Racha na direita com Graeml, Chiquini e PP ameaça projeto de Moro

O racha na direita paranaense se aprofundou.

A disputa entre Cristina Graeml (União Brasil) e Jeffrey Chiquini (Novo) expôs as fissuras de um campo dividido e conflituoso. O senador Sergio Moro (União-PR), que sonha suceder Ratinho Júnior (PSD) em 2026, enfrenta turbulências por todos os lados, inclusive dentro de casa, com a disputa de poder entre União e PP.

Cristina Graeml, conhecida por suas posições mais radicais, e Jeffrey Chiquini, advogado de réus na Lava Jato, protagonizam uma briga pública nas redes. O estopim foi a filiação de Graeml ao União Brasil, o mesmo partido de Moro, o que desencadeou uma série de trocas de vídeos e postagens com acusações cruzadas.

O influenciador Paulo Souza entrou na disputa em defesa de Graeml. Em vídeo, exaltou a atuação da jornalista contra a obrigatoriedade da vacina e as decisões do STF, mas acabou reforçando a imagem de uma direita associada ao negacionismo e à desinformação, em meio ao esforço de Moro para se apresentar como opção moderada.

Nos bastidores, aliados do ex-juiz demonstram preocupação. A associação com discursos extremistas pode afastar o eleitorado urbano e moderado, o mesmo que Moro tenta reconquistar para viabilizar um projeto de centro-direita competitivo. O temor é de que o radicalismo de Graeml contamine o campo eleitoral do União no Paraná.

O problema é que o fogo amigo não vem apenas das redes. Dentro do União Brasil, a convivência com o Progressistas (PP), partido aliado na federação, abriu uma nova crise que ameaça as pretensões de Moro e reacende disputas internas de liderança.

O PP é comandado no Paraná pelo deputado federal Ricardo Barros, político influente e pragmático, que lançou sua esposa, a ex-governadora Cida Borghetti, como pré-candidata ao Palácio Iguaçu. A movimentação foi lida como tentativa de enfraquecer Moro e ampliar o controle do PP sobre a federação, o que acendeu o sinal amarelo no União.

“Confusão pouca é bobagem para Moro”, ironizou um dirigente ouvido pelo Blog do Esmael. “Além do racha com Chiquini e Graeml, ele ainda vai ter que enfrentar o PP na convenção, e o Ricardo Barros joga pesado. Não seria surpresa se ele tentasse impor uma candidatura própria ao governo.”

Ratinho Júnior (PSD), por sua vez, segue firme no Palácio Iguaçu até o fim do mandato, após a Faria Lima consolidar Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) como o nome presidencial da direita. O governador trabalha para montar uma chapa de continuidade com Alexandre Curi (PSD) ao governo, Rafael Greca (PSD) na vice e os deputados Filipe Barros (PL) e Guto Silva (PP) ao Senado, em um arranjo que cumpre acordo firmado com Jair Bolsonaro (PL) em abril.

Enquanto a direita se fragmenta entre egos e projetos pessoais, a esquerda atua para chegar unida a 2026. O presidente municipal do PT de Curitiba, vereador Angelo Vanhoni, disse ao Blog do Esmael que acompanha de perto o xadrez político e aposta em uma chapa majoritária completa da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV).

Segundo Vanhoni, o grupo lançará candidato ao governo e duas vagas ao Senado. O dirigente, que pretende disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa, aposta em alianças estratégicas com partidos da base do governo Lula.

“Temos um projeto de reconstrução do Paraná alinhado ao governo federal. É natural conversar com aliados da base, como PDT e PSB, para fortalecer uma frente democrática”, afirmou o petista.

Com a direita rachada e o PP jogando contra Moro, o Paraná entra na pré-campanha em clima de guerra fria e reacomodação de forças. A eleição de 2026 promete ser uma das mais imprevisíveis da história recente do Estado, e o epicentro, mais uma vez, será Curitiba.