Tarcísio jura que não disputa com Lula; estaria copiando Jânio?

Ratinho Júnior vira opção da direita com a desistência do governador paulista

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PSD), tem repetido em conversas reservadas que está fora da disputa presidencial de 2026. Em público, reforça a intenção de buscar a reeleição ao cargo.

A grande questão, nos bastidores, é se ele reconheceu que não tem condições de enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou se estaria imitando Jânio Quadros, que em 1961 surpreendeu o país ao renunciar à Presidência, renúncia aceita de imediato pelo Congresso Nacional.

Jânio esperava que sua decisão provocasse uma comoção nacional e um movimento para lhe conceder poderes quase imperiais. No entanto, prevaleceu a máxima “rei morto, rei posto”: com a vacância, assumiu o vice-presidente João Goulart.

Daí a comparação: estaria Tarcísio repetindo o gesto de Jânio?

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Segundo aliados, ele não trocaria o “certo”, a chance de reeleição em São Paulo, pelo “duvidoso” de encarar Lula em cenário de favoritismo. O governador avalia que a fragmentação da direita, alimentada por brigas internas, inviabilizou qualquer candidatura competitiva. O racha com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é apontado como fator central dessa decisão.

Em julho, no auge do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, Tarcísio alertou Eduardo e aliados de que a medida fortaleceria Lula e acabaria obrigando Donald Trump a negociar. O tempo mostrou que a previsão estava correta, mas os ataques da ala bolsonarista contra ele continuaram.

Antes disso, o próprio Tarcísio havia flertado com o tarifaço de Trump. Recuou, porém, diante da reação negativa do setor produtivo e exportador paulista.

Sua prioridade é a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes em 2026. Para tanto, evita se comprometer com uma candidatura nacional que exigiria deixar o governo em abril do próximo ano. Pessoas próximas afirmam que ele também considera a proteção da família e a necessidade de preservar estabilidade política.

Tarcísio descarta trocar de legenda e permanece no Republicanos, apesar das investidas de Valdemar Costa Neto (PL). Jura lealdade a Jair Bolsonaro, mas sem se comprometer com o projeto presidencial do clã, marcado por divisões e riscos jurídicos.

Com a saída de Tarcísio do páreo, cresce o espaço para o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Gilberto Kassab, presidente nacional do partido, afirma que tem costurado apoios no empresariado e no mercado financeiro para projetá-lo como nome alternativo da direita.

O problema é que o PSD mantém larga base de apoio a Lula em palanques regionais, o que pode obrigar Ratinho a buscar outra legenda. No mercado partidário, restam poucas opções de oposição clara: o PL, de Valdemar Costa Neto, e o Novo, comandado por Romeu Zema (MG).

Se Tarcísio desistiu de vez ou apenas ensaia um gesto à la Jânio, só o tempo dirá. A verdade é que, diante do favoritismo de Lula e da desorganização da direita, a prudência paulista fala mais alto. Ratinho Júnior pode ganhar protagonismo, mas sem partido e sem narrativa unificada, a oposição segue à deriva.

Este é o governdor Ratinho Júnior. Foto Geraldo Bubniak AEN
Este é o governdor Ratinho Júnior. Foto: Geraldo Bubniak/AEN

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