Mundo repercute entrevista de Lula

Não foi a entrevista do Jornal Nacional, ainda, que será na quinta-feira (25/08). Mas o mundo repercutiu a coletiva do ex-presidente Lula para a imprensa internacional, concedida na segunda-feira (22/08).

Com a presença de 67 jornalistas, representando 41 veículos de 15 países, a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa estrangeira teve ampla repercussão em veículos de todo o mundo.

O inglês The Guardian destacou declarações sobre os compromissos com o meio ambiente e o combate ao garimpo ilegal na Amazônia. France Press e Reuters também abordaram a prioridade à questão climática, enquanto a chinesa Xinhua informou sobre o plano de viabilizar obras públicas para estimular o crescimento.

Na entrevista, concedida em São Paulo (SP), acompanhada também pela imprensa brasileira, Lula fez defesa enfática da paz no mundo e disse que, se voltar a ser presidente, o Brasil terá participação ativa nas negociações para pôr fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia, se ele não tiver acabado até lá.

O ex-presidente destacou que, em vez de guerras, é preciso investir mais em empregos, em políticas de inclusão social e de combate à fome. “O Brasil fará todo o esforço que tiver ao seu alcance na conversa com outro chefe de estado para que a gente estabeleça novamente a paz. Não interessa a ninguém neste momento qualquer guerra. O mundo está precisando de paz”.

No mesmo dia em que falou com representantes da imprensa internacional, Lula participou de lançamento de livro com registro de suas viagens pelo mundo em agenda de chefe de estado nos oito anos de dois mandatos.

Economia

Com registros de Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da Presidência da República, e que continuou com Lula após a saída do governo, o livro reúne 747 fotografias que são memória e testemunho do protagonismo que o Brasil exerceu no mundo nos tempos em que o PT esteve no poder.

Em declarações durante o evento, Lula afirmou que, se ganhar as eleições, o Brasil voltará a ocupar espaço relevante no cenário global, com política externa ativa e altiva.

Bolsonaro faz vergonha internacional

Em 2010, a lista das 100 personalidades mais influentes do mundo, publicada anualmente pela revista Time, trazia o nome de um metalúrgico nascido em Garanhuns que tornou-se presidente para reposicionar o Brasil no cenário internacional. O Brasil estava com tudo, e o mundo sabia que Lula era o presidente que havia virado o jogo. Acontece que Bolsonaro entrou, a vida piorou.

O multilateralismo foi descartado, a máquina do Itamaraty desmontada e uma série de atitudes e falas nos trouxeram a um cenário em que Bolsonaro só faz vergonha internacional.

Bolsonaro é a personificação da subserviência aos Estados Unidos e da chamada “síndrome de vira-lata”. Recentemente, uma reunião realizada com embaixadores para atacar o sistema eleitoral brasileiro, além de claro sinal de desespero, virou motivo de chacota internacional. Mais um nesses três anos em que já figuramos em rankings terríveis como o do o país que pior respondeu à pandemia de covid-19. 

Como em todas as outras áreas importantes para o Brasil e a sociedade, nosso país passa por um momento lamentável também na política externa. O ex-presidente norte-americano, Barack Obama, chegou a compará-lo a seu sucessor, chamando Bolsonaro de Donald Trump no que diz respeito ao negacionismo climático e científico e a condução da pandemia. Não causa surpresa que Trump seja alguém para com quem Bolsonaro nutre clara e subserviente idolatria.

Anos antes, quando a posição do Brasil era outra, o mesmo Obama declarou: “Esse é o cara, é o político mais popular do planeta”, agora em referência a Lula em 2009. Foi Lula quem participou de um encontro dos líderes do G-20, em março de 2021, para discutir ações globais de enfrentamento à pandemia. Na ocasião, pediu à líder alemã Angela Merkel que apoiasse que a quebra de patentes das vacinas para que estas fossem produzidas mais rapidamente.

Essa fama internacional não veio à toa. Para além do carisma do ex-presidente e seu ótimo trânsito em meio a líderes internacionais, Lula promoveu uma verdadeira revolução social no Brasil, além disso, alçou o País para uma posição de destaque no cenário internacional. Finalmente, o “país do futuro” havia se tornado uma grande nação no presente. E seu legado é reconhecido até hoje tanto dentro como fora do País.

Quando era preso político, em Curitiba, Lula recebeu dezenas de mensagens de apoio de mandatários internacionais. Alguns o visitaram pessoalmente, na sede da PF, como Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, chegou a declarar “Lula não está só, a comunidade internacional o acompanha como arquiteto da política que tornou o Brasil um ator mundial.”

No exterior, recebeu muitos prêmios, como o da World Food Prize, nos Estados Unidos, pelos seus esforço no combate à Fome. Na Espanha, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universade de Salamanca. Esse título foi dado a Lula 36 vezes, em diferentes ocasiões e países, em reconhecimento ao legado deixado por ele no Brasil e no mundo.

A diplomacia de Lula fortaleceu o Mercosul e o G-20. Ele participou ativamente da criação dos Brics, costurou acordo nuclear envolvendo o Irã e o Conselho de Segurança da ONU e destacou-se na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O governo brasileiro, sob o comando de Lula, promoveu a integração sul-americana, a aproximação com a África e com os países árabes.

Boa parte dessa história está contada no livro “O Brasil no Mundo”, do fotógrafo Ricardo Stuckert, disponível para download, como algumas das imagens que ilustram este texto.

Durante os governos petistas, o Mercosul conquistou importância global, despontando como força regional no multilaterialismo político. O saldo da balança comercial com a União Europeia, por exemplo, saltou de US$ 810,5 milhões em 2000 para US$ 4,13 bilhões em 2010. O comércio bilateral do Brasil com os Estados Unidos também continuava a crescer. As vendas brasileiras para aquele país aumentaram 25%. Vale lembrar que de 2003 para 2013, Brasil subiu da 15ª para a 6ª economia do mundo.

Na COP 15 (a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em 2009, o Brasil apresentou a proposta mais ousada entre os países sobre a redução da emissão de gases do efeito estufa, principalmente os advindos do desmatamento da Amazônia. Foi assim que o país reafirmou seu protagonismo na questão climática e botou pressão para que os países desenvolvidos não –signatários do Protocolo de Kyoto assumissem a meta de redução da emissão de gás carbônico.

O ex-chanceler Celso Amorim define o papel de Lula no cenário internacional, como presidente “Esse papel [de Lula] foi reconhecido pelos mais importantes líderes do mundo na época, de George W. Bush e Barack Obama a Vladimir Putin, de Hu Jin Tao a Jacques Chirac, passando por Gordon Brown e Mamohan Singh. Todos estes — e muitos outros — fizeram de Brasília, se não um centro de peregrinação, uma parada obrigatória para a discussão de temas de interesse regional e global, tanto na política como na economia, no meio ambiento e no desenvolvimento social”.

Sem dúvida, um dos momentos mais lamentáveis da nossa história, se deu com o discurso de Jair na 76ª Assembleia Geral da ONU, no ano passado. Além de mentir sem nenhum pudor sobre feitos inexistentes de seu governo, Bolsonaro defendeu protocolos anticientíficos de combate à pandemia e mostrou sua costumeira e total ignorância sobre o papel de um chefe de Estado.

O maior destaque positivo da Bolsonaro aconteceu apenas na sua cabeça e deus apoiadores. Após Bolsonaro voltar da visita ao líder russo Vladimir Putin, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicou nas redes sociais uma imagem que atribui ao presidente o mérito pela atenuação da crise na Ucrânia. Após ser ridicularizado, afirmou tratar-se de uma brincadeira. Bolsonaro faz vergonha internacional.

No entanto, no mês passado, Bolsonaro declarou que daria a Zelensky, presidente da Ucrânia, uma solução para a guerra com a Rússia. Inventar o próprio protagonismo é uma das táticas preferidas dos setores bolsonaristas. Mas quem realmente faz, mostra os fatos. E os fatos não mentem.

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