Ratinho obriga retorno às aulas presenciais sem vacinação dos estudantes, por Arilson Chiorato

Por Arilson Chiorato*

Faltando poucos meses para o fim do ano, o Governo do Paraná determinou a volta das aulas presenciais, permitindo apenas que os adolescentes com comorbidades permaneçam no ensino remoto. Esta mudança ignora a vontade dos responsáveis pelos estudantes, que em muitos casos não se sentem confortáveis para enviarem seus filhos à escola.

A vacinação dos adolescentes está começando, mas ainda está longe de atingir a maioria dos estudantes, até porque, a imunização não é imediata. Ou seja, a imunização que deve ser coletiva para obter saldo positivo e evitar a contaminação dos adolescentes, vai levar alguns meses ainda para ter efeito.

Mas além destes apontamentos, é preciso se atentar também à realidade das escolas. Sabemos que durante o período em que as aulas presenciais foram suspensas, não houveram reformas estruturantes nas escolas estaduais. Portanto, as medidas adotadas para garantir um protocolo sanitário, não contam com salas de aula ampliadas e mais arejadas. Pelo contrário, há a necessidade do distanciamento das carteiras em salas de aula entupidas de estudantes. Como pode ser possível?

Entrando em outubro, há poucos meses do fim do ano, com o início da vacinação dos adolescentes, teria sido mais prudente esperar o retorno das aulas presenciais. Quando os pais já estariam totalmente imunizados e os estudantes também. Porém, novamente, vemos o Governador desconsiderar o receio das famílias em enviarem os filhos para a escola.

A obrigatoriedade do ensino presencial, sem a imunização dos estudantes, é um desrespeito àqueles que optaram pelo ensino remoto e, diga-se de passagem, uma opção muito bem fundamentada e compreensível, visto as milhares de mortes que assolam nosso país.

Economia

O ensino híbrido estava cumprindo um papel social importante por parte do Estado, permitindo que aqueles que não tem condições de cuidar das crianças e adolescentes em tempo integral e fizessem a opção de enviá-los para a escola, pudessem contar com isso. Mas que, até então, respeitava a posição daqueles que ainda não querem enviar seus filhos para o convívio escolar.

Por fim, é preciso imaginar que, apesar da contratação de trabalhadores para auxiliarem na execução do protocolo sanitário. As escolas não estão fisicamente preparadas para receber os estudantes que, é importante reafirmar – não estão imunizados.

Sou um entusiasta da escola pública, defendo a necessidade da socialização para o desenvolvimento dos indivíduos, o sentimento de pertencimento social e a importância da vivência escolar para que as crianças e adolescentes aprendam a respeitar as diferenças e conviver em sociedade, com princípios de cidadania. A escola é também fundamental para a saúde física e mental dos estudantes.

Porém, esta obrigatoriedade, dada a situação muito específica, de pandemia, é uma afronta ao direito de escolha dos pais, tendo em vista o momento crítico que ainda vivemos. Portanto, defendo que a possibilidade do ensino híbrido deve permanecer até o fim do ano letivo.

*Arilson Chiorato, deputado Estadual, Presidente do PT – Paraná e Mestre em Gestão Urbana pela PUC-PR.

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