Revogaço: Lula revogou decretos de Bolsonaro no primeiro dia; veja quais medidas foram defenestradas

  • No primeiro dia, Lula cumpre promessas e revoga decretos de Bolsonaro
  • Presidente restringe o acesso a armas, garante o pagamento dos R$ 600 às famílias pobres e revoga decretos que impedem combate aos crimes ambientais e a participação social

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou neste domingo (01/01/2022), no dia que assume o governo, medidas provisórias e decretos que cumprem os compromissos assumidos durante o período eleitoral e que garantem o atendimento e a visibilidade a áreas historicamente ignoradas no Brasil. Nos atos normativos, Lula inicia a reestruturação da política de controle de armas, garante o pagamento dos R$ 600 para famílias necessitadas, define a estrutura da Presidência da República e dos ministérios e o combate ao crime ambiental, entre outros.

Por meio da edição de medida provisória, o presidente garante o pagamento de R$ 600 para todas as mais de 21 milhões de famílias beneficiárias do programa de transferência de renda vigente no país. Trata-se da primeira medida de enfrentamento à fome e à miséria no Brasil. Lula também prorrogou, por mais 60 dias, a isenção de tributos federais nos combustíveis.

A estrutura da Presidência da República e os 37 ministérios que compõem o governo [abaixo, confira quem são os ministros], sem a criação de cargos públicos, inauguram uma nova gestão na Administração Pública Federal, mais eficiente. Os órgãos compartilharão estruturas administrativas, como recursos humanos e contratos, por exemplo, permitindo que as Pastas se concentrem na elaboração e implementação de políticas públicas.

Controle de armas

O presidente Lula assinou decreto que dá início ao processo de reestruturação da política de controle de armas no país. Com o objetivo de ampliar a segurança da população brasileira, o decreto reduz o acesso às armas e munições e suspende o registro de novas armas de uso restrito de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs). Também suspende as autorizações de novos clubes de tiro até a edição de nova regulamentação.

O decreto condiciona a autorização de porte de arma à comprovação da necessidade – atualmente, bastava uma simples declaração. E determina o recadastramento no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), da Polícia Federal, em 60 dias, de todas as armas adquiridas a partir da edição do Decreto n° 9.785, de 2019.

Entre as restrições estabelecidas pelo decreto assinado pelo presidente Lula estão a proibição do transporte de arma municiada, a prática de tiro desportivo por menores de 18 anos e a redução de seis para três na quantidade de armas para o cidadão comum, entre outras. Pelo decreto, o presidente determinou a criação de um grupo de trabalho que terá 60 dias para apresentar uma proposta de nova regulamentação do Estatuto do Desarmamento.

Economia

Combate ao crime ambiental e ao desmatamento

Na solenidade no Palácio do Planalto, o presidente da República assinou decreto que reestabelece o combate ao desmatamento na Amazônia, no Cerrado e em todos os biomas brasileiros, recuperando o protagonismo do Ibama. Dessa maneira, Lula marca a retomada do compromisso brasileiro com a agenda climática global.

Por meio de despacho, o presidente determinou ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima que apresente, em 45 dias, uma proposta de nova regulamentação para o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Em outro decreto assinado neste domingo, Lula reestabelece o Fundo Amazônia e viabiliza a utilização de R$ 3,3 bilhões em doações internacionais para combater o crime ambiental na Amazônia.
Também por meio de decreto, o presidente revoga medida do governo anterior que incentivava o garimpo ilegal na Amazônia, em terras indígenas e em áreas de proteção ambiental.

Sigilos indevidos e decretos segregadores

Com a edição de dois decretos, o presidente Lula revoga normas impeditivas, criadas pelo governo Bolsonaro, como o decreto que segregava crianças, jovens e adultos com deficiência, impedindo o acesso à educação inclusiva, e o decreto que criou barreiras para a participação social na discussão e elaboração de políticas públicas.

O presidente também assinou um despacho determinando que a Controladoria-Geral da União reavalie, no prazo de 30 dias, as inúmeras decisões do ex-presidente que impuseram sigilo indevido sobre documentos e informações da Administração Pública.

Homenagem e incentivo aos catadores

Lula determinou aos ministros e às ministras que encaminhem propostas para retirar do processo de desestatização [privatização] empresas públicas como Petrobras, Correios e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), entre outras [aqui, por analogia, podemos incluir a Copel e Compagás, por exemplo, que tem a concessão e a regulação da União].

Em homenagem à memória de Diogo Santana, ativista pelos movimentos sociais, o presidente determinou que a Secretaria Geral elabore uma proposta de recriação do Pró-Catadores, programa que fomenta e incentiva as atividades desenvolvidas pelos catadores de materiais recicláveis no país.

Confira os 37 ministros que compõem o governo Lula:

  1. Fernando Haddad (Fazenda);
  2. José Múcio Monteiro (Defesa);
  3. Mauro Vieira (Relações Exteriores);
  4. Rui Costa (Casa Civil);
  5. Flávio Dino (Justiça);
  6. Alexandre Padilha (Relações Institucionais);
  7. Márcio Macedo (Secretaria-Geral);
  8. Jorge Messias (Advocacia-Geral da União);
  9. Nísia Trindade (Saúde);
  10. Camilo Santana (Educação);
  11. Esther Dweck (Gestão);
  12. Márcio França (Portos e Aeroportos);
  13. Luciana Santos (Ciência e Tecnologia);
  14. Cida Gonçalves (Mulheres);
  15. Wellington Dias (Desenvolvimento Social);
  16. Margareth Menezes (Cultura);
  17. Luiz Marinho (Trabalho);
  18. Anielle Franco (Igualdade Racial);
  19. Silvio Almeida (Direitos Humanos);
  20. Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio);
  21. Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União).
  22. Planejamento: Simone Tebet;
  23. Meio Ambiente: Marina Silva;
  24. Transportes: Renan Filho;
  25. Cidades: Jader Barbalho Filho;
  26. Turismo: Daniela do Waguinho;
  27. Integração Nacional: Waldez Góes;
  28. Comunicações: Juscelino Filho;
  29. Comunicação Social (Secom): Paulo Pimenta;
  30. Previdência: Carlos Lupi;
  31. Agricultura: Carlos Fávaro;
  32. Minas e Energia: Alexandre Silveira;
  33. Povos Indígenas: Sônia Guajajara;
  34. Pesca: André de Paula;
  35. Esporte: Ana Mozer;
  36. Gabinete de Segurança Institucional: Gonçalves Dias; e
  37. Desenvolvimento Agrário: Paulo Teixeira.

Lula emocionado ao receber a faixa presidencial do ‘povo brasileiro’ e falar sobre a luta contra a fome

Nos últimos dias as especulações ganharam espaço sobre quem entregaria a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva diante da ausência fugidia do antecessor. O mistério acabou pouco antes das 17h deste domingo (1º), quando Lula – depois de ser empossado no Congresso e receber honras militares – recebeu, simbolicamente, a faixa presidencial do “povo brasileiro”, representado por sete cidadãos. E chorou várias vezes ao falar de pobreza e desigualdade no país.

Subiram a rampa o nadador Francisco, de 10 anos, menino negro morador de Itaquera, zona leste de São Paulo, e o cacique indígena Raoni, 90. Incluindo uma catadora de materiais recicláveis (Aline Sousa, 33), um professor (Murilo Jesus, 28), uma cozinheira (Jucimara Santos), Ivan Baron, que teve meningite aos 3 anos e ficou com paralisia cerebral, o metalúrgico Wesley Rocha, 36, e o artesão Flávio Pereira, 50, que participou do acampamento Lula Livre, em Curitiba, durante a prisão do ex e agora novamente presidente da República.

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