Nesta terça-feira, dia 4, os presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai se encontram em Puerto Iguazú, na Argentina, para participar da 62ª Cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e Países Associados.
Este importante evento marca também a transferência da presidência pro tempore do bloco da Argentina para o Brasil, que exercerá esse papel pelos próximos seis meses.
“Estamos do lado argentino da nossa tríplice fronteira para discutir o Mercosul e trabalhar uma proposta de acordo para a União Europeia. E vamos a Bruxelas discutir o que precisamos para consolidar esse acordo com uma política de ganha-ganha para todos”, disse na manhã de hoje o presidente Lula.
Lula transmitiu desde Puerto Iguazú, do lado argentino, seu Podcast – o Conversa com o Presidente – com a participação do jornalista Marcos Uchôa. Abaixo, assista o vídeo.
Acordo Mercosul-União Europeia em pauta
Em entrevista coletiva realizada em Brasília na semana passada, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Maurício Carvalho Lyrio, explicou que o governo brasileiro está concluindo a avaliação de pontos cruciais do acordo Mercosul-União Europeia, visando apresentá-lo aos parceiros do bloco e posteriormente submetê-lo ao grupo econômico europeu.
O processo de tradução das instruções do presidente Lula para um documento detalhado está em curso, e seu primeiro destino será junto aos parceiros do Mercosul.
Posteriormente, a União Europeia também receberá esse documento.
É importante destacar que a delicadeza desses acordos exige um trabalho de coordenação interna minucioso, o que torna o processo um tanto demorado.
O acordo UE-Mercosul tem sido objeto de negociações há mais de 20 anos, tendo sido anunciada sua conclusão geral em 2019.
Contudo, sua efetiva entrada em vigor ainda demanda um longo caminho a percorrer. Isso se deve ao fato de que o tratado precisa ser ratificado e internalizado por cada um dos Estados integrantes dos dois blocos econômicos.
Em termos práticos, essa etapa requer a aprovação pelos parlamentos e governos nacionais dos 31 países envolvidos, um processo que certamente levará anos e poderá enfrentar resistências.
Explorando novas parcerias comerciais
Além do acordo com a União Europeia, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Alberto Fernández (Argentina), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai) também abordarão a possibilidade de um tratado com a Associação Europeia de Comércio Livre (AECL), que engloba países do continente que não fazem parte do principal bloco europeu.
A AECL é composta por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein.
Outro acordo, desta vez com Singapura, também estará em pauta.
O Itamaraty destaca que o Mercosul mantém diálogos com a República Dominicana e El Salvador, e encontra-se em processo de implementação de acordos com o Chile e a Colômbia.
Além disso, a Bolívia está em fase de adesão ao bloco.
Essas iniciativas representam uma importante retomada das relações diplomáticas e parcerias com os vizinhos mais próximos, uma prioridade da política externa do governo brasileiro.
A importância econômica do Mercosul
Fundado em 1991, o Mercosul reúne países que, juntos, correspondem a 67% do território da América do Sul, o que equivale a 11,9 milhões de quilômetros quadrados.
A população dos países-membros do bloco, composta por 270 milhões de habitantes, representa 62% da população sul-americana.
Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) conjunto dos países do Mercosul correspondeu a 67% do PIB da América do Sul.
O volume de negócios realizados dentro do bloco em 2021 atingiu cerca de US$ 35 bilhões, e esse número aumentou para US$ 40,7 bilhões em 2022.
Somente nos primeiros cinco meses de 2023, o volume de transações comerciais alcançou US$ 17,7 bilhões, registrando um aumento de 12,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
É válido ressaltar que a maior parte das exportações brasileiras para os países vizinhos do bloco é composta por produtos industrializados, como veículos e autopeças.
Próximos passos: fóruns e cúpulas
Além das questões relacionadas aos acordos comerciais, a presidência pro tempore do Brasil no Mercosul até o final do ano será marcada pela organização de importantes eventos.
O Brasil sediará o fórum social, o fórum empresarial e a próxima cúpula do bloco, que ocorrerá em uma cidade a ser definida.
A embaixadora Gisela Maria Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, ressaltou a relevância dessa cúpula para o Brasil.
Segundo ela, a presidência pro tempore não é rotineira, mas sim uma prioridade concedida pelo governo brasileiro aos processos de integração regional.
Essa prioridade se manifesta no retorno à Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), na realização da cúpula sul-americana e agora no Mercosul, sendo fundamental para o desenvolvimento dos países envolvidos.
Em resumo, a 62ª Cúpula do Mercosul e Países Associados representa um marco importante nas relações comerciais e diplomáticas entre os países do bloco.
Os presidentes dos quatro países estarão reunidos para discutir temas relevantes, como o acordo Mercosul-União Europeia e a busca por novas parcerias comerciais.
Além disso, o Brasil assumirá a presidência pro tempore e sediará eventos significativos.
Essa cúpula reforça o compromisso dos países-membros com a integração regional e a busca por maior cooperação econômica.
Podcast do Lula – Conversa com o Presidente (4/7):
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