Pontes de promessas: o dilema das obras inacabadas de Ratinho Junior em Guaratuba e Foz do Iguaçu

No último dia de 2023, um tema volta a ser destaque no cenário político e infraestrutural do Paraná: as obras inacabadas – de Guaratuba a Foz do Iguaçu -, e promessas não cumpridas pelo governador Ratinho Junior (PSD), com foco nas pontes que deveriam conectar não só cidades, mas também países.

A distância de Guaratuba, no Litoral, e Foz, no Extremo Oeste, é de 765 km, no entanto, moradores e comerciantes dos dois municípios estão às turras com as promessas e as obras inacabadas do governador paranaense.

A Ponte da Integração Brasil-Paraguai, apesar de quase concluída, e a Ponte de Guaratuba, ainda uma promessa, são reflexos da gestão conturbada e das expectativas frustradas de um governo que se embrenhou em projetos ambiciosos sem concluí-los.

Entretanto, porém, todavia, a Ponte da Integração, na região da tríplice fronteira, apesar de Ratinho se “apoderar” da obra, foi construída com dinheiro do governo federal, leia-se Itaipu Binacional.

Iniciada em agosto de 2019, a Ponte da Integração Brasil-Paraguai representava mais do que uma estrutura física; era um símbolo de cooperação e desenvolvimento econômico.

Contudo, ao final de 2023, a ponte, que já consumiu R$ 238,2 milhões, segue sem previsão de inauguração.

Economia

A Ponte da Integração é uma ponte de 720 metros de extensão e 470 metros de vão livre que liga Foz do Iguaçu, no Brasil, a Presidente Franco, no Paraguai.

O Consórcio Ponte Brasil Paraguai, responsável pela obra, finalizou a maior parte da estrutura em dezembro de 2022.

No entanto, as alças de acesso e a aduana, cruciais para a funcionalidade da ponte, permanecem inacabadas.

A previsão é que a ponte só venha a ser inaugurada em 2024, conforme declarações do prefeito da cidade paraguaia Presidente Franco, Roque Godoy.

Ele enfatiza a necessidade de conclusão das rodovias adjacentes e das estruturas de fiscalização para garantir uma operação segura e eficiente.

O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) reitera a ausência de um prazo definido para a liberação do trânsito na região, levantando questões sobre planejamento e execução das obras públicas.

Enquanto isso, a Ponte de Guaratuba, que deveria ligar Matinhos a Guaratuba no Litoral do Paraná, permanece um projeto no papel.

Anunciada com alarde, a ponte prometia substituir o atual sistema de ferry boat, conhecido por suas longas filas e tarifas elevadas, especialmente na temporada de verão.

A substituição por uma ponte traria não apenas alívio aos moradores locais, mas também impulsionaria o turismo na região.

No entanto, o que se viu foi uma enxurrada de propaganda, sem a concretização do projeto.

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Ferry boat volta a cobrar tarifa e ponte Matinhos-Guaratuba não passa de uma miragem política.
Ferry boat volta a cobrar tarifa e ponte Matinhos-Guaratuba não passa de uma miragem política.

A situação da Ponte de Guaratuba ilustra uma tendência preocupante na gestão de Ratinho Junior: a priorização da propaganda em detrimento da ação efetiva.

O custo da ponte, potencialmente menor do que os gastos com publicidade, coloca em perspectiva a eficiência da aplicação de recursos públicos e a transparência na comunicação das intenções governamentais.

A continuidade dessas obras inacabadas carrega implicações políticas e sociais significativas.

Para a população paranaense, especialmente aqueles diretamente afetados pelas obras, a falta de conclusão desses projetos significa não apenas inconvenientes diários, mas também uma perda de fé na capacidade do governo de cumprir suas promessas.

A tentativa de inauguração apressada da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, em conjunto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para carimbar a realização, foi um claro exemplo de como as necessidades políticas muitas vezes se sobrepõem às necessidades práticas e técnicas.

A denúncia e posterior recuo nessa inauguração precipitada, como destacado pelo Blog do Esmael, ressalta a importância de uma imprensa ativa e investigativa na fiscalização das ações governamentais.

Ao revisitar esses projetos no final de 2023, fica claro que a gestão de Ratinho Junior se equilibra entre a promessa de avanço infraestrutural e a realidade de uma execução falha.

Nem entramos no mérito do custo dessas obras, que pode ser objetivo de exame posterior.

As pontes, tanto a da Integração Brasil-Paraguai quanto a de Guaratuba, simbolizam mais do que meras estruturas físicas; elas representam o desafio contínuo de alinhar ambições políticas com realizações práticas.

É imperativo que a administração estadual e futuras gestões aprendam com esses desafios e priorizem a conclusão efetiva de projetos em prol do desenvolvimento sustentável e do bem-estar da população.

Enquanto isso, em Guaratuba, as filas da travessia do ferry boat continuam longas e o serviço voltará a ser cobrado esta semana.

Em Foz, a ponte da Amizade continua congestionada, enquanto a segunda ponte aguarda há mais de um ano os acessos a ela e a efetiva integração ao Paraguai.

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