Lula amplia isenção do IR e impõe derrota simbólica à Faria Lima

Lula venceu a queda de braço da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e da taxação dos super-ricos, em votação unânime na Câmara (493 a 0). A aprovação foi pedagógica, segundo líderes governistas, por mostrar que a mobilização das ruas e das redes sociais pode quebrar resistências históricas dentro do Congresso.

Em discurso e postagens, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou que a medida atinge diretamente mais de 15 milhões de brasileiros e que foi fruto de uma aliança entre governo, parlamento e movimentos sociais:

“Uma vitória em favor da justiça tributária e do combate à desigualdade no Brasil, em benefício de 15 milhões de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros”, afirmou Lula. “Essa é uma vitória compartilhada pelo Governo do Brasil, as deputadas e deputados e pelos movimentos sociais.”

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), acompanhou a votação do plenário da Câmara e articulou nos bastidores o apoio necessário para o resultado consagrador. Nas redes sociais, ela resumiu o espírito do Planalto:

“Hoje foi um dia histórico, que abre caminho em direção à justiça tributária, compromisso do presidente Lula com o Brasil. O projeto de Isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, aprovado na Câmara, é grande vitória do povo brasileiro.”

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Ministra Gleisi Hoffmann comemora aprovação unânime da isenção do IR. Foto: reprodução: TV Câmara

Gleisi agradeceu aos presidentes Hugo Motta (Republicanos-PB), Arthur Lira (PP-AL) e aos líderes partidários pelo esforço conjunto.

O governo avalia que a unanimidade na Câmara não é apenas vitória numérica, mas sobretudo ideológica. Lula tem dito em encontros com movimentos sociais que “não existe conquista sem luta” e que plebiscitos, passeatas e mobilizações devem ser retomados para pressionar pela taxação das grandes fortunas e pela ampliação de políticas sociais.

Ao mesmo tempo, a aprovação foi interpretada como demonstração de força do Palácio do Planalto. O Centrão, que vinha titubeando, busca reaproximação com Lula visando as eleições de 2026.

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A votação unânime também foi lida como mais uma pá de cal nas pretensões do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Apontado como principal player da Faria Lima, Tarcísio vinha tentando se firmar como contraponto ao lulismo, mas o resultado consagrador no plenário mostrou o isolamento de sua narrativa. Apesar de continuar sendo figura relevante entre os interesses do mercado financeiro, a derrota simbólica fragiliza sua projeção nacional e embaralha os planos para 2026.

Apesar do caráter simbólico, economistas lembram que a renúncia fiscal estimada em R$ 26 bilhões é uma mixaria diante do volume de recursos drenado para o pagamento da dívida pública: mais de R$ 2 trilhões em 2024 apenas em juros e amortizações. Essa comparação tem sido usada por parlamentares de esquerda e movimentos sociais para expor as prioridades do sistema financeiro e da velha mídia, que resistem a qualquer alívio para a classe trabalhadora.

Os credores da dívida pública, jamais auditada, são os oligarcas do sistema financeiro e da velha mídia corporativa, que possuem interesses e propriedades cruzados. Por isso, pressionam constantemente por mais recursos, em detrimento da sociedade e do país.

O texto segue para análise do Senado e, se aprovado até o fim do ano, passará a valer a partir de 2026. A medida garante isenção para quem ganha até R$ 5 mil e descontos graduais para rendimentos de até R$ 7,35 mil. A compensação virá de uma alíquota extra de até 10% sobre cerca de 140 mil contribuintes classificados como “super-ricos”.

A vitória unânime de Lula na Câmara é divisor de águas: mostrou que mobilização popular, articulação política e enfrentamento ao poder financeiro podem andar juntos. Para além da renúncia fiscal, o episódio projeta o presidente com força redobrada para 2026, fortalece Gleisi Hoffmann como líder de articulação e deixa claro que a disputa de narrativas sobre justiça tributária está apenas começando. Para Tarcísio, ficou a marca de uma derrota simbólica que pode ecoar até a sucessão presidencial.

Tarcísio de Freitas segue na corda bamba, apesar das feitiçarias da Faria Lima.
Tarcísio de Freitas segue na corda bamba, apesar das feitiçarias da Faria Lima.

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