O advogado, a cerveja, o Véio da Havan, o Bolsonaro e o Iphan

Tomei conhecimento que um escritório de advogados demitiu Eduardo Alves, torcedor do Athletico, que jogou cerveja gelada no Véio da Havan.

Véio da Havan é patrocinador do Furacão e assistia à final da Copa do Brasil, Athletico-PR x Atlético-MG na última quarta-feira (15/12).

Advogado, Eduardo Alves não baixou a guarda para o empresário Luciano Hang, o Véio da Havan:

“Danoso, criminoso, irreparável e vexatório é usar de sua influência, motivada pelo dinheiro, para promover políticas públicas que mataram, faliram, desempregaram e prejudicaram de tantas formas a da população brasileira. Hoje perdi meu emprego, estou sendo ameaçado, minha vida virou um inferno. Mas preciso dizer: Sr. Hang, você é o que há de mais podre nesse país, e gente como você eu vou enfrentar todos os dias da minha vida, até o fim”, escreveu Alves nas suas redes sociais.

Veja o vídeo da “cervejada”

Agora entenda o caso Iphan envolvendo o Véio da Havan

Dito isso, a Justiça Federal do Rio de Janeiro afastou a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Rodrigues Peixoto Dutra.

Economia

Por que? Qual a relação com o Véio da Havan?

Eu explico.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) confessou em um evento na Federação das Indústrias do Estado de São (Fiesp), também no dia 15, que “ripou” funcionários do Iphan para privilegiar o empresário Luciano Hang e não dar mais dor de cabeça.

“Também, há pouco tempo, tomei conhecimento que uma obra, uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja e apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta [e perguntei]: ‘que trem é esse?’. Porque eu não sou tão inteligente como meus ministros. ‘O que é Iphan?’, explicaram para mim, tomei conhecimento, ripei todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça pra gente [risos]”, disse o presidente.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a paralisação feita pelo instituto nas obras de uma loja comercial de Hang, no Rio Grande do Sul, ocorreu no final de 2019, após um artefato arqueológico ter sido encontrado nas escavações.

“Ante o exposto, diante do fato novo apresentado pelo MPF, defiro o pedido de tutela de urgência para determinar a suspensão do ato de nomeação de Larissa Rodrigues Peixoto Dutra e o afastamento de suas funções, até final julgamento do mérito da ação”, decidiu a juíza Mariana Tomaz da Cunha, da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

Leia a íntegra da manifestação de Eduardo Alves:

Através dessa nota venho esclarecer fatos que ganharam repercussão devido à covardia do Senhor Luciano Hang.

  • Esclareço, primeiramente, que o arremesso do copo no qual havia cerveja não foi o ato mais condizente para a situação. Porém, peço a quem lê a presente nota, que compreenda a motivação de ter feito o que fiz.
  • O Sr. Luciano Hang, empresário, dono de uma das maiores redes de varejo do Brasil, decidiu há alguns anos atuar na política. O que, segundo a legislação vigente no nosso país, ele possui total direito, afinal, o mesmo está no pleno gozo de seus direitos políticos.
  • Assim como ele, também me encontro no pleno gozo de meus direitos políticos. Sou sim filiado ao Partido Democrático Trabalhista, o PDT, com muito orgulho. Entretanto, deixo claro, que o ato nada tem a ver com o partido ou com o time que torço.
  • A motivação do meu ato, naquela noite, foi por, assim como milhões de brasileiros, estar presenciando as diversas barbaridades promovidas pelo atual Governo Federal, que possuí notória proximidade com o empresário objeto dessa nota.
  • Peço que lembremos algumas mais recentes, as quais irão marca-lo para sempre. A pandemia da COVID-19 já matou mais de 620.000 brasileiros até agora. Dessas vítimas, inúmeras delas acabaram por falecer e tantas outras foram sequeladas […]
  • […] porque acreditaram ou porque tiveram contato com a doença por causa dessas campanhas promovidas pelo próprio Luciano Hang e pelo Governo Federal, onde ele possui evidente influência.
  • O referido empresário incentivou o uso de medicamentos com eficácia não comprovada contra COVID-19, como a cloroquina e aplicações de ozônio em pré-vítimas ou vítimas da doença pandêmica. Destaco uma situação específica, a qual o Senhor Hang com certeza não esquecerá jamais:
  • “(…) Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang, foi internada em um hospital da rede Prevent Senior em 1° de janeiro de 2021. A TV Globo teve acesso ao prontuário dela. […]
  • O documento mostra que, no hospital, Regina Hang foi diagnosticada com Covid e que já tinha tomado medicamentos comprovadamente sem eficácia para o tratamento de Covid como azitromicina, hidroxicloroquina e outras medicações.
  • Segundo o prontuário, no quinto dia de internação, Regina passou por sessão de ozonioterapia – prática proibida pelo Conselho Federal de Medicina. A ozonioterapia só seria permitida em casos de pesquisas experimentais autorizadas pela Conep (Comissão de Ética em Pesquisa).
  • A Conep disse que não havia nenhuma autorização de pesquisa para a Prevent.”
  • Também vale mencionar que recentemente os documentos vazados da “Panama Papers” demonstraram que o Sr. Hang, há mais de 20 anos, mantem conta em paraíso fiscal, sonegando mais de 112 milhões de reais, enquanto a maioria do povo pobre brasileiro PASSA FOME.
  • Além disso, vale mencionar o processo que o MPT esta movendo contra o Sr. Hang, por ter, de forma covarde, coagido seus funcionários a fazer campanha para Bolsonaro em 2018, em uma afronta absurda ao direito dos trabalhadores que são vítimas de todo o abuso do Sr. Hang.
  • Assim, por esses motivos, explicada a raiva e desprezo nutrida por milhões de brasileiros frente ao Senhor Hang. Ele foi cúmplice de diversos crimes que levaram a morte milhares de brasileiros na pandemia, conforme comprovado inclusive no relatório da chamada “CPI da Pandemia”.
  • Como sou uma pessoa com caráter e com boa educação, lamento e posso dizer que quase me arrependo pela deselegância de ter arremessado alguns poucos ml de cerveja no Sr. Luciano Hang.
  • Não é algo irreparável, criminoso, danoso ou vexatório. Danoso, criminoso, irreparável e vexatório é usar de sua influência, motivada pelo dinheiro, para promover políticas públicas que mataram, faliram, desempregaram e prejudicaram de tantas formas a da população brasileira.
  • Hoje perdi meu emprego, estou sendo ameaçado, minha vida virou um inferno. Mas preciso dizer: Sr. Hang, você é o que há de mais podre nesse país, e gente como você eu vou enfrentar todos os dias da minha vida, até o fim.
  • Eduardo Alves