Dez anos depois do brutal ataque contra professores e servidores públicos no Centro Cívico, educadores estaduais voltam às ruas nesta terça-feira (29), em Curitiba, para manter viva a memória e exigir justiça.
A concentração começou às 9h na Praça Tiradentes, coração da capital paranaense. De lá, milhares de manifestantes seguiram em passeata até a Praça Nossa Senhora de Salete, local onde ocorreu o massacre em 2015.
“A terça-feira (29) será mais um desses momentos de resistência”, afirma a presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto.
Massacre do Centro Cívico: ferida aberta na educação pública
O 29 de abril de 2015 ficou marcado como um dos episódios mais violentos da história recente do Paraná. A repressão brutal, ordenada pelo então governador Beto Richa (PSDB), deixou mais de 400 feridos — entre professores, estudantes, aposentados e jornalistas.
O objetivo da repressão: aprovar, a qualquer custo, um pacote que confiscava recursos da aposentadoria dos servidores estaduais.
“Helicópteros dispararam bombas contra o povo. Foi um horror que não sairá jamais da memória dos paranaenses”, relembrou a então senadora Gleisi Hoffmann (PT), hoje ministra das Relações Institucionais no governo do presidente Lula.
A tragédia teve repercussão internacional. Entidades de direitos humanos e a ONU condenaram o uso desproporcional da força.
Nova luta: Campanha Salarial 2025 e defesa da educação pública
Além de relembrar a tragédia, a mobilização desta terça também apresenta à sociedade a Campanha Salarial 2025 da APP-Sindicato. Entre as principais reivindicações estão:
- Pagamento das datas-bases em atraso;
- Equiparação salarial com outras carreiras do Executivo;
- Cumprimento das 7 Horas-Atividade determinadas pela Justiça;
- Fim da privatização das escolas públicas;
- Extinção do modelo de escolas cívico-militares;
- Eleições democráticas para as direções escolares.
“Teremos todos nas ruas para dar um basta à violência contra trabalhadores da educação”, reforça Nádia Brixner, secretária da APP.
A mobilização reúne sindicatos do Fórum das Entidades Sindicais (FES), estudantes, pais e mães de alunos, além de caravanas vindas do interior do Paraná.
Memória como resistência: o legado do 29 de abril
O Blog do Esmael esteve presente no fatídico 29 de abril de 2015, transmitindo ao vivo, em parceria com o saudoso jornalista César Setti e o jornalista Wilson Vieira, do PodPapo. Antes mesmo dos grandes jornais despertarem para o horror, nossa cobertura já corria o mundo.
Relembrar o massacre é um ato de resistência, um grito contra o esquecimento, e uma bandeira em defesa dos direitos humanos e da educação pública de qualidade.
“Esquecer é permitir que a violência se repita. Lembrar é resistir.”
Tudo sobre o massacre do Centro Cívico
O que foi o massacre do Centro Cívico em 2015?
Foi o ataque violento da Polícia Militar do Paraná contra servidores públicos e professores que protestavam pacificamente no Centro Cívico.
Quantas pessoas ficaram feridas no massacre?
Mais de 400 manifestantes foram hospitalizados, vítimas de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e agressões físicas.
Quem foi responsabilizado pelo massacre?
Beto Richa teve sua carreira política abalada, e Fernando Francischini foi cassado pelo TSE. Ambos são até hoje símbolos de repressão no Paraná.
Por que lembrar o 29 de abril é importante?
A memória do massacre é um lembrete vivo contra a violência de Estado e pela defesa dos direitos dos trabalhadores da educação.
O que reivindicam hoje os professores?
Reajuste salarial, respeito às jornadas de trabalho, fim da militarização nas escolas e eleições diretas para diretores.
Para nunca mais esquecer
Dez anos depois, o grito dos educadores reverbera mais forte do que nunca.
O 29 de abril de 2015 não é apenas uma data triste — é uma cicatriz aberta que exige justiça, dignidade e democracia.
O Blog do Esmael esteve lá, ao lado dos professores, e segue aqui: vigilante, firme e comprometido com a memória dos que lutam.
Para nunca esquecer. Para nunca mais repetir.
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.