoio chega a 31%.
Parlamentares democratas acusam Trump de ilegalidade e alertam para o risco de uma guerra desestabilizar ainda mais a América Latina.
A ofensiva no Caribe amplia o clima de instabilidade em toda a região.
Países vizinhos avaliam que os ataques a supostos “narco-barcos” são apenas “tiros de advertência” que prenunciam bombardeios em território venezuelano.
A escalada militar, segundo analistas do International Crisis Group, pode incendiar fronteiras e atingir o Brasil, que mantém extensa linha de contato terrestre com Caracas.
Há uma desproporção brutal entre as forças mobilizadas pelos Estados Unidos e os meios de defesa da Venezuela.
O Comando Sul americano posiciona oito navios de guerra, submarino nuclear, destróieres com mais de 140 mísseis Tomahawk, além de caças furtivos F-35, drones MQ-9 Reaper e helicópteros de ataque.
Já Caracas, na operação “Caribe Soberano 200”, dispõe de 12 navios, 22 caças russos Sukhoi Su-30, dois submarinos convencionais, drones armados e sistemas de defesa antiaérea Buk e Zu.
Enquanto Washington ostenta poder ofensivo global, Maduro aposta em uma estratégia defensiva e dissuasória, apoiada em milícias e mais de 2,5 mil efetivos, revelando um confronto militar profundamente assimétrico.
A iminente guerra entre EUA e Venezuela repete um roteiro conhecido: pretextos de combate às drogas, armas pesadas no Caribe e discursos inflamados sobre “libertação”.
A verdade, como mostram os movimentos de Trump, é que o fantasma da intervenção militar volta a rondar a América Latina.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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