Os bancos estão chorando de barriga cheia. Enquanto culpam a “inadimplência” para negar crédito a empresas e famílias, seguem batendo recordes de lucro no Brasil, tudo às custas de uma política de juros altos que transforma o Tesouro Nacional em um parque de diversões para rentistas.
Segundo reportagem da Folha, instituições como Bradesco, Itaú e Santander adotaram “cautela” no segundo trimestre de 2025, reduzindo sua exposição ao risco. Traduzindo, com a Selic em 15%, é mais confortável e lucrativo aplicar no governo do que emprestar para a economia real. Por que correr riscos com pequenos empreendedores se o Tesouro paga juros de príncipe a quem não trabalha?
Nunca é demais lembrar que a Folha também integra o ecossistema da oligarquia financeira. O Grupo Folha, controlador do jornal, fatura alto com a PagBank, braço digital do PagSeguro, e com seus negócios em meios de pagamento, fundos de investimento e outras operações do mercado financeiro. Ou seja, enquanto posa de isenta na cobertura da “cautela” dos bancos, também se beneficia diretamente da lógica dos juros altos e da financeirização da economia.
O escândalo do lucro fácil, mais de 70% do Orçamento vai para dívida
O Portal da Transparência mostra o tamanho da farra, mais de 70% do Orçamento da União está comprometido com o serviço da dívida pública, juros e amortizações que seguem a régua da Selic. É como se o Brasil tivesse sido capturado por um cartel financeiro que opera com apoio técnico do Banco Central, vendendo a ideia de estabilidade enquanto suga o suor da população.
Estamos diante de um modelo onde o capital especulativo se sobrepõe ao produtivo. A retórica da inadimplência serve apenas para justificar o bloqueio do crédito aos mais pobres e às pequenas empresas, justamente os setores mais afetados pela crise econômica e pelos juros pornográficos.
Juros altos, crédito negado, lucro garantido
O resultado prático é que os bancos continuam lucrando bilhões. Itaú, Bradesco e Santander fecharam o segundo trimestre com R$ 21,2 bilhões em lucros. Em vez de fomentar o crescimento ou apoiar quem precisa, preferem jogar no seguro, focam em clientes de alta renda e empréstimos com garantia.
Os dados do Banco Central indicam que o crédito em atraso passou de 3,28% em março para 3,55% em junho, ainda assim, os bancos privados conseguiram manter seus indicadores “sob controle”. Mas há um detalhe, uma mudança contábil autorizada pelo Conselho Monetário Nacional agora permite mascarar parte da inadimplência, empurrando perdas para depois. Ou seja, o dado já vem distorcido.
A cereja do bolo foi a declaração do CEO do Santander, Mario Leão, na teleconferência com o mercado, “a gente precisa da baixa renda, mas da baixa renda certa”. Frase que diz muito sobre o Brasil de hoje, onde o banco seleciona a quem emprestar com base em “perfil ideal”, enquanto seu lucro vem do colchão macio do Tesouro.
Banqueiros mandam mais que o Congresso
Com uma política de juros que privilegia rentistas e paralisa o crédito produtivo, a pergunta que fica é, quem governa de fato o Brasil? O presidente da República? O Congresso Nacional? Ou um punhado de executivos financeiros que ditam as regras por meio do Banco Central “independente”?
A resposta está nos números, enquanto os brasileiros enfrentam endividamento recorde, precarização do trabalho e custo de vida insustentável, os bancos não apenas lucram como ditam a narrativa. Falam em “cautela” e “risco” para esconder o óbvio, preferem viver da dívida pública a assumir qualquer papel na retomada econômica.
A Selic a 15% não é uma política monetária, é um projeto de poder travestido de técnica. E o preço é pago com fome, desemprego e estagnação. Os números da dívida pública e o descompasso entre o crédito negado e o lucro fácil dos bancos mostram que o Brasil precisa de um novo pacto econômico, um que coloque o povo antes da planilha dos oligarcas.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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