O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (24) que “pintou uma química mesmo” com Donald Trump, após um breve encontro nos corredores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Em entrevista coletiva, Lula disse que “aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível” e que vê espaço para um diálogo entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo Lula, a satisfação foi ouvir do republicano que os dois “têm muito a conversar” e que não haverá veto de assuntos na futura reunião. “Eu acho que 80% de uma boa relação é química e 20% é emoção. Torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente”, disse.
O petista afirmou que Trump está mal informado sobre o Brasil e que pretende esclarecer o que ocorre no país, após sanções recentes contra autoridades brasileiras. O republicano incluiu, na semana passada, a esposa do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci, na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, além de restringir vistos de integrantes do governo.
No discurso oficial na ONU, Lula usou 18 vezes a palavra “democracia” para rebater críticas e tarifações impostas pelos EUA. Ele ressaltou que o Brasil não aceitará ingerências e defenderá sua soberania. Apesar das divergências, o presidente brasileiro declarou otimismo: “Espero que possamos voltar à harmonia e quimicamente estáveis”.
Trump também exaltou a “excelente química” com Lula. “Ele parece um cara muito legal. Ele gostou de mim, eu gostei dele. Tivemos uma boa química. Eu não faço negócios com pessoas que eu não gosto”, afirmou em plenário. A interação entre os dois líderes durou apenas 39 segundos, mas foi suficiente para marcar uma nova etapa na relação bilateral.
Integrantes do governo brasileiro consideram o gesto uma vitória diplomática, ainda que haja receio de que Trump use o encontro para pressionar Lula, como já fez com líderes europeus. O petista rebateu: “Não existe espaço para brincadeira entre dois homens de 80 anos. Existe espaço para conversar sobre os conflitos”.
No entanto, Lula fez uma ressalva ao afirmar que mantém a força física de um homem de 30 anos. Na prática, olhando para a política doméstica, a declaração soa como um recado de que ele se coloca no páreo para a reeleição em 2026.
A coletiva expôs a política como um teatro de gestos. Lula, que fez da soberania e da democracia a marca de sua fala, tenta converter um simples aperto de mão em porta de negociação. Trump, que tem imposto tarifas e sanções duras ao Brasil, oferece química. O desafio será transformar a simpatia em resultados concretos.
Aqui está a íntegra da entrevista de Lula:
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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